CAUBÓI FAKE - A ESSÊNCIA DO "SERTANEJO" FEITO NO BRASIL.
Não sou de "tomar no cool", aceitando apoiar qualquer mediocridade para parecer legal e seguir, na Espiral do Silêncio, o "gado feliz" em busca do que é "estabelecido" ou "da hora".
Assim como sou de juntar peças de quebra-cabeça - seria a missão de todo jornalista, não é mesmo? - , também sou de recusar a embarcar em Titanics.
Pode ter gente bonita, pode ter muito astral, muita paz, fraternidade, dinheiro, luxo, prazer, sexo, espiritualidade, misticismo, jogos, comes, bebes, tudo a rodízio e até de graça.
Estou fora. São meus princípios. Dignidade acima de qualquer outra vantagem fácil.
E é isso que faz deste blogue um sítio difícil, mesmo nos parâmetros da blogosfera de esquerda.
Aqui não tem essa de passar pano, de pegar carona nessa cauda de cometa, pela Via Láctea, estrada tão bonita, como, no âmbito das esquerdas festivas, também não existe o negócio de ser fácil, extremamente fácil, para você e eu e todo mundo cantar junto.
Linhaça Atômica toca na ferida até na esquerda, porque eu exerço o conhecimento crítico e não aceito essa vitória fácil de Lula, porque o contexto não é favorável a isso.
Mas vemos a classe média decadente, mofada, apodrecida, velha e presa a fantasias de 45 anos atrás, o que reflete na decadência cultural que ocorre a olhos vistos, mas muita gente faz vista grossa e se recusa a admitir.
Na música brasileira, vemos a situação constrangedora de ver um compositor do nível de Ivan Lins passando pano nas canastrices musicais de Ivete Sangalo e Alexandre Pires.
Com o falecimento de Marília Mendonça, a questão piorou de vez, depois que ela foi tratada de "genial" para cima por tantas abordagens exageradas sobre sua trajetória musical.
Até Gal Costa se esqueceu de que o dueto com a finada cantora foi uma relação de negócios para a cantora baiana poder se apresentar em mercados inflexíveis dominados pelo breganejo.
De repente, emepebistas passaram a "gostar" de "sertanejo universitário", muita gente boa se flanelizou, passou a passar pano em tudo.
Claro, é uma combinação da idealização do "mundo da fantasia" breganejo, com tantos jovens bonitos no Villa Mix, dançando, bebendo e paquerando.
E tem também o desejo do emepebista de se apresentar em Cuiabá, Campo Grande, Goiânia e Palmas, coisa impossível sem que haja uma negociação com o mercado breganejo.
Que a música popularesca se tornou totalitária, ocupando todos os espaços imagináveis e inimagináveis, isso já é coisa de se preocupar.
Mas ver a nata da MPB se rendendo a esse império mercantilista dos cantores brega-popularescos, é de causar pânico.
Infelizmente, é essa MPB de classe média, mainstream, que reflete essa onda de complacência generalizada, que coloca pessoas formadoras de opinião e de consenso em situação vexaminosa, quando se deveria haver um mínimo de senso crítico, um grau mínimo de desconfiômetro.
Ver a nossa cultura sofrendo esse deslizamento de terra ideológico, soterrando nosso patrimônio musical em prol de tendências comerciais e medíocres que enriquecem empresários do entretenimento e barões midiáticos, é de chorar.
Pelo menos eu não vou aderir a isso. Não embarco em Titanics, por mais que haja muita gente gritando para eu embarcar nele.
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