Se nossa classe jurídica e parlamentar fosse séria, já teria aberto processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.
O escândalo da Covaxin, a vacina chinesa cuja aquisição foi superfaturada pelo governo, é o ápice de toda uma trajetória de corrupção, baixarias e de um criminoso desprezo à vida do presidente que ignorou as determinações da Organização Mundial de Saúde para adotar medidas de prevenção da Covid-19.
Bolsonaro já carrega pelas costas mais de 505 mil mortos pela Covid, e isso é mais do que suficiente para que um processo de impeachment fosse aberto imediatamente.
A Covaxin é uma vacina indiana, produzida pela empresa indiana Bharat Biotech Internacional Limited, e está entre várias produzidas por diferentes países, e sua aquisição envolveu um esquema de corrupção montado pelo líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros.
O deputado queria a aprovação de uma emenda para flexibilizar a medida provisória sobre compra de vacinas, para facilitar os contratos com a Covaxin.
Os contratos foram firmados em 25 de fevereiro passado, prevendo a distribuição de 20 milhões de doses. Uma outra dose, 50 milhões, foi solicitada no dia 20 de março, cerca de um mês depois.
Segundo depoimento, na CPI da Covid, do ex-servidor do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda - irmão do deputado Luís Carlos Miranda, também depoente - , houve, dentro do órgão, um esquema de pagamento "por fora" para importação de lotes perto da data de vencimento.
Os irmãos Miranda pediram para Jair Bolsonaro abrir investigação sobre esse suposto esquema, mas o presidente, embora tenha prometido agir, não fez uma única iniciativa.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) não aprovou a aquisição da vacina, pela falta de documentos que atestassem a eficácia e a qualidade do remédio, assim como outras questões sanitárias relacionadas, como risco de reação do organismo etc.
O contrato do governo com a Covaxin foi cancelado ontem, e Jair Bolsonaro enfrenta o seu mais profundo desgaste.
É certo que seria necessária a pressão das ruas, porque, aparentemente, nem esse escândalo impulsiona os poderes Legislativo e Judiciário a tirar Jair Bolsonaro do poder.
Não serão, claro, os memes das redes sociais que irão derrubar Bolsonaro, porque eles mal conseguem dar cócegas no presidente.
Felizmente, um grande ato está marcado para o próximo dia 03 de julho, reunindo centrais sindicais e quem quiser que participe dos protestos contra o "presidente genocida".
É necessária uma pressão popular vivencial, com protestos nas ruas, para forçar juristas e parlamentares a abrirem processo para tirar Jair Bolsonaro do governo. Ou então ele continuará deixando que a Covid-19 continue exterminando a população brasileira.
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