Setores das esquerdas, lamentavelmente, imaginam que a Teologia do Sofrimento é "irmã" da Teologia da Libertação.
Iludidas com as palavras dóceis dessa corrente da Igreja Católica, mas acolhida explicitamente, embora não de forma declarada, pelo Espiritismo brasileiro, as esquerdas pensam que se trata simplesmente de, na agonia, a pessoa ficar em silêncio, ficar em prece e esperar o socorro divino.
Sim, amigos! O esquerdismo, que havia sido ateu, agora fala em sofrer calado e esperar o socorro de Deus!
Mas, também, temos os "ateus graças a Deus", que estranhamente, sentem uma admiração profunda a um "médium espírita" pioneiro em literatura fake, apoiador da ditadura militar e ainda visto como "símbolo de paz e fraternidade" por muita gente.
Muito surreal. Deve ser por causa daquela estória do "médium" dizer, aos que não acreditam em Deus, que Deus acredita neles.
Que tolice haver supostos ateus que vão dormir felizes porque foram informados pelo seu estranho ídolo religioso que Deus acredita neles.
Tolices à parte, a Teologia do Sofrimento, defendida por esse mesmo "médium" - nas ideias dele, "é preciso suportar o sofrimento sem queixumes, visando obter as bênçãos futuras" - , nada tem dessa utopia progressista que, tolamente, até as esquerdas insistem em acreditar.
A reacionária Madre Teresa de Calcutá, à qual setores das esquerdas insistem em ficar passando pano, também defendia a Teologia do Sofrimento. Daí os maus tratos a quem ela supostamente cuidava nos alojamentos de suas instituições assistenciais.
Ela nada tem a ver com a Teologia da Libertação. A Teologia do Sofrimento tem muito mais a ver como um cruel contraponto para a Teologia da Prosperidade.
Isso porque a Teologia da Prosperidade é voltada para as elites, que, pagando dízimos para as igrejas, comparão assim a proteção divina e o caminho para o enriquecimento.
São as duas faces da mesma moeda meritocrática. A Teologia da Prosperidade dá riqueza e saúde aos que se atribui mérito divino. A Teologia do Sofrimento faz com que as pessoas que não conseguem isso tenham que aguentar suas desgraças, também tidas como decisão divina.
A ideia, na Teologia do Sofrimento, se baseia na falácia do "dia de desgraça é véspera de bênçãos".
É a doutrina do "quanto pior, melhor", uma espécie de "holocausto do bem", um "AI-5 com açúcar".
Na Teologia do Sofrimento, quanto mais perdas você tiver na vida, sobretudo as mais chocantes e prejudiciais, mais abençoado a pessoa será por Deus.
Na prática, porém, é uma loteria do mal. Você tem que suportar as piores desgraças e perdas na vida, as piores, as mais traumatizantes, se sair dessa com alguma calma terá, supostamente, ganhos futuros em sua vida, mesmo que sejam aquém daquilo que foi perdido.
A Teologia do Sofrimento não é aquela fantasia que o esquerdista abastado imagina ser.
Não é coisa de briguinha de vizinho na qual um deles se cala e os dois entram em acordo.
A coisa é pior do que se pensa. As esquerdas, cegamente obsessivas em tratar os neopentecostais como "vidraça", esquece daquela máxima: "enquanto pessoas chutam cachorro morto, o lobo invade o rebanho".
O Espiritismo brasileiro, que divulga a Teologia do Sofrimento mais do que os católicos, está se comportando pior do que os "neopenteques", prometendo surpresas piores por aí.
E a Teologia do Sofrimento tem origem na Idade Média, portanto longe de representar, mesmo diante de uma interpretação relativista, qualquer esboço de uma doutrina progressista.
Vejamos o que poderia ter sido a Teologia do Sofrimento no período da ditadura militar.
Um cidadão acusado de subversão política é detido em casa, no momento em que tomava o café da manhã e ouviu o barulho da campainha. Ao atender é violetamente detido por policiais militares.
Levado para o DOI-CODI, ele é interrogado violentamente pelo delegado de plantão. Em seguida, é levado a uma cela suja e velha, onde é preso.
Horas depois, com o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra verificando seus "meninos" e "meninas" (os presos políticos), o preso é levado para ser torturado. Ele é forçado a denunciar até mesmo quem não existe para se livrar da cadeia.
O sujeito não conhece quem se envolveu em atividades subversivas e nem ele se envolveu com elas, mas talvez uma boataria tivesse levado a polícia a detê-lo.
E aí o sujeito é torturado. Digamos, pendurado num pau-de-arara, para levar surras violentas e com o coronel Ustra fazendo comentários violentamente jocosos e gritos furiosos.
O sujeito, de acordo com a Teologia do Sofrimento, a mesma que as esquerdas acreditam ser "oásis de libertação humana num deserto infernal neopenteque", teria que ficar calado para obter a liberdade e a graça divina. Em vão.
O sujeito não responde às perguntas, fica sério e calmo. Os repressores, revoltados, levam ele para uma sala escura, lhe espancam até a morte e, depois disso, o corpo é levado, de madrugada, por uma viatura policial para ser enterrado num terreno baldio.
Adiantou a tal Teologia do Sofrimento que nossas esquerdas, que endeusam "médiuns" reaças e "madres" megeras, acham ser um caminho para a salvação?
Talvez seja a hora de não exagerarmos demais no combate aos "neopenteques", na medida em que eles se aproximam de serem cachorros mortos do obscurantismo religioso, antes que os coiotes do "kardecismo" medieval invadam o rebanho e devorem as ovelhas.
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