Ontem, Lula fez um discurso, em rede de rádio e TV, sobre o Dia do Trabalhador, celebrado hoje. O presidente do Brasil anunciou, entre outras medidas, o salário de R$ 1.320, reajuste que o chefe do Executivo federal admitiu ser pequeno. Anunciou também que irá encaminhar propostas para o Congresso Nacional visando valorizar os aumentos salariais acima da inflação. Outro anúncio foi a isenção gradual do Imposto de Renda, nesta etapa para quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.640).
Neste discurso, que parece bem intencionado, Lula só mentiu a respeito de que "desde o primeiro dia" do atual mandato tem "trabalhado para consertar e reconstruir o nosso país". Enfatizando a política externa, Lula não apresentou medidas concretas de combate à fome, à miséria e o desemprego, se preocupando demais com o desmonte do bolsonarismo - que já tem o ministro da Justiça, Flávio Dino, para cuidar do caso - e interferindo no acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, tarefa que, mesmo com imperfeições, deveria ser privativa da ONU.
Outro grande erro foi o clima de festa. Houve o Festival do Futuro, no horário que deveria ser para a posse unificada da equipe ministerial. E houve investimentos para o Carnaval de Salvador, um dos primeiros eventos contemplados pelas verbas do Ministério da Cultura - obviamente, por influência da cantora baiana Margareth Menezes, titular da pasta - , algo sem necessidade, já que existem investimentos privados que sustentam os nomes da axé-music, muitos deles muito ricos.
Ou seja, Lula se contradisse, ao longo destes meses, entre admitir que o Brasil está devastado e criar um clima de festa, como se tudo estivesse bem. Chorou muito para pedir aos brasileiros que o elegessem para que ele priorizasse o combate à fome. Mas, nos primeiros meses de mandato, ele foi viajar, em clima de férias, como se o Brasil já tivesse sido arrumado. Ou seja, não se pronunciou oficialmente se o Brasil já foi reconstruído ou se vai reconstruir, tamanho o clima de festejos que sugeria que a tal reconstrução já foi "concluída".
No pronunciamento, o Lula "festeiro" - que, forçando a barra de sua feiura, chegou a se comparar com Brad Pitt - deu lugar ao Lula "realista", dentro de um rol de contradições que empolgam muitos brasileiros, que, pouco esclarecidos, confundem ser contraditório com ser "versátil" ou "equilibrado".
Em todo caso, Lula prometeu que agora vai pensar nos trabalhadores, vai procurar revalorizar os salarios e os empregos e impulsionar o progresso do Brasil. Algum resultado positivo pode haver, embora longe de colocar o Brasil no Primeiro Mundo e a mil léguas distante das chances de Lula ser "maior que Getúlio Vargas", atribuição que vários adeptos do petista, com certo exagero, tentam creditar como uma "certeza".
Menos, menos. Se Lula conseguir colocar o Brasil em padrões moderados de desenvolvimento e prosperidade socioeconômicos, já será bom, já que a mediocridade do seu governo, quando o presidente mudou de ideia e trocou a prioridade do combate à fome e à pobreza pela política externa feita de maneira precipitada e quase desastrosa (o governo dos EUA não gostaram dos posicionamentos de Lula nos casos do conflito Rússia x Ucrânia e da parceria com a China), tornou-se notória. Lula tem o defeito de agir por impulso, algo que não condiz com a tão alardeada fama de "estrategista".
Reproduzimos aqui o discurso de Lula em prol do Dia do Trabalhador:
Amanhã, primeiro de maio, é dia de homenagear o povo trabalhador do Brasil.
Vocês que trabalham nas fábricas, na construção civil, nos bancos, nas lojas ou nos escritórios. Vocês, trabalhadores de aplicativos. Vocês, microempreendedores. Vocês, que trabalham na lavoura, nas escolas, nos hospitais.
Vocês, jovens, que estão dando os primeiros passos no mundo do trabalho. Vocês, aposentados e pensionistas, que, ao longo de uma vida inteira, ajudaram a construir o Brasil com o fruto do seu suor.
Não importa a profissão ou o local de trabalho. O importante é que vocês são os responsáveis pela geração da riqueza do Brasil.
Vocês se lembram das conquistas que tiveram quando governamos o Brasil. Geração recorde de empregos. Salário mínimo crescendo acima da inflação. Direitos trabalhistas garantidos.
Tudo piorou nos últimos anos. O emprego sumiu. Os salários perderam poder de compra. A inflação subiu. Os juros dispararam. Direitos conquistados ao longo de décadas foram destruídos de um dia para o outro.
Poucas vezes na história o povo brasileiro foi tratado com tanto desprezo, e teve tão pouco a comemorar.
Felizmente, esse mau tempo ficou no passado. O Brasil voltou a reconhecer o papel fundamental do povo trabalhador na construção do futuro do Brasil.
Desde o primeiro dia desse terceiro mandato que vocês me concederam, tenho trabalhado para consertar e reconstruir nosso país.
Recompor as conquistas perdidas pelos trabalhadores e trabalhadoras é prioridade do nosso governo.
A começar pela valorização do salário mínimo, que há seis anos não tinha aumento real, e vinha perdendo poder de compra dia após dia. Mas já estamos começando a reverter essa perda.
A partir de amanhã, o salário mínimo passa a valer R$ 1.320 reais para trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas. É um aumento pequeno, mas real, acima da inflação, pela primeira vez depois de seis anos.
Nos próximos dias, encaminharei ao Congresso Nacional um projeto de lei para que esta conquista seja permanente, e o salário mínimo volte a ser reajustado todos os anos acima da inflação, como acontecia quando governamos o Brasil.
E, estejam certos de que, até o fim do meu mandato, ele voltará a ser um grande instrumento de transformação social que foi no passado, quando cresceu 74% acima da inflação.
Foi graças a isso que milhões de brasileiros e brasileiras saíram da extrema pobreza e abriram caminho para uma vida melhor.
É preciso lembrar que a valorização do salário mínimo não é essencial apenas para quem ganha salário mínimo.
Com mais dinheiro em circulação, as vendas do comércio aumentam, a indústria produz mais. A roda da economia volta a girar, e novos empregos são criados.
Quero também anunciar outra medida muito importante. Estamos mudando a faixa de isenção do imposto de renda que, há oito anos estava congelada em R$ 1.903 reais.
A partir de agora, o valor até R$ 2.640 reais por mês não pagará mais nem um centavo de imposto de renda. E, até o final do meu mandato, a isenção valerá para até R$ 5 mil reais por mês.
Meus amigos e minhas amigas. Não haverá reconstrução do Brasil sem a valorização dos trabalhadores e das trabalhadoras.
O Brasil vai voltar a crescer com inclusão social e novos empregos serão criados.
Podem estar certos de que o esforço do seu trabalho será cada vez mais reconhecido e recompensado.
E o Primeiro de Maio, que sempre foi um dia de luta, voltará a ser também um dia de conquistas para o povo trabalhador.
Muito obrigado, e feliz Primeiro de Maio.
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