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DEOLANE BEZERRA E A PEC DO CALOTE

VOTAÇÃO DA PEC DOS PRECATÓRIOS NA CÂMARA FEDERAL E ANIVERSÁRIO DA ADVOGADA E DUBLÊ DE SOCIALITE DEOLANE BEZERRA.

Duas notícias marcaram ontem esse "momento maravilhoso" que o Brasil está vivendo hoje em dia. E hoje estou melhor de saúde, não posso competir com a "febre" que contagia o nosso país.

Vamos para os fatos políticos.

Ontem foi aprovada, em primeiro turno, pela Câmara dos Deputados, a PEC dos Precatórios,

A proposta flexibiliza as dívidas do Governo Federal em relação ao Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), corrige os valores pelo critério exclusivo da taxa Selic e muda o cálculo do teto dos gastos públicos.

A União, com a proposta, pode parcelar o pagamento das dívidas com o Fundef em três vezes (40% e duas parcelas de 30%). A prioridade exclui parcelas que beneficiariam idosos, portadores de deficiência e de doenças graves em geral.

A proposta libera nada menos que R$ 91,6 milhões para o presidente Jair Bolsonaro, abrindo caminho para ele poder investir nos gastos do projeto filantrópico-eleitoreiro Auxílio Brasil, que pode ser apelidado de "Bolso Família".

A PEC foi aprovada por 312 votos contra 144, em primeiro turno. 57 não votaram. Ainda há dependência de mais um turno de votação na Câmara dos Deputados e mais dois no Senado Federal para a PEC, pejorativamente chamada de "PEC do Calote", ser definitivamente aprovada.

O que chama a atenção é a votação de parte da oposição, 10 do PSB e a maioria do PDT.

A votação teve o repúdio do presidente do PDT, Carlos Lupi, do presidenciável Ciro Gomes e até da ex-deputada do partido e hoje no PSB, Tábata Amaral.

O apoio da maioria dos pedetistas à PEC do Calote fez Ciro Gomes suspender sua candidatura presidencial.

Também houve, ontem, negociações de Lula para que ele possa ter Geraldo Alckmin como vice para a chapa eleitoral do petista. Alckmin está prestes a deixar o PSDB e, aparentemente, não tem partido definido, embora o PSB esteja flertando com a filiação do ex-governador de São Paulo.

Se a aliança se consolidar, adeus projeto político de Lula. E tudo indica que será isso: adeus regulação da mídia, adeus recuperação de direitos trabalhistas, e tudo vai ficar só no Auxílio Emergencial e/ou Bolsa Família.

Enquanto isso, no "cenário sócio-cultural mais genial e maravilhoso de toda a História do nosso Brasil" - claro, são "muitas vozes e muitas narrativas", dizem os jornalistas "isentões" - , uma nova famosa virou notícia em todo o país: Deolane Bezerra.

Vinda do "nada", Deolane é uma advogada que virou dublê de socialite para sua milionária festa de aniversário. A advogada também é influenciadora digital.

O evento, que gerou muita polêmica, separou os que, em tese, eram considerados "famosos" e outros definidos como "subcelebridades".

Vejamos o elenco de "famosos" ou "celebridades":

Simone Mendes, Simaria, Jojo Todynho, Virginia Fonseca, Zé Felipe, Belo, Gracyanne Barbosa, João Guilherme e Nicole Bahls.

Uns parenteses: o João Guilherme do caso não é o talentoso locutor esportivo, que foi meu colega e amigo de infância, mas um influenciador que havia sido namorado de Jade Picon.

Se os "famosos" são estes da lista acima, imaginemos quem seriam as "subcelebridades".

Quanto às irmãs Simone Mendes - que, eventualmente creditada apenas como "Simone", forçou a veterana cantora baiana de MPB a adotar o sobrenome Bittencourt no nome artístico - e Simaria, as duas possuem milhões de perfis no Instagram, que eventualmente tenho que bloquear um a um.

Simone e Simaria devem estar entre algumas das apostas da "nova salvação da humanidade", pois hoje em dia quem está "salvando nosso planeta" são super-heróis do brega vintage como Gretchen, Daniel, Alexandre Pires, Michael Sullivan e Chitãozinho & Xororó com suas "evidências".

Tudo muito maravilhoso, não é mesmo?

E a festa de Deolane - alguém deve ter confundido o nome como "Diolana", "Daolane", "Daiolane", "Deolândia" etc - ainda incluiu uma "emocionante" homenagem ao funqueiro MC Kevin, que, segundo o jornalista cultural "isentão", foi "uma das perdas irreparáveis da nossa MPB".

Paciência. O notável jornalista, bem menos entusiasmado, embora correto, ao noticiar perdas reais como a de João Gilberto, precisa pagar as contas, viajar de graça para o próximo festival de música que terá Marisa Monte e comprar discos de jazz raríssimos vendidos no exterior.

Para completar o "histórico" aniversário, houve acusações de brigas e agressões físicas, entre a também influenciadora digital Rayane Cassemiro e a ex-BBB Adélia Soares.

E isso ocorrendo no bairro da Mooca, aqui em São Paulo.

E ainda temos o aumento de sócios do Clube da Positividade Tóxica, com a cantora e compositora Rosa Passos passando pano na peruca e no boné de um antigo "médium" charlatão, seguindo as iniciativas de Rita Guedes, Fábio Jr. e até do ex-locutor da Fluminense FM, Paulo Sisino.

Se a turma que se diz "culta" fica dando ouvidos e olhares para esse "médium" picareta cuja missão filantrópica foi tão fajuta e tendenciosa quanto a de Luciano Huck, então a Síndrome de Dunning-Kruger é tão contagiante que, pela Espiral do Silêncio, domina até quem não parece tão burro assim.

Momentos maravilhosos esses, né, turminha "isenta"? Muitas vozes, muitas narrativas, todo mundo sem preconceito, muita espiritualidade, muita liberdade, beleza, né?

É por isso que ninguém lê Esses Intelectuais Pertinentes.... Cometi o erro de não fazer um livro que soasse pastiche misturado de Game of Thrones, Walking Dead, Breaking Bad e Bridgerton.

Paciência. Conhecimento não vende livros. Realidade não vira best seller. A não ser que entendamos a "realidade" como mercadoria oferecida pelos "espetáculos de realidade", os reality shows, espécie de dramaturgia amadora e ruim.

E vivemos numa sociedade hipermercantilizada, hipermidiatizada, que as pessoas não percebem. Afinal, todo mundo pensa que todo o culturalismo de hoje flui como o ar mais puro e fresco, e até gírias da Jovem Pan como "balada" são tidas como "linguagem do povo simples das ruas". Vá acreditar...

E as esquerdas achando que Lula - agora convertido em ursinho de pelúcia do Centrão - ganha todas, como na pesquisa do Ibespe encomendada pelo antipetista XP Investimentos.

É, mas a PEC dos Precatórios, se aprovada, poderá favorecer a reeleição de Jair Bolsonaro.

Tenho que cuidar de minha saúde, não posso competir, pela doença, com um país inteiro.

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