Lula se repete, nos mesmos apelos para recuperar a popularidade, bem mais baixa e tensa do que as supostas pesquisas de opinião podem indicar. A grandiloquência do atual mandato, que agora não explicou se já reconstruiu ou vai aínda reconstruir o Brasil, não condiz com a realidade, mais dura e difícil do que se pensa.
Sempre buscando a promoção pessoal, Lula participou anteontem da inauguração do IMPA Tech no Rio de Janeiro e mais uma vez foi tentar dizer frases de efeito, na sua mania de ficar discursando em demasia, desta vez sonhando demais com uma causa impossível, tornar o Brasil um país desenvolvido:
"O Brasil quer definitivamente deixar de ser um país pobre ou em desenvolvimento. Seremos do tamanho da nossa capacidade de governar. Por isso que não podemos sonhar pequeno, mas quando a gente sonha grande, a gente acorda para torná-lo realidade".
A pretensa grandeza de Lula se choca com a decadência sofrida desde o golpe de 2016. A constatação de que o Brasil foi devastado por Jair Bolsonaro - a parte de Michel Temer raramente é mencionada por Lula - se contradiz com a facilidade com que se afirma que nosso país vai entrar no Primeiro Mundo.
Ou seja, fala-se em devastação num momento e, em outro, que o progresso já está concluído. E Lula já fez mal começando seu atual mandato priorizando a política externa, quando sua primeira medida deveria ser o combate à fome e ao desemprego, que foram as causas maiores de sua campanha presidencial. Fossem as narrativas que justificassem as viagens ao exterior, elas não fazem sentido, porque Lula não foi eleito para cuidar da Ucrânia ou para inaugurar o Estado palestino. E os brasileiros não votaram para presidente do Sul Global, mas para presidente do Brasil.
Aparentemente Lula usa a Educação para dizer que nosso país se tornará desenvolvido, mas devemos nos lembrar que nossa estrutura de valores é velha e mofada, ainda temos muitos resíduos da ditadura militar, nossa cultura está deteriorada, nosso mercado de trabalho é discriminatório e nossa cultura popular é sucateada.
Se sonharmos grande como pensa nosso presidente, vamos cair da cama e levar um tombo bem doloroso. O Brasil tem somente 524 anos, uma infância diante das nações do Primeiro Mundo, das quais a Itália, a mais antiga, já é problemática, quanto mais o nosso país.
O que desejamos é um Brasil que seja bom para viver. A elite do bom atraso já vive seu "Primeiro Mundo" de mentirinha, como turistas do próprio Brasil. Para esse pessoal, é fácil falar que o Brasil será país desenvolvido e essa narrativa prevalece como verdade quase absoluta nas redes sociais e suas bolhas de plástico da sociedade de bem com a vida. Um Brasil "desenvolvido" como um parque de diversões dessa burguesia bronzeada.
Mas, fora da bolha, temos um país pobre, que se vê traído pelo pelego que preside o Brasil, porque, em vez de combater a pobreza de verdade, cria um clube de novos super-ricos, de funqueiros a empresários de cerveja e cigarros. Gente mais preocupada em consumir do que em viver a vida com dignidade.
Comentários
Postar um comentário