Certas mulheres quando chegam aos 50, 60 anos, passam a ficar fora de forma, acreditando que precisam se "adequar à idade" por acharem que ter boa forma física é ter "corpo de gatinha", o que é um grande equívoco.
Fico observando várias mulheres que, quando tinham físico de brotos no começo da década de 1980, criam barriga quando chegam aos 50 anos na intenção de parecerem "de acordo com sua idade". E isso é só um detalhe, já que faz parte de um "pacote de comportamentos" para o que acreditam ser o padrão da meia-idade.
É decepcionante até na vida social, ou mesmo amorosa. Afinal, quando essas mulheres se tornam casadas, elas tinham uma personalidade bastante atraente e uma aparência de brotos que as fazia bastante belas e interessantes.
Passam-se os tempos e uns dois ou três casamentos desfeitos (ou talvez mais), quando essas mulheres se tornam definitivamente solteiras, até disponíveis para novos namoros, ficam fora de forma e deixam de ter a personalidade interessante que tinham.
O que era a mulher moderna de 1980? Entre 20 e 30 anos, ela era magrinha, ouvia até Velvet Underground, lia romances de vanguarda, tinha aquele astral brincalhão, tinha idealismo e muito entusiasmo em conhecer o novo e o velho, desde que sejam instigantes, vibrantes, revigorantes. Só que quase sempre era comprometida, e em boa parte dos casos muito bem casada.
E o que "sobrou" dessa mulher, 35 anos depois? A mesma mulher deixou as coisas interessantes de lado, quando muito vai a exposições de artes plásticas e lançamentos de livros, mas sem o mesmo entusiasmo. E vai para shows como os de Maria Bethânia (que deixou de ser moderna para ser tradicional, embora de talento indiscutível) já convertidos em eventos quase de gala.
Pior. Elas agora leem livros de auto-ajuda e rezam demais. Ou, quando tentam ser modernas, curtem música brega (mofadíssima e antiquada), seja o "tradicional" mas "provocativo" Odair José, seja algo mais "vanguarda" (?!) como Luan Santana (igualmente mofadíssimo e antiquado).
Ficam fora de forma, mas compensam isso tatuando florzinha no pescoço ou algum desenhozinho no braço ou na barriga, como se isso garantisse a eterna juventude. Mas, confusas entre o moralismo maternal e o infantilismo filial, deixam de lado aquela personalidade seguramente jovial e até sexy, perdidas entre uma maturidade que desconhecem e uma jovialidade que esqueceram.
E se antes elas tinham idealismo, hoje têm preconceito. Já nem se lembram, por exemplo, que a MPB de seu tempo tinha uma figura de talento instigante como Sidney Miller. Sim, é claro que vivemos em tempos de incertezas em que um Lobão desconta a saudade dolorosa que ele tem por Cazuza e Júlio Barroso com um reacionarismo doentio, mas também é preciso cautela.
Fica chato ver mulheres que em 1980 iam para Ipanema mostrar seus corpinhos curvilíneos e ouvir o rock new wave que despontava na época, e que depois parecem mais "caretas", perdidas em saber o que é moderno ou tradicional hoje em dia, com corpo quase roliço e cheias de frescuras.
Entre se recusar a assumir o papel que acham ser de "gatinhas" e assumir uma jovialidade caricata porque possuem conta no Facebook e não querem parecer antiquadas, elas se tornam desinteressantes e decepcionantes. E logo quando boa parte delas está solteira.
É claro que existem exceções. Mas exceções, por mais que existam, não são a regra. A regra mostra mulheres de 55, 60 anos com o físico fora de forma, contrastando com o passado quando elas eram magras, e com a personalidade ainda mais fora de forma ainda, perdida entre o moralismo quase beato e uma modernidade confusa que se apega à primeira bobagem do momento.
Ter boa forma física não é ter "corpo de gatinha". Eu vou à praia e vejo mulheres maduras com corpo em forma, sem barriga, e mesmo assim não é corpo de menininha. Muitas pessoas deixam de permitir até mesmo que o espírito de juventude se amadureça, com todo o idealismo e entusiasmo necessários.
As pessoas se enferrujam depois dos 55 anos e não conseguem compreender até mesmo a juventude que viveram. E as mulheres poderiam ser interessantes, atraentes e até namoráveis depois dos 55 anos. Permitir que as "gatinhas" possam também se amadurecer e adquirir experiência. Entusiasmo e jovialidade podem fazer a maturidade parecer mais vibrante e admirável.
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