Pular para o conteúdo principal

PRESERVAÇÃO DE SÉRGIO MORO ABRE CAMINHO PERIGOSO PARA O BRASIL

A EXTREMA-DIREITA AINDA É UMA FORTE AMEAÇA, COM SÉRGIO MORO E ELON MUSK EM VANTAGEM.

O resultado de cinco votos contra e dois a favor na votação pela cassação do senador e ex-juiz Sérgio Moro pelos membros do Tribunal Regional Eleitoral, abre um caminho muito perigoso para o Brasil. A votação não viu irregularidades de gastos financeiros para a campanha do ex-chefe da Operação Lava Jato.

O processo ocorreu num momento em que o magnata e empresário Elon Musk pressiona contra as ações do Supremo Tribunal Federal (STF) de punição aos envolvidos na revolta golpista de 08 de janeiro de 2023, ameaçando fechar a filial brasileira do X, plataforma antes conhecida como Twitter.

Musk, que recebe a solidariedade de Jair Bolsonaro e seus seguidores, também entrou em contato com o presidente argentino Javier Milei, o que sinaliza que a extrema-direita está se articulando para retomar o poder no Brasil. E isso se reforça pelo fato de o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, está agindo para retornar ao poder, com preocupante êxito, apesar de alguns obstáculos.

A "democracia" de Lula começou mal já na campanha presidencial. Desprezou a pluralidade eleitoral e passou a defender uma redemocratização só para ele. Quando eleito, foi viajar para o exterior, pondo em segundo plano até o combate à fome, que foi a sua maior e mais chorosa causa eleitoral, em 2022.

Lula mostrou-se debilitado como governante. Praticamente refém das forças heterogêneas com que se aliou, Lula preferiu realizar simulacros de realizações, criando um faz-de-conta de prosperidade que não se viu na prática da vida real do povo brasileiro. Só a classe média abastada e os mais ricos tiveram a chance de serem felizes de novo.

Isso pode ter empolgado o público de classe média abastada que finge ser "o povo brasileiro propriamente dito", que detém as narrativas nas redes sociais, mesmo aquelas que parecem "naturalmente populares". E isso se deu a ponto de haver boicote a questionamentos e até a apelos para que ninguém criticasse o governo Lula.

Mas, fora desse quadro em que a elite do atraso se repaginava e se transformava numa classe "boazinha", o povo pobre não sentia diferença alguma. Os preços não baixavam de forma definitiva, a oferta de emprego não refletia na democratização de seus critérios, pois ainda ae exige idade, experiência e outros quesitos altamente preconceituosos que não contribuem para a melhoria das empresas.

O mandato de Lula 3.0 virou uma caricatura do primeiro mandato, sem no entanto ter o antigo fôlego da primeira gestão. Lula não disfarçava sua preocupação pela promoção pessoal e buscava uma grandeza individual artificial, com simulações diversas. Na política externa, Lula posava de orador, forjava frases de efeito e se intrometeu em assuntos internacionais visando ser o pacificador, criando polêmicas e constrangimentos sem necessidade.

Isso derrubou a popularidade de Lula, que já venceu as eleições de forma apertada, com pequena diferença de votos em relação a Bolsonaro e, ainda assim, em votações de segundo turno. O erro de Lula em querer reconstruir o Brasil em clima de festa, manipulando as desculpas conforme as circunstâncias, como se não se importasse com as contradições, desde que elas se dispersem numa narrativa fragmentada em partes separadas.

E aí vemos que a extrema-direita nunca se sentiu derrotada. Daí o golpe de Oito de Janeiro. Daí as mensagens bolsonaristas que, mesmo depois apagadas das redes sociais, ganham força como relâmpagos. Não queria escrever isso, mas paciência, sou jornalista, lido com fatos, não com pensamento desejoso. Meu blogue não vai virar um Mentira News para dizer coisas agradáveis em prol do governo Lula.

Lula só oferece munição para seus opositores. Ele nunca explicou direito as acusações de corrupção contra ele. E, agora, Lula age como se fosse o dono da democracia, o que já faz os bolsonaristas acusarem ele de ser um "ditador". É assustador que bolsonaristas estejam tão unidos a ponto de refletir até em contatos com entidades extremo-direitistas em outros países.

Do contrário que Jair Bolsonaro, que foi apenas um operador do golpe de 2016, Sérgio Moro é um mentor do período marcado por profundos retrocessos políticos e econômicos, pois a Operação Lava Jato puxou uma série de demissões e falências ou quase falências de empresas diversas.

O erro fatal de Lula é ele formar a tal frente ampla com os "cérebros " do golpe contra Dilma Rousseff. A "democracia", na verdade, tornou-se um eufemismo para Lula radicalizar nas concessões à direita no seu projeto político. Se Lula faz algo que não é esquerdista, é, na visão de seus seguidores, o presidente brasileiro optou por algo "mais democrático".

E isso é ruim. Quem aconpanhou a crise do governo Dilma Rousseff sabe que quem fez o golpe não foram somente Sérgio Moro, Eduardo Cunha, Janaína Pachoal, Kim Kataguiri nem Aécio Neves. Naquele momento, de 2014 até 2019, a direita moderada estava a favor do golpe e da prisão de Lula.

O atual presidente brasileiro então mordeu a isca e resolveu se aliar aos mesmos algozes de Dilma, daí não ser difícil observar que Lula e Dilma estão brigados e só se contatam formalmente, quando preciso. Mas Dilma foi mandada para lá longe, para presidir o Banco dos BRICS.

E aí vemos que Lula fala mais do que age, como se fosse mascarar a realidade, como se palavras, imagens, números e ideias ocupassem o lugar de uma realidade que, em verdade, soa bastante vazia de sentido e de aspectos, aos olhos dos lulistas.

Lula não pode agir para contrariar seus atuais parceiros das alianças heterogêneas. Por isso seu silêncio quanto aos 60 anos do golpe de 1964, mesmo quando se lembrar do sofrimento das vítimas fosse tão necessário para zelarmos pela verdadeira democracia. Lula teve que abrir mão de um projeto para o Brasil, cancelou pautas de esquerda importantes e reduziu seu governo a uma combinação de políticas neoliberais com o assistencialismo dos programas paliativos como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida. 

Por isso não é difícil entender como uma ideia que, em tese, parece inconcebível como o povo pobre se sentir traído e abandonado por Lula tornou-se uma realidade que deveria ser indiscutível. A queda de popularidade de Lula, mais grave do que as supostas pesquisas de opinião apontam, é algo que agora não se pode esconder, e isso é preocupante. Quando foi deposto do poder, João Goulart deixou o governo em 1964 com alta popularidade nas classes populares.

A absolvição da Justiça paranaense do senador Sérgio Moro - que já recebeu contestação do Governo Federal, que recorreu da sentença - é umcaminho perigoso para a ascensão do ex-juiz e para a a volta da extrema-direita ao poder. Desgastado politicamente, apesar do apoio de seus seguidores, Bolsonaro pode indicar Moro como sucessor em 2026. E Moro tem um perfil próximo de Milei.

A "boa" elite do atraso que aproveite seu recreio de uso abusivo de dinheiro, consumindo de forma animal a comida que jogam fora, as viagens rotineiras ao exterior, o consumo frenético do entretenimento caro, a compra de carros e Tvs em série para cada membro da família e as festinhas de fins de semana que, de tão obsessivas, terminam até em briga. Depois do recreio, será hora de voltar para a aula, e as lições a virem serão mais duras e terríveis.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FUNQUEIROS, POBRES?

As notícias recentes mostram o quanto vale o ditado "Quem nunca comeu doce, quando come se lambuza". Dois funqueiros, MC Daniel e MC Ryan, viraram notícias por conta de seus patrimônios de riqueza, contrariando a imagem de pobreza associada ao gênero brega-popularesco, tão alardeada pela intelectualidade "bacana". Mc Daniel recuperou um carrão Land Rover avaliado em nada menos que R$ 700 mil. É o terceiro assalto que o intérprete, conhecido como o Falcão do Funk, sofreu. O último assalto foi na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de recuperar o carro, a recompensa prometida pelo funqueiro foi oferecida. Já em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, outro funqueiro, MC Ryan, teve seu condomínio de luxo observado por uma quadrilha de ladrões que queriam assaltar o famoso. Com isso, Ryan decidiu contratar seguranças armados para escoltá-lo. Não bastasse o fato de, na prática, o DJ Marlboro e o Rômulo Costa - que armou a festa "quinta coluna" que anestesiou e en

FIQUEMOS ESPERTOS!!!!

PESSOAS RICAS FANTASIADAS DE "GENTE SIMPLES". O momento atual é de muita cautela. Passamos pelo confuso cenário das "jornadas de junho", pela farsa punitivista da Operação Lava Jato, pelo golpe contra Dilma Rousseff, pelos retrocessos de Temer, pelo fascismo circense de Bolsonaro. Não vai ser agora que iremos atingir o paraíso com Lula nem iremos atingir o Primeiro Mundo em breve. Vamos combinar que o tempo atual nem é tão humanitário assim. Quem obteve o protagonismo é uma elite fantasiada de gente simples, mas é descendente das velhas elites da Casa Grande, dos velhos bandeirantes, dos velhos senhores de engenhos e das velhas oligarquias latifundiárias e empresariais. Só porque os tataranetos dos velhos exterminadores de índios e exploradores do trabalho escravo aceitam tomar pinga em birosca da Zona Norte não significa que nossas elites se despiram do seu elitismo e passaram a ser "povo" se misturando à multidão. Tudo isso é uma camuflagem para esconder

DEMOCRACIA OU LULOCRACIA?

  TUDO É FESTA - ANIMAÇÃO DE LULA ESTÁ EM DESACORDO COM A SOBRIEDADE COM QUE SE DEVE TER NA VERDADEIRA RECONSTRUÇÃO DO BRASIL. AQUI, O PRESIDENTE DURANTE EVENTO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL. O que poucos conseguem entender é que, para reconstruir o Brasil, não há clima de festa. Mesmo quando, na Blumenau devastada pela trágica enchente de 1983, se realizou a primeira Oktoberfest, a festa era um meio de atrair recursos para a reconstrução da cidade catarinense. Imagine uma cirurgia cujo paciente é um doente em estado terminal. A equipe de cirurgiões não iria fazer clima de festa, ainda mais antes de realizar a operação. Mas o que se vê no Brasil é uma situação muito bizarra, que não dá para ser entendida na forma fácil e simplória das narrativas dominantes nas redes sociais. Tudo é festa neste lulismo espetaculoso que vemos. Durante evento ocorrido ontem, na sede da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, Lula, já longe do antigo líder sindical de outros tempos, mais parecia um showm

VIRALATISMO MUSICAL BRASILEIRO

  "DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE .." O viralatismo cultural brasileiro não se limita ao bolsonarismo e ao lavajatismo. As guerras culturais não se limitam às propagandas ditatoriais ou de movimentos fascistas. Pensar o viralatismo cultural, ou culturalismo vira-lata, dessa maneira é ver a realidade de maneira limitada, simplista e com antolhos. O que não foi a campanha do suposto "combate ao preconceito", da "santíssima trindade" pró-brega Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna senão a guerra cultural contra a emancipação real do povo pobre? Sanches, o homem da Folha de São Paulo, invadindo a imprensa de esquerda para dizer que a pobreza é "linda" e que a precarização cultural é o máximo". Viralatismo cultural não é só Bolsonaro, Moro, Trump. É"médium de peruca", é Michael Sullivan, é o É O Tchan, é achar que "Evidências" com Chitãozinho e Xororó é um clássico, é subcelebridade se pavoneando

FOMOS TAPEADOS!!!!

Durante cerca de duas décadas, fomos bombardeados pelo discurso do tal "combate ao preconceito", cujo repertório intelectual já foi separado no volume Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , para o pessoal conhecer pagando menos pelo livro. Essa retórica chorosa, que alternava entre o vitimismo e a arrogância de uma elite de intelectuais "bacanas", criou uma narrativa em que os fenômenos popularescos, em boa parte montados pela ditadura militar, eram a "verdadeira cultura popular". Vieram declarações de profunda falsidade, mas com um apelo de convencimento perigosamente eficaz: termos como "MPB com P maiúsculo", "cultura das periferias", "expressão cultural do povo pobre", "expressão da dor e dos desejos da população pobre", "a cultura popular sem corantes ou aromatizantes" vieram para convencer a opinião pública de que o caminho da cultura popular era através da bregalização, partindo d

ALEGRIA TÓXICA DO É O TCHAN É CONSTRANGEDORA

O saudoso Arnaldo Jabor, cineasta, jornalista e um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC - UNE), era um dos críticos da deterioração da cultura popular nos últimos tempos. Ele acompanhava a lucidez de tanta gente, como Ruy Castro e o também saudoso Mauro Dias que falava do "massacre cultural" da música popularesca. Grandes tempos e últimos em que se destacava um pensamento crítico que, infelizmente, foi deixado para trás por uma geração de intelectuais tucanos que, usando a desculpa do "combate ao preconceito" para defender a deterioração da cultura popular.  O pretenso motivo era promover um "reconhecimento de grande valor" dos sucessos popularescos, com todo aquele papo furado de representar o "espírito de uma época" e "expressar desejos, hábitos e crenças de um povo". Para defender a música popularesca, no fundo visando interesses empresariais e políticos em jogo, vale até apelar para a fal

PUBLICADO 'ESSA ELITE SEM PRECONCEITOS (MAS MUITO PRECONCEITUOSA)'

Está disponível na Amazon o livro Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , uma espécie de "versão de bolso" do livro Esses Intelectuais Pertinentes... , na verdade quase isso. Sem substituir o livro de cerca  de 300 páginas e análises aprofundadas sobre a cultura popularesca e outros problemas envolvendo a cultura do povo pobre, este livro reúne os capítulos dedicados à intelectualidade pró-brega e textos escritos após o fechamento deste livro. Portanto, os dois livros têm suas importâncias específicas, um não substitui o outro, podendo um deles ser uma opção de menor custo, por ter 134 páginas, que é o caso da obra aqui divulgada. É uma forma do público conhecer os intelectuais que se engajaram na degradação cultural brasileira, com um etnocentrismo mal disfarçado de intelectuais burgueses que se proclamavam "desprovidos de qualquer tipo de preconceito". Por trás dessa visão "sem preconceitos", sempre houve na verdade preconceitos de cl

LULA, O MAIOR PELEGO BRASILEIRO

  POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, LULA DE 2022 ESTÁ MAIS PRÓXIMO DE FERNANDO COLLOR O QUE DO LULA DE 1989. A recente notícia de que o governo Lula decidiu cortar verbas para bolsas de estudo, educação básica e Farmácia Popular faz lembrar o governo Collor em 1991, que estava cortando salários e ameaçando privatizar universidades públicas. Lula, que permitiu privatização de estradas no Paraná, virou um grande pelego político. O Lula de 2022 está mais próximo do Fernando Collor de 1989 do que o próprio Lula naquela época. O Lula de hoje é espetaculoso, demagógico, midiático, marqueteiro e agrada com mais facilidade as elites do poder econômico. Sem falar que o atual presidente brasileiro está mais próximo de um político neoliberal do que um líder realmente popular. Eu estava conversando com um corretor colega de equipe, no meu recém-encerrado estágio de corretagem. Ele é bolsonarista, posição que não compartilho, vale lembrar. Ele havia sido petista na juventude, mas quando decidiu votar em Lul

MAIS DECEPÇÃO DO GOVERNO LULA

Governo Lula continua decepcionando. Três casos mostram isso e se tratam de fatos, não mentiras plantadas por bolsonaristas ou lavajatistas. E algo bastante vergonhoso, porque se trata de frustrações dos movimentos sociais com a indiferença do Governo Federal às suas necessidades e reivindicações. Além de ter havido um quarto caso, o dos protestos de professores contra os cortes de verbas para a Educação, descrito aqui em postagem anterior, o governo Lula enfrenta protestos dos movimentos indígenas, da comunidade científica e dos trabalhadores sem terra, lembrando que o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) já manifestou insatisfação com o governo e afirmou que iria protestar contra ele. O presidente Lula, ao lado da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, assinou, no último dia 18, a demarcação de apenas duas terras para se destinarem a ser reservas indígenas, quando era prometido um total de seis. Aldeia Velha (BA) e Cacique Fontoura (MT) foram beneficiadas pelo document

TRINTA ANOS DE UMA NOVELA DA PESADA

A PRIMEIRA VERSÃO DE A VIAGEM  "PRESENTEOU" OS FUNCIONÁRIOS DA TV TUPI COM A FALÊNCIA DA EMISSORA. Triste país em que executivos de TV e empresários do entretenimento montam uma falsa nostalgia, forjando valores e fenômenos falsamente cult  para enganar as novas gerações, que levam gato por lebre com esse pseudovintage feito para lacrar nas redes sociais. Vide a gourmetização da mediocridade musical com, por exemplo, Michael Sullivan, Chitãozinho e Xororó e É O Tchan, nomes que deveriam cair no esquecimento público, pelas obras deploráveis que fizeram. Na dramaturgia, a coisa não é diferente num país em onde Caio Ribeiro, Luva de Pedreiro e um tal de Manoel Gomes (do sucesso "Caneta Azul") são considerados cult  e hit-parade  é confundido com vanguarda, qualquer coisa pode ser alvo dessa "nostalgia de resultados " que transforma o Brasil no Olimpo da idiotização cultural. A coisa chega ao ponto de uma novela infeliz, com temática mais medieval do que Game