O que é "liberdade"? O direito de ser algo pior, de seguir modismos feito boi junto do gado, de falar a língua do poder midiático achando que ela veio com o ar que respiramos?
Não. Mas, infelizmente, a grande maioria dos brasileiros o entretenimento é um terreno puro, uma espécie de resgate do paraíso perdido, onde todos são livres e não existe imposição alguma.
Grande engano.
É no culturalismo conservador, aplicado ao entretenimento de "pessoas alegres e livres" onde se manipula mais corações e mentes.
Não há como as pessoas botarem a sujeira debaixo do tapete e entenderem "culturalismo conservador" apenas a pedagogia familiar e o maniqueísmo "Estado vilão X Mercado heroico".
Dito isso, fico refletindo a respeito das elites "identitaristas" que acreditam que fervilha, no Brasil, uma espécie de "Contracultura de resultados".
E aí vemos, por exemplo, uma "pérola" de Nina Lemos utilizando de uma gíria socialmente postiça, "balada" (©Jovem Pan), no título de sua matéria "2020 e tentam desqualificar a mulher por ser baladeira".
Sim, uma gíria, "balada", originária de jovens riquinhos de São Paulo, que nas mãos de Tutinha e Luciano Huck virou "gíria para todas as tribos e todos os tempos".
Ou seja, "baladeiro" não é aquele que cantarola uma música lenta, mas, conforme a "novilíngua" brasileira, aquele que se prende aos agitos noturnos.
E aí vemos toda essa mania de hedonismo como "a mais pura liberdade humana", que faz com que setores do movimento feminista, mesmo dentro das esquerdas médias, aceite até o golpe do baú como artifício para o empoderamento feminino.
O que é liberdade? É deixar os instintos fluírem, sem que a consciência possa dar um freio?
O que é perder o preconceito? É deixar rolar defeitos e debilidades humanas?
E o que é felicidade? É esculhambar e desabafar por si só?
As mulheres se tatuam para se empoderar ou porque precisam mostrar seu "rabisco corporal" para a sociedade?
As pessoas solteiras ouvem música popularesca por desabafo, em busca de explorar o lado patético, medíocre e mórbido da vida?
E o que por trás disso não pode haver os interesses de mercado, de executivos de mídia, de empresários do entretenimento, que transformam a liberdade humana em mercadoria?
O "eu" que tatua o corpo, ouve músicas cafonas e que só quer saber de noitada não concebeu sua "liberdade" sob influência do que a mídia venal lhe transmite?
Ou será que tudo veio do nada, da consciência, como moléculas formadas de partículas presentes no ar que respiramos?
Não. Há uma elite de executivos de mídia, psicólogos e publicitários que, desde os anos 1990, moldou o padrão desse "comportamento livre".
Bolsonaristas, direitistas comportados e esquerdistas festivos seguem esse mesmo padrão, como se fossem o suprassumo da modernidade e da coloquialidade cotidiana.
E o pior é quando as esquerdas médias apelam para o "portinglês", falando coisas do tipo "Ela está no seu flat com seu boy curtindo uma vibe brincando com o pet ou jogando um game". Que moral têm essas esquerdas diante de costume tão colonizado?
E para que tantos internautas dizerem que odeiam Luciano Huck, se seguem os paradigmas culturais propagados por ele?
Já vi carinha falando mal do Fausto Silva e falando a gíria "galera" tanto quanto ele.
O que é isso? O pessoal não sabe que o maior discípulo não é aquele que bajula e elogia o mestre, mas aquele que, mesmo o odiando, segue fielmente seus desígnios.
E o pessoal falando a gíria "balada" e falando mal da Jovem Pan?
Daí que as pessoas com essa suposta "liberdade" comportamental na verdade não têm a menor consciência de si mesmas.
Querem apenas parecer "legais". Mesmo o culturalista pró-brega que, com QI tucano, fica o tempo todo bajulando esquerdistas e forçando um vínculo ideológico com eles.
As pessoas têm medo de si mesmas. Têm medo de olhar no espelho. Por isso usam o Instagram como "espelho", para que outros vejam aquilo que os próprios exibidores têm vergonha de se ver.
Autocrítica só serve como pretexto de confessar a dívida para receber a moratória, dentro daquela mania dos "quenuncas", que passam pano nos próprios erros.
Não confio quando mulheres que somente se "sensualizam demais" e não falam de outra coisa senão de sexo sejam empoderadas e feministas. Elas seguem princípios de hipersexualização e objetificação do corpo feminino, próprias do machismo que elas dizem combater.
E as tatuagens? A pessoa tatua para si mesma, rabisca seu corpo apenas para se sentir bem? Não. Há uma intenção de exibir-se aos outros, de obter promoção pessoal.
Além disso, ninguém fala, mas corpos siliconados, anabolizados e tatuados também são o lado obscuro da ditadura da beleza, do rigor estético invertido, mais próprio do trash, porém não menos rigoroso e nem menos impositivo.
Fala-se que revistas como Cláudia, Marie Claire etc pregam a ditadura da beleza, da boa forma etc. Esquecem que a mídia popularesca é a que mais faz "ditadura da beleza" que atinge os meios do "funk", do "pagode romântico", do "sertanejo" e outros ritmos "populares demais".
Fala-se que gostar de música popularesca é "ser livre", mas que imposição não pode estar por trás, vinda de executivos da emissora de rádio que a pessoa "livre" ouve, e que é controlada por poderosas e, às vezes, sanguinárias oligarquias regionais?
Fala-se que rigor estético só "existe" na Bossa Nova, na tal "MPBzona", mas que rigor estético não se vê no "funk", senão o veto dos DJs aos instrumentos musicais, a norma de que um MC não pode tocar um violão nem compor melodias?
Há muitos impasses nesse imaginário identitarista dessas pessoas que acham tudo "livre". Só que elas não percebem o quanto pessoas ricas e poderosas decidem por essa "liberdade. O culturalismo conservador é mais embaixo.
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