O "gado identitarista", supostamente de esquerda, que só conheceu a cultura popular através do Programa Sílvio Santos, resolveu esculhambar um vídeo do Régis Tadeu.
São internautas que pensam que a "cultura de massa" brega-popularesca é o folclore contemporâneo e futuro, e não sabem o discernimento entre o Brasil de 2020 e o Brasil de 1910.
De tanto lerem as choradeiras do "filho da Folha", Pedro Alexandre Sanches - cujo pseudo-esquerdismo faz muitos se esquecerem que ele era o aluno-modelo do tucano Otávio Frias Filho - , esse pessoalzinho dito "de esquerda" acha que pode julgar a cultura brasileira com seus umbigos.
O que enfureceu os bregamínions "sem preconceitos" mas muito preconceituosos é que Régis Tadeu falou uma coisa bastante realista: o péssimo gosto musical das pessoas era sinônimo de falta de educação.
O vídeo gerou então um surto de raivinha de uns bregamínions que querem ter mais razão que o Régis Tadeu, internautas frustrados por não ter a coleção de discos que ele tem.
A postagem em questão está na página dos Galãs Feios no Instagram.
Os internautas ressentidos só usaram argumentos cautelosos, se limitando a dizer que Régis Tadeu está esculhambando o samba e a Chiquinha Gonzaga, mas, vamos combinar, essa patota de críticos frustrados que se expressam nas páginas de respostas estão defendendo é a bregalização.
Essa patota confunde "cultura de massa" com folclore e acham que o "Lepo-Lepo" do Psirico e o "Rebolation" do Parangolé são o "folclore do futuro".
Há uma vontade desses "intelectuais" de Instagram, Facebook, WhatsApp e do antigo Orkut de dizer que o "funk" é o máximo, Odair José é revolucionário e Waldick Soriano o maior consolador de almas tristes nas comunidades populares.
Sem o menor discernimento, os internautas "cheios de razão" confundem Chiquinha Gonzaga e É O Tchan e, no seu julgamento de valor, acham que o samba foi uma criação de gente analfabeta.
Grande engano. Esquecem esses bregamínions que o samba veio de uma profunda educação social, que pode não ter sido livresca nem escolarizada, mas era muito intensa.
É só se lembrar das tribos africanas que, como nossos indígenas, tinham uma grande preocupação educacional, e isso veio como legado para os negros escravizados que, tendo essa herança na memória, foram trabalhar os ritmos e danças tribais para um novo contexto.
O samba se originou daí. Uma adaptação dos ritmos e danças tribais, de comunidades preocupadas com a educação, à maneira delas, para situações diferentes encontradas no Brasil.
Alguns internautas chegam a se limitar a esculhambar Régis Tadeu, chamando-o de "imbecil" e "idiota" marcado pela "hiperespecialização".
O internauta que disse isso é um ressentido, até de maneira compreensível, porque deve não ter grana nem paciência para passar o dia procurando por bons discos e se contenta ouvindo rádios tipo FM O Dia e comprando discos de "funk", tecnobrega ou, quando muito, os CDs do Emicida.
Aliás, os internautas que ficam passando pano na música brega-popularesca só citam o samba e o hip hop por medo de serem cancelados nas redes sociais.
Mas a vontade deles é exaltar É O Tchan, Valesca Popozuda, Waldick Soriano, Odair José, Wando, Psirico, os ídolos do tecnobrega e da pisadinha (derivado do forró-brega) e por aí vai.
Isso quando não apelam para "admitir o valor musical" de bolsonaristas como Zezé di Camargo & Luciano, Gusttavo Lima, Bruno & Marrone e César Menotti & Mariano, ou de tucanos como Chitãozinho & Xororó e as "Evidências" compostas pelo também bolsonarista José Augusto.
Esses internautas são pessoas frustradas, sem discernimento algum, devem achar que Marcio Victor e Jackson do Pandeiro são a mesma coisa. Isso é o mesmo que comparar os livros para colorir ao grande Machado de Assis.
São comentários ressentidos, de gente que se acha com a razão porque ouve o "som do momento". Ficam teorizando demais, com base nas inverdades da intelligentzia pró-brega, e quando vê um especialista em música dizendo coisas que lhes desagradam, reagem com fúria.
É triste ver que esses internautas pró-brega tentem parecer "esquerdistas", porque eles no fundo agem de maneira não muito diferente dos bolsomínions.
Posso não concordar com tudo de Régis Tadeu, mas neste vídeo ele tem razão, sim, em dizer que, nos últimos anos, o gosto musical dos jovens piorou por conta do péssimo quadro educacional, seja ele escolar, familiar etc.
E os próprios internautas "cheios de razão" que mandaram mensagens no perfil dos Galãs Feios são muito superficiais em informação e culturalmente precários. Querem ser mais "hiperespecializados" do que o Régis Tadeu, sem conhecer a fundo as coisas.
Eles nem ouviram Chiquinha Gonzaga, devem ter conhecido ela através da interpretação que a ativista direitista Regina Duarte - um vexame como secretária de Cultura - fez na minissérie da Rede Globo.
Que moral eles têm para falar de samba, de música dos anos 1960 e 1970? Eles nem devem saber o que Paulo Freire fez na Educação, e ainda falam que samba é criação de "analfabetos". Vão estudar História, "esquerdistas" de Caldeirão do Huck!
Os ouvidos sujos dessa patota pró-brega nem conseguem diferir grupos maravilhosos de samba, como Originais do Samba e Fundo de Quintal, e mediocridades risíveis como Só Pra Contrariar, Raça Negra e Grupo Molejo.
Se o pessoal confunde o rebolado das dançarinas do É O Tchan com o rebolado de Elvis Presley, e acham que o "funk" é tão importante quanto o blues e o rock por causa do sexo em suas letras, então o nosso Brasil não tem futuro.
Com internautas desses que se acham os maiorais porque ouvem o "som do momento", certamente o retardamento mental continuará se agravando completamente, e não é a raivinha deles que irá resolver o problema. Só piora as coisas.
Esses internautas sofrem de uma síndrome chamada de Dunning-Kruger, que é a mania do ignorante se achar mais sábio do que aquele que realmente possui sabedoria das coisas.
O pior burro e aquele que, se julgando sábio, esculhamba o especialista, por este reprovar os valores burros de que o burro acredita.
São comentários constrangedores, de gente que deve achar que Chiquinha Gonzaga rebolava como a Valesca Popozuda, remexendo seus glúteos na cara da plateia.
De tantos juízos de valor raivosos, de tanto mimimi da patota pró-brega, fico com Régis Tadeu, que pode não ser o suprassumo do progressismo, mas possui coerência e conhecimento de causa em muito do que ele transmite em seus vídeos.
Recado para esses ressentidos: estudem mais, leiam mais livros e procurem discos mais conceituais de música brasileira antes de escreverem comentários pedantes e raivosos por aí.
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