Nunca na História do nosso Brasil vive-se uma situação bastante complicada, quando o atual governo Lula, movido a uma série de simulacros e, temos que admitir, mentiras e ilusões, se serve a uma classe média abastada, hedonista, mais preocupada em consumir e curtir, como se fosse uma multidão de zumbis festivos m busca de emoções baratas.
A iniciativa pioneira deste blogue em identificar uma elite escondida entre o povo, a burguesia de chinelos ou a elite do bom atraso, quando o senso comum costumava classificá-la como "o povo na sua mais pura essência", aponta que os descendentes da Casa Grande agora pensam que são Quilombo e agem como se fossem Senzala.
Os netos das elites furiosas que pediam aos berros e com rosários na mão, no Vale do Anhangabaú em 1964, a queda de João Goulart, agora acham chique posar de esquerdista e tratar Ernesto Che Guevara como se fosse seu anjo da guarda. Mas isso não lhes faz abandonar os velhos hábitos burgueses, pois as mesmas elites que publicam frases de "médium" picareta para "alegrar o dia" são os mesmos que fecham as janelas de seus carros quando veem pobres pedindo uns centavos para juntar dinheiro para comprar comida.
A burguesia de chinelos não esconde seus SUVs, paga caro por grandes pratos de comida, só para exibir a comida farta que, depois de umas poucas garfadas, tem boa parte dela jogada fora no lixo, com o orgulho esnobe de uma elite enrustida, de uns riquinhos de primeira viagem que se acham "pobres" porque falam "os cara e as mulé" e tomam aguardente em boteco suburbano duas vezes por mês.
E vemos o quanto essa "democracia de um homem só" em que Lula decide e só resta a seus seguidores festejar, brincar, dançar e beber, está fazendo, no âmbito do entretenimento, os novos super-ricos, cancelando a justiça social que fez Lula derramar lágrimas ensaiadas nos palanques de campanha.
Só as empresas que organizam festivais musicais e eventos esportivos, junto a outras empresas de produtos consumidos pelos respectivos públicos, estão se enriquecendo de forma abusiva, acumulando dinheiro de maneira afoita, cobrando serviços e produtos caros nos eventos, para um público que, só pelo fetiche de ter comprado ou consumido algo num evento esportivo ou musical, aceitar pagar um preço muito alto por isso.
Durante um ano, a burguesia de chinelos, ocupada com sua euforia, consumindo seus instintos como animais no cio, se entupindo de cerveja até não aguentar mais, vivendo uma vida frenética que lhes impede até de sentir o gosto da comida do almoço, jogada fora em mais da metade do prato, essa classe discriminava o senso crítico.
Ela boicotava textos questionadores, erroneamente confundidos com o bolsonarismo pela visão algorítimica da elite do bom atraso, esta preocupada em trocar as antigas camisas de colarinho pelas camisetas de algodão comum e tecido fino, que em inglês se chamam t-shirts, para mascarar sua condição de elite do privilégio, usando e abusando do papo furado do "gente como a gente", espécie de visão preconceituosa, embora autorreverente, e caricatural da simplicidade humana. Como se ser "gente como a gente" fosse encher a cara e desmaiar na calçada suja de uma rua durante a madrugada.
Por isso vemos um cenário preocupante, em que aqueles que estão fora da bolha hedonista e consumista do governo Lula, tanto os muito pobres quanto os muito intelectualizados impedidos pelas circunstâncias de "serem felizes de novo", acumulam dívidas, não conseguem entrar no mercado de trabalho e mal podem ter algum canal de expressão numa "democracia" que só pode ser a do "sim", nunca a do "não". Uma democracia da qual são proibidas críticas.
Afinal, trata-se do "AI-SIMco" dos descendentes das famílias golpistas de 1964, a "boa" sociedade cujos ancestrais exterminaram índios e escravizaram negros. E essa burguesia bronzeada não consegue esconder seu caráter retrógrado, pois, mesmo afirmando, muitas vezes com textões nas redes sociais, que são "adeptas da democracia e dos direitos humanos", apelam para demonizar o pensamento crítico, banido pelas universidades, mesmo as públicas, e boicotado pelos financiadores de filmes documentários e palestras em auditórios diversos.
Por isso é que a burguesia de chinelos que hoje é o público de Lula - que de vez em quando finge fazer ataques à "classe média" - sempre se empenhou em pedir para os outros não criticarem o governo, para que ninguém exponha um pensamento crítico, porque o momento atual é de "mais amor, por favor".
E isso se dá pelo medo dessa elite do bom atraso de ser desmascarada. Uma elite que se enriquece de maneira exorbitante, tratada a pão-de-ló pelo ex-torneiro mecânico que virou pelego. Ela tem medo do senso crítico porque tem medo de ser flagrada se lambuzando de muito dinheiro e bens supérfluos, enquanto outros veem o dinheiro desaparecer e as dívidas aumentarem de maneira dramática.
Daí que o entretenimento que garante a diversão da elite do bom atraso, que feliz da vida foi ver mais uma final do Big Brother Brasil que vai despejar uma nova série de privilegiados num mercado de divertimento que enriquece os donos da mídia e os empresários de produtos e eventos, cria uma nova elite de super-ricos diferenciados, e de gente não tão rica assim mas cheia de dinheiro para se entupir de cerveja e comprar muita comida que será jogada no lixo, sem o acesso dos miseráveis que, nas ruas, choram por não ter um prato de comida.
O momento atual do Brasil está mostrando que o egoísmo de uma elite bem de vida e de bem com a vida está em alta. Sociedade do amor? Mais amor, por favor? "Amor" é apenas um eufemismo para a elite sem medo e sem amor não ser incomodada. Vamos combinar, todavia, que "amor" não passa de uma abreviatura de "amordaçar", evitar críticas para não perturbar o sossego abusivo de uns poucos.
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