MANIFESTANTES PRÓ-BOLSONARO NA AVENIDA PAULISTA.
A anulação do inquérito sobre o sítio de Atibaia, uma das acusações infundadas contra Lula, foi um fato positivo. Mas ele não pode ser superestimado.
Afinal, é como um atleta que, declarado inocente no exame anti-doping, não pode ser considerado em si um vencedor.
Existe uma grande diferença entre ser inocentado das acusações de doping e ganhar medalha de ouro.
Lula apenas teve uma acusação negada, entre tantas outras, e as esquerdas festivas acham que isso já é um caminho garantido para o petista reassumir a Presidência da República.
Outro fato positivo é a mudança de atitude do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Temos que admitir, apesar dele ter entrado de maneira ilícita, através do compadrio com Michel Temer, Moraes passou a atuar de maneira técnica, como uma espécie de Alexandre Frota do Judiciário.
Às vezes mudanças acontecem e existem exceções de pessoas que realmente mudam, e nós, que tínhamos medo de ver Alexandre de Moraes no STF, ficamos aliviados ao saber que ele mudou. Não se tornou progressista, mas sua atuação equilibrada no zelo pela lei é uma boa notícia.
Apesar disso, as esquerdas não podem cantar vitória como andam fazendo nas redes sociais. Ainda estamos longe de outubro de 2022, temos uns catorze meses pela frente e muita coisa pode acontecer.
E já está acontecendo.
No Mato Grosso do Sul, as Forças Armadas estão realizando treinamento sob o apoio logístico do Pentágono, o poder militar dos EUA.
Aparentemente, pode ser para uma possível guerra contra a Venezuela, mas pode ser também para um provável golpe aqui no Brasil.
Há também uma convocação, entre os bolsonaristas, para que quem for se manifestar nas ruas, durante o Sete de Setembro, que compareça armado, de preferência com algum revólver.
Isso em si é coisa de arrepiar e fazer quem é tão careca quanto Alexandre de Moraes arrancar os cabelos que não tem.
Mas aí o governador de São Paulo, João Dória Jr., um dos terceiro-viáveis cogitados para 2022, decidiu que a manifestação do Sete de Setembro na Avenida Paulista será somente dos bolsonaristas.
Dória argumentou que os bolsonaristas pediram primeiro, e por isso ganharam a "posse" da avenida daqui da capital paulista, evitando que outras correntes que se manifestassem brigassem com os bolsomínions, havendo risco de massacre sangrento.
As esquerdas protestaram, acharam que Dória virou "bolsomínion", apesar dele ter demitido o coronel da Polícia Militar, Aleksander Lacerda, chefe do Comando de Policiamento do Interior-7 (CPI-7).
Ele provocou Dória, cometeu indisciplina ao convocar outros PMs para participar da manifestação bolsonarista, e disse coisas como "liberdade não se ganha, se toma", "precisamos de um tanque, não de um carrinho de sorvete".
Temos que admitir que Dória está com a razão e as esquerdas é que estão botando tudo a perder. E olha que eu me considero de esquerda, progressista, não estou inventando onda.
É porque as esquerdas tinham todo o tempo para se manifestarem nas ruas, podiam ter feito protestos mais constantes e menos espetacularizados, mas preferiram grandes hiatos para ficar em casa curtindo a memecracia.
As esquerdas se comportam como o coelho da fábula, que, por achar que estava ganhando, decidiu descansar antes de alcançar a linha de chegada.
Ficaram achando que protestos de rua constantes iriam "desgastar", "cansar" e "banalizar" a imagem das forças progressistas, e preferiram o "mico" que começou após o 19 de julho, quando celebraram o sucesso mas marcaram a manifestação seguinte para o 24 de julho.
Pela vontade das esquerdas, o 26 de junho, por exemplo, quando se celebraram os 53 anos da Passeata dos Cem Mil, grande protesto contra a ditadura militar em 1968, seria dia de todo mundo ficar em casa.
E aí vemos as esquerdas ensimesmadas em sua "bolha". Intensa produção de memes e esquerdistas "tricotando" entre si, se achando vitoriosos porque uns concordam com os outros e o "mundinho" deles reina a paz anti-bolsonarista.
Fica fácil dentro da "caixinha" digital as pessoas acharem que o jogo está ganho, porque todo mundo que está dentro está de acordo com tudo.
E lá fora?
Tenho que admitir que, quando ando pelas ruas, o número de antipetistas é muitíssimo grande. E vi isso em Niterói, São Gonçalo, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
Gente que se sente horrorizada com Lula sendo inocentado de cerca de 17 acusações e é considerado favorito para a vitória eleitoral de 2022.
E eu fico preocupado com o número muito grande dos chamados "pobres de direita", o proletariado que agora se manifesta antipetista e sente horror a Lula.
Eles alegam que "foram abandonados por Lula" e, por isso, não veem a hora de surgir um candidato de terceira via que "não seja de esquerda nem de direita" para "arrumar o Brasil".
Vamos combinar que as esquerdas foram contaminadas pelo monopólio do identitarismo festivo.
As esquerdas foram sequestradas pela classe média, personificando a chamada "classe média de Oslo" na definião de Jessé Souza.
É uma parcela da sociedade que acha que "está tudo bem", e por isso refere o Carnaval identitário do que a retomada das conquistas trabalhistas.
Foram elas que despejaram os "brinquedos culturais" da centro-direita, com seus "médiuns de peruca", funqueiros, mulheres-frutas etc, achando que o Brasil é uma novela das nove da vida real.
Veem as favelas de longe e pensam que se trata do mesmo núcleo pobre e cômico que as novelas das 21 horas da Rede Globo mostram, de maneira bastante tendenciosa, para anestesiar os pobres da vida real, longe da conduta festiva-cômica que faz a intelectualidade "bacana" pirar.
Por isso, achando que tudo é festa, as esquerdas festivas veem as manifestações de rua não como protestos de verdade, mas como micaretas ou convescotes.
Se acham no direito de ir para as ruas só "quando têm disposição", pouco se preocupando em pressionar contra Bolsonaro.
No fundo, essas esquerdas querem manter Bolsonaro, na vã ilusão de que a bala de prata será na campanha presidencial de 2022.
Tão alucinadas, as esquerdas imaginam um primeiro turno com caraterísticas de segundo turno, como se só existisse Jair Bolsonaro e Lula.
Esquecem que o primeiro turno apresenta um monte de candidatos e, além disso, Jair Bolsonaro tende a faltar aos debates. Provavelmente, será Lula debatendo com Ciro Gomes, João Dória Jr., João Amoedo e o que vier de "moderado" para a corrida eleitoral.
As esquerdas, pensando assim, e indiferentes ao risco de Lula fazer um governo de "terceira via" ao se aliar cegamente a setores da direita moderada, o que irá influir na "pasteurização" do seu governo, estão botando tudo a perder.
Acham que protesto de rua é festa, é folia, não imaginam o poder que uma grande manifestação de rua poderia causar para derrubar um presidente.
O grande risco é de Bolsonaro ganhar de virada na campanha de 2022 e esse risco não é pequeno. Como também não é pequeno o risco de golpe, de extinção do Judiciário e do Legislativo, de cancelamento das eleições do próximo ano.
Pensando em brincadeira, as esquerdas que acham que estão ganhando tudo e supervalorizam relativas vitórias institucionais e judiciais de Lula é que podem perder feio no próximo ano.
E a decisão de João Dória Jr. foi um grande puxão de orelha para as esquerdas que não queriam manifestações constantes de rua.
Dória apenas deu vez a quem faz. E temos que reconhecer que Bolsonaro não é de ficar esperando 30 ou 45 dias entre uma manifestação e outra. E ele aproveita o tempo como ninguém, alimentando sua visibilidade das mais diversas maneiras.
As esquerdas é que, primeiro, se recusaram a ir mais vezes para as ruas, e veem a Avenida Paulista, uma das maiores vitrines sócio-culturais do Brasil, ser barrada para elas.
Paciência. Quem mandou se acomodar com a memecracia e com as tricotadas virtuais das personalidades de esquerda na Internet?
As esquerdas queriam ser jacarés, avestruzes e leites condensados nas redes sociais, mas acabam se comportando como o coelho da fábula, que descansou antes de terminar a corrida, achando que ganhou, mas perdeu.
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