Lula foi eleito com uma margem apertada de votos e numa votação em segundo turno. Desde que traiu seus princípios ao fazer alianças com forças conservadoras e agir como um grande pelego, o presidente Lula vem desidratando sua popularidade gradualmente.
A prometida reconstrução do Brasil não decolou e Lula está mais preocupado em aparecer para o mundo, querendo pacificar a Rússia e a Ucrânia, atribuições que já contam com a ONU para realizar. Lula também quer manobrar ou, ao menos, se promover às custas da multipolaridade, fenômeno da geopolítica em que a China se projeta como potência e os países emergentes buscam o protagonismo global.
No entanto, o Brasil está problemático. Por muito pouco, nossas escolas não viraram cenários de carnificinas. O povo pobre não viu sinal de progresso em suas vidas e há denúncias de trabalho escravo e até de problemas de higiene em produtos alimentícios, no caso a marca Fugini, que admitiu uso de corantes com validade vencida.
Embora são citações rotineiras, elas se dão num contexto diferente ao dos EUA, pois o Brasil tem uma tradição de descaso e opressão da parte de uma sociedade herdeira das antigas aristocracias escravocratas, além do país gozar de um obscurantismo religioso de moldes medievais, herdados do jesuitismo do período colonial.
A classe média brasileira segue os paradigmas do "milagre brasileiro" de forma que muitos de nós querem um país nos padrões da Era Geisel, mas sem os aspectos mais violentos. Um "milagre brasileiro" sem DOI-CODI nem AI-5, mas com Deus no coração, cerveja gelada no copo e bola no gol, ao som do que vier de brega de sucesso regional ou nacional.
E Lula simboliza isso, decepcionando no atual mandato, que dá a impressão de que o Lula de hoje está brincando de ser presidente, tratando o Brasil como se tudo tivesse melhorado da noite para o dia, bastando a simples troca se comando da nação.
Embora pesquisas de institutos são duvidosas, Lula sente o peso que a queda de popularidade lhe traz, quando, se crermos nos dados do Datafolha, sabemos que Lula atingiu 43% de aprovação no fim do primeiro mandato, 48% no fim do segundo e, agora, no começo do terceiro mandato, 38% com tendência de queda, pois o atual governo Lula age de forma improvisada, não tendo o fôlego dos mandatos anteriores.
Eu tenho que admitir que errei de cálculo quanto à queda de 2% do preço da carne. É pior do que se imagina. Eu calculei como se fosse 20%, imaginando um quilo de carne com preço inicial de 36 reais. Calculei a queda para 29 reais, mas isto é desconto de 20%. Sendo 2%, a queda é tão mixuruca que é quase nada, de 36 para 35 reais. Se a carne custa 70, a queda dá em 68. Se custa 100, dá 98.
É nada para o orçamento apertado do povo pobre. A coisa continua só dando para fazer churrasco de osso de cachorro morto, temperado com carvão e água de bica. Triste ter havido todo esse carnaval por uma queda tão minúscula, a ponto de uma criança interromper um discurso de Lula para anunciar a "queda do preço da picanha".
O que indigna é que Lula prometeu que "ficaria mais na rua do que no Palácio do Planalto", transformando seu governo num eterno palanque. E o pior é que, com as recomendações médicas para diminuir o ritmo das viagens, Lula preferiu diminuir as viagens dentro do Brasil e manter e até ampliar as do exterior. A próxima viagem, para a China, que seria de três dias, será de cinco, pois do período de 11 a 13 de abril se esticou de 10 para 14.
A classe média abastada, que sempre viveu bem mesmo durante as tormentas políticas de Michel Temer e Jair Bolsonaro, e só protestava nas redes sociais para fazer charminho e produzir lacração (e, por conseguinte, monetização), tanto faz Lula produzir apenas notícias ou fazer comentários em discursos em vez de realizar ações concretas em prol do povo pobre.
Para a "boa" sociedade, que já vive no faz de conta, tudo sempre esteve bem até quando as coisas iam mal. Para quem tem carro e pode ir a uma vida noturna mais opulenta, o inferno é só o forno de uma churrascaria que assa uma picanha suculenta 2% mais barata.
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