Um fenômeno muito preocupante na Internet é a ascensão do direitismo nas mídias sociais, uma cega, surda porém barulhenta facção de internautas que levam a oposição do governo do PT ao extremo do ridículo e do irracional.
É natural que exista uma oposição organizada ao PT, principalmente com os erros e equívocos que o partido e seus políticos associados fizeram para obter vantagens políticas e pessoais de seus integrantes. É efeito da democracia, contestar é um direito, e até mesmo um dever.
Mas o problema é a oposição cega e intransigente, um tanto alucinógena, patética, furiosa, rancorosa, que apenas por querer que o PT deixe o poder, acredita em valores absurdos, surreais e irracionais que remetem à visão golpista que havia derrubado João Goulart em 1964.
Primeiro, porque atribuem qualquer problema ao comunismo, como se houvessem movimentos leninistas no país o tempo inteiro. O máximo que eu vejo de leninistas são militantes que vendem jornaizinhos comunistas que, de tão inofensivos, nem chegam a chamar atenção.
Enquanto isso, o herói deles, Jair Bolsonaro, é aclamado "grande líder" mesmo quando expõe opiniões e posturas antissociais, pregando a intolerância social e fazendo apologia ao estupro, sem falar do passado desordeiro de Jair, que havia sido um milico delinquente nos anos 80.
O emburrecimento histórico é tanto que ideologias nazi-fascistas, claramente de extrema-direita e que, antes da Segunda Guerra Mundial, eram apoiadas pelas nações capitalistas - documentos confidenciais de autoridades dos EUA e da imprensa solidária não deixam mentir - são atribuídas cegamente ao marxismo, numa clara incoerência que, todavia, não admite réplicas.
Ora, haveria coerência para o economista Karl Marx, atribuído a uma ideologia que exterminava judeus, se ele havia sido um? Mas mesmo que você, leitor comum, explicasse com todos os pontos, virgulas e acentos, o direitista não abriria mão de sua visão totalmente fora da realidade.
A direita desconhece a História. Aliás, tem mania de tentar inventar e reinventar a História. E isso vale tanto para direitistas histéricos quanto para os enrustidos. Neste caso, um Paulo César Araújo que não gostou de ser denunciado como "intelectual orgânico da Era FHC", sempre se preocupou em inventar uma história da MPB ao seu gosto, favorecendo seus "heróis" bregas de infância.
Mas isso, embora trouxesse efeitos nefastos à cultura brasileira, é "pinto" diante do que os "coxinhas" fazem no Facebook e nos espaços da grã-mídia oligárquica. Só porque perdem seus privilégios de classe média alta, eles criam uma visão paranoica, em que até um bom dia dado pelo ex-presidente Lula lhes soa um "crime hediondo".
Eles não investem em discordância saudável, mas numa intolerância cega. Criam falsos heróis dotados de discurso "revoltado", como Rachel Sheherazade, Reinaldo Azevedo e o "racional" Rodrigo Constantino, sem saber o absurdo de muitos de seus pontos de vista.
Para piorar, outros direitistas são expostos a situações contrangedoras, graças aos seus excessos. O roqueiro Lobão chegou mesmo a situações cômicas, por sua militância direitista. E o candidato derrotado à presidência da República, Aécio Neves, antigo herói dos direitistas, hoje virou "vidraça", sendo visto como um "banana" por não ter conseguido vencer a corrida ao Planalto.
A situação de Aécio, há 30 anos atrás um simples neto de Tancredo Neves que começava sua carreira sob as bênçãos do avô que quase foi presidente da República (adoeceu e morreu depois), tornou-se tão desfavorável que a revista Veja, irritada com a derrota, lhe deu um "zero" na sua avaliação sobre o desempenho dos senadores no Congresso Nacional durante 2014.
E o que a direita quer no lugar? Jair Bolsonaro? Isso é perigoso. Se Aécio não é mais do que um fanfarrão, Jair é o "garoto-problema" das casernas cuja primeira coisa que vai fazer quando chegar à Presidência da República é rasgar a Constituição.
Ah, não, isso é paranoia. Para a direita "racional" e dotada sempre da "palavra final", Jair vai respeitar as leis e governar o país com carinho. Só vai "matar comunistas". Mas foi essa visão que criou o AI-5 que prejudicou não só a esquerda, mas a própria direita civil que apostava na ditadura, tanto que até Carlos Lacerda foi "sacrificado" pelos militares, ele que mais pediu a tal intervenção militar.
Talvez nossos direitistas não percebam o que lhes encontrará pela frente. Se a tese de intervenção militar vingar, tal como eles desejam, eles serão os segundos a serem presos, depois dos "comunistas", porque os militares não gostarão que tais civis lhes façam cobranças sobre concessão de privilégios e vantagens.
Dessa forma, esses civis, que se acham mais oficiais que os generais, serão presos e condenados por desacato às autoridades, na medida em que seus instintos irracionais autoritários se confrontarão com os limites de autoridade dos oficiais militares, sejam generais, brigadeiros ou almirantes. E, com isso, os "coxinhas" podem acabar vítimas de seus próprios impulsos.
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