Para quem estava preocupado com o internetês massacrando a língua portuguesa, isso era fichinha, pois, com a substituição dos computadores com teclados por celulares e tabletes eletrônicos, as pessoas estão se tornando digitalmente mais vazias e superficiais.
Primeiro, tivemos o internetês transformando a língua portuguesa num monte de abreviaturas sem sentido. Segundo, o Twitter fez as pessoas escreverem cada vez menos. E, agora, com os aparelhos celulares e tabletes eletrônicos ("pranchetas" com tamanho de quadros em moldura), as pessoas agora só estão fazendo patinação de dedo.
Na sociedade do espetáculo que vive o Brasil, sem a avaliação contestatória de equivalentes brasileiros a Guy Debord e Jean Baudrillard - eles existem, mas já são previamente barrados nas pré-seleções de pós-graduação - , vemos o Holiday on App tomando conta dos internautas atuais.
As pessoas só ficam "patinando" pela tela do celular ou do tablete para verificar memes nas mídias sociais ou para curtir coisas. Quando escrevem, é uma mensagem lacônica e fica por aí. E, o que é pior, ficam muito tempo nas mídias sociais e deixam de ser realmente amigas dos outros.
Não temos mais solidariedade, nem debate, nem informação bem dosada, apenas a overdose que acomoda e emburrece. O que se tem é um consumismo tecnológico e um modismo no qual as pessoas são capazes de se tornar estúpidas se isso é a moda da temporada. E pior que ficam estúpidas, mesmo.
Os gurus da "morte do papel", os quais festivamente acreditam que a invenção de Gutenberg servirá como caixões improvisados para os barões da mídia, enquanto estes, espertos, pegam a blogosfera desprevenida embarcando nas mídias digitais, mal sabem o quanto a Internet tem também do outro lado, o lado conformista, consumista e até reacionário.
Enquanto eles comemoram a "morte do papel", achando que os últimos jornais e revistas impressos servirão apenas para embrulhar os cadáveres da grande mídia, ignorando que as "novas mídias digitais" há muito abrigam a "urubologia" mais rabugenta (mesmo muitos "jornalistas de papel" já têm seus blogues), o "povão" fica patinando sobre celulares e tabletes.
A Internet está ficando cada vez mais superficial, cheia de frivolidades, e o primeiro imbecil que vira a sub-celebridade do momento ganha um monte de seguidores no Instagram, Facebook, Twitter e o que vier de mídia social.
Por outro lado, quem tem o que dizer precisa ter muito jogo de cintura para ter um pouquinho mais de visibilidade, espécie de moeda corrente à qual quem pensa as coisas de forma coerente não consegue adquirir. A coerência, infelizmente, é uma pérola para poucos. A maioria sucumbe às frivolidades. E todo mundo patinando nas telas de seus celulares e tabletes. Holiday on App.
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