Os oportunistas já estão comprando suas perucas e óculos Ray-Ban para se fantasiar de filantropos, seguindo o exemplo de um vigarista mineiro.
Todo esse "espiritualismo lata-velha", do Renova Brasil, do Big Tech, criando pontes entre o Triângulo Mineiro e o Vale do Silício, prenunciam um novo imaginário que nem as esquerdas nem intelectuais mais esforçados conseguem identificar.
Todos estão presos a velhas fantasias, velhos clichês. Andam vendo muito novela das nove da Rede Globo, e mesmo o intelectual mais empenhado vê tal novela ao lado de sua mãezinha velha e doente.
Daí não haver, infelizmente, espaços para ceticismos. Mas deveria haver.
O novo imaginário ultraliberal, do chamado Grande Reset, não permite estereótipos.
Chega de pastores chutando imagens de santas, deputados caricatos andando acelerado nos aeroportos, olhando para os lados, escondendo dinheiro nas partes íntimas.
O Grande Reset Mundial pretende trazer um imaginário que mesmo as forças progressistas brasileiras veem como positivo, com "caridosos de fachada", "médiuns fadas-madrinhas", "identitários quixotescos" etc.
Mas tudo isso é negativo e altamente perigoso.
O grande combo que o "McLanche Feliz" do novo imaginário social, econômico, tecnológico e humanitário do Grande Reset prepara parece delicioso para muita gente. Mas vai trazer sérios problemas após a sorridente digestão.
Globalização, Identitarismo de Resultados, Filantropia de Fachada, Religiosidade, Redes Sociais, tudo isso tende a mostrar que mesmo os ventos conservadores de 2016 serão coisa do passado.
Afinal, no lugar do mau humor de 2016, pessoas sorridentes de mãos dadas cantando "Age of Aquarius", na diversidade de plástico há 30 anos prenunciada pelos comerciais tendenciosos da Benetton.
Muitos imaginam que a alegria é invenção do Socialismo e a bondade, invenção de Jesus Cristo, e caem no discurso dócil desse novo imaginário.
A maioria das pessoas vai para a cama sonhar o sonho dos anjos por conta dessas ilusões, achando que um mundo mais sorridente será, necessariamente, mais justo.
Por outro lado, se enganam acreditando que distopias são ficções sul-coreanas e eslavas, e o mau-humor político-religioso é patrimônio privativo de pequenos redutos elitistas que, de tão manjados, já se tornam, também, caricatos.
Para as esquerdas brasileiras que confundem Teologia do Sofrimento (que, na verdade, é um "holocausto do bem") com Teologia da Libertação, a realidade fica pairando entre seriados de canais de streaming e as novelas da nove da Rede Globo.
Daí que ninguém aceita conhecer o lado sombrio do novo imaginário.
E como se dá esse novo imaginário?
Primeiro, uma suposta ruptura de fronteiras sociais e geopolíticas, um suposto assistencialismo socioeconômico e religioso, um misticismo espiritualista, um identitarismo hedonista e uma repaginação dos ideais de "livre iniciativa", agora dotados de pretenso humanismo.
Pouco importa se Luciano Huck é denunciado pela farsa do seu quadro Lata Velha. O "médium de peruca" e seu "Espiritismo Lata-Velha" que realizou em Uberaba era tão falso em termos de filantropia, mas seus seguidores batem o pé e definem essa farsa como "caridade indiscutivelmente verdadeira".
Doação de umas cestinhas básicas, partindo não do "médium", mas dos seus seguidores? Cartinhas "mediúnicas" pretensamente consoladoras? "Médium" assinando documentos de doação de casarões e sobrados feitas pelas elites para pretensas instituições de caridade?
Tudo é tão falso quanto a "caridade de lata velha". Meros artifícios para promoção pessoal de pretensos caridosos, trazendo não só capital social que garante a impunidade, mas também o superfaturamento financeiro por trás, uma roubalheira aceita e estimulada porque é feita "em nome dos pobres".
Com isso, muita gente obtém enriquecimento abusivo por baixo dos panos, mas já ensaiou o suficiente o teatro da choradeira para jurar que "só fazem pelos necessitados".
Enquanto isso, empresas poderosas lavam dinheiro com essa "caridade", há o culto à personalidade de pretensos filantropos, com frases publicadas nas redes sociais, convertidas no paraíso da positividade tóxica das religiões "espiritualizadas".
Redes sociais que tratam os usuários como meras mercadorias tentam consolá-los com a permissividade de transformar esses espaços digitais em "igrejas" e disparar mensagens religiosas a torto e a direito até para quem não é religioso.
E pouco importa se essa toxicidade astral causa problemas de saúde, como houve certa vez comigo. O bombardeio de mensagens religiosas já me fez ter crises de dor física, mal-estar mental e até vômito.
E são justamente as mensagens de "motivação", mesmo as que são enfeitadas com desenhos bonitos e paisagens agradáveis, as mais nocivas. A positividade tóxica dessas mensagens religiosas segue a beleza suave dos animais venenosos e o sabor doce das frutas mortíferas.
E isso é um artifício, no qual se dará um "banho de espiritualidade" como cortina de fumaça para distrair a sociedade, enquanto uma pequenina parcela de mega-empresários da tecnologia, apoiados pelo sustentáculo político do Big State, se enriquecem exorbitantemente.
Nem precisa-se lutar por justiça social, com a "filantropia de resultados" e o culto à personalidade de "médiuns", "madres", 'reverendos" e 'sacerdotes" que fazem pseudo-caridade e despejam frases do mais hipócrita teor de suposta sabedoria.
Falam que "sofrer é tão bonito", não são eles que são exterminados por policiais truculentos em comunidades como o Salgueiro, em São Gonçalo.
Individualidade? Para que individualidade, em redes sociais nas quais as pessoas tentam saber quem elas são e o que querem na vida? E, além disso, ainda se fala da baboseira do "inimigo de si mesmo", perigoso conselho religioso (até os "espíritas" estão nessa) que levou muita gente ao suicídio.
Já se começa a falar da religiosidade e da espiritualidade como armadilhas estratégicas do Grande Reset, para adoçar as mentes humanas enquanto os detentores do poder político e econômico acumulam fortunas em níveis estratosféricos, à revelia da sociedade.
As almas humanas perdidas no abismo celeste de "Nosso Lar", enquanto outros "paraísos", os fiscais, protegem, através de valores numéricos simbólicos, o patrimônio infinitamente abusivo dos novos magnatas desse novo imaginário mundial.
A realidade desse novo imaginário está apenas sendo parcialmente divulgada para o brasileiro médio ou mesmo para setores das esquerdas ou de uma intelectualidade melhor empenhada.
Mas novas revelações irão fazer muita gente cair da cadeira. Ou despencar das nuvens de "Nosso Lar" para cair nos escombros dos edifícios milicianos de Rio das Pedras.
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