Confesso que, na véspera do desfile militar promovido por Jair Bolsonaro, eu tive a impressão de que um grande golpe iria ocorrer, talvez com algum conflito.
Imaginava que coisas horríveis iriam acontecer. Atentado contra Lula, sequestros de esquerdistas, fechamento do Congresso Nacional e fim do Judiciário, ou então uma reação da parte legalista das Forças Armadas que abriria guerra contra as forças de Bolsonaro.
Fiquei preparado para o clima de tragédia que seria o 10 de agosto de 2021.
Até ocorrer o desfile, já no referido dia, eu estava apreensivo, embora procurasse manter a calma.
No entanto, a aparente surpresa é que o que poderia render um drama de ação da vida real não foi mais do que uma palhaçada.
Bolsonaro queria realizar esse desfile sem motivo cívico algum, apenas para intimidar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, que aliás estava discutindo a questão do voto impresso, a causa do momento do presidente da República.
Só que Bolsonaro se esqueceu que os tanques utilizados para a improvisada pompa eram velhos e sem manutenção. Um dos tanques chegou a expelir fumaça, de tão descuidado.
Temos que admitir que isso causou gargalhadas na Internet. Pelo menos a memecracia teve seus momentos (ou melhor, mementos) de diversão, que até fazem sentido.
Teve piada com o tanque esfumaçante que dizia: "vem aí o carro da pamonha".
O desfile foi um fiasco e o voto impresso foi derrotado no Congresso Nacional.
É claro que isso não representa fim de linha para Jair Bolsonaro. A memecracia pode rir muito das gafes do presidente, mas não tem o poder de derrubá-lo.
Não se sabe até que ponto o desfile foi considerado uma cerimônia patética. Mas parlamentares e juristas não gostaram do desfile, que foi um fiasco.
Eu achava que o desfile seria um truque para Bolsonaro cercar a Praça dos Três Poderes e fechar o STF.
Mas nada ocorreu e ontem o Brasil continuou na sua rotina de sempre.
Em todo caso, Bolsonaro produziu notícia, criou escândalo e até virou alvo de chacota. Mas obteve a visibilidade necessária para, quem sabe, realizar um outro plano para aumentar seu poder.
Já as esquerdas já estão há muito fraquejadas, e o 24 de Julho já ficou para trás, como um fracasso que as esquerdas se recusam a admitir.
A grande lição do desfile militar de 10 de agosto é que o Brasil está tomado de um clima de grande confusão. Não foi desta vez, mas a democracia no nosso país corre risco, se as intituições não agirem para tirar Bolsonaro do poder.
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