FRANCIS HIME FOI UM DOS POUCOS A ARRISCAR ÁLBUM DE INÉDITAS, DIANTE DA ONDA DE "HOMENAGENS" DA MPB.
A MPB está congelada. Não pela falta de grandes ideias nem de artistas de verdade, mas por conta de um mercado viciado que privilegia a bregalização e o comercialismo, e aponta falsas soluções para a crise que atravessa a Música Popular Brasileira.
Fora nomes como Francis Hime, o que se observa é a sucessão de tributos, homenagens, discos ao vivo, uma onda de revisitações de repertórios que praticamente bloqueiam a renovação da música brasileira, com tanta exploração que se dá ao passado, recente ou não.
É certo que algumas homenagens são bem intencionadas. Há, também, outras menos badaladas, como o DVD em homenagem aos 70 anos de Edu Lobo. Mas boa parte dessas homenagens ou é uma questão de sobrevivência - recurso para o emepebista atingir o grande público e ficar em evidência na mídia - , ou é uma atitude oportunista, que já atrai a parasitagem dos neo-bregas.
A geração neo-brega de 1990 - Chitãozinho & Xororó, Alexandre Pires, Belo, Leonardo, Daniel, Zezé di Camargo & Luciano, entre outros - , tomada da mais abominável canastrice, é um exemplo desse oportunismo, quando eles, no momento em que se aventuram em tributos à MPB, mais parecem calouros de reality shows musicais tomados de histérico oversinging.
Querer que os neo-bregas e seus seguidores sejam a "salvação para a MPB" é sonhar demais. Mas a solução à-la Ernesto Geisel ("distenção lenta e gradual", porém controlada) para transformar bregas em emepebistas esbarra no fato de que eles não têm vocação natural nem compreensão exata do que realmente é MPB.
A intelectualidade "bacana" pode choramingar, justificando que os neo-bregas e derivados (como os bregas "tradicionais" que antecederam os neo-bregas) eram "grandes artistas mal-aproveitados" e "mal-orientados" pela indústria do disco, por isso "merecendo" um "lugar justo e nobre" no primeiro time da MPB.
Mas não é isso que se vê. Quem escuta Zezé di Camargo, Daniel ou Alexandre Pires cantando alguma coisa da MPB autêntica, sabe o grau de canastrice que se observa nas suas vozes, nas poses de gestos, nas "palavras de ordem" - tipo "vamo lá, Brasil!" - típica dos bregalhões mais afetados. E, como compositores, nunca deixaram qualquer marca positiva que some à antologia da MPB.
Tudo que se faz hoje em dia é adestrar esses cantores, dentro de uma atitude utópica que eles serão "gênios" um dia. Tudo em vão. Seus repertórios autorais continuam ruins, mas só são embelezados por outros arranjadores, aqueles que estão de plantão nas gravadoras ou nos programas de TV.
A MPB hoje, tomada de uma imagem porca de "couvert artístico", como se a boa MPB fosse uma questão de boas roupas e ambiente de gala, não consegue romper com esse quadro vicioso, já que existe até um compadrio em torno de emepebistas e bregas.
Primeiro, porque os bregas não são os injustiçados que a intelectualidade "bacana" tanto dizia. Eles é que estão no poder, abraçados com entusiasmo aos barões da grande mídia. Se o emepebista aceita um dueto com um neo-brega, é porque o emepebista sabe que precisa do neo-brega porque é este que lhe arrumará lugar para se apresentar em algum festival do interior do país ou algum evento de ponta no Nordeste ou mesmo na Baixada Fluminense.
É um acordo de conveniências. Até o mundo mineiral sabe que o neo-brega não sabe criar um único dó-ré-mi que signifique algo relevante para a MPB. Vender discos e lotar plateias não necessariamente gera grandes artistas, eles são apenas fenômenos comerciais, são bem-sucedidos por aspectos quantitativos, mas qualitativos se tornam muito inúteis.
A MPB autêntica se perde porque, cercada pelo grande latifúndio suburbano ou rural de bregas, neo-bregas (bregas pseudo-sofisticados) e pós-bregas (bregas pseudo-modernos), apenas se limita a explorar o terreno já explorado, quer fazer a sua Serra Pelada depois que seus clássicos mais manjados se tornaram "surrados" e até regravados pela bregalhada.
Aí vem a onda de homenagens, tributos, discos ao vivo, tudo revisitando os mesmos sucessos. Pior quando as homenagens enfocam compositores específicos, como Chico Buarque, Djavan ou gente do passado como Legião Urbana, Cazuza e Tim Maia, onde as escalações sempre contam com nomes que nada têm a ver com os artistas originais.
Isso para não falar de Raul Seixas, vítima do pior parasitismo, em que ídolos da axé-music e do breganejo tentam até hoje bajular o cantor baiano, que nunca iria, com a certeza absoluta, com a cara deles. Se Raulzito estivesse vivo, ele teria pensado em processar Chitãozinho & Xororó por danos morais, por causa da bajulação barata em torno da música "Tente Outra Vez".
A canastrice musical está dominando e a MPB desapareceu praticamente das rádios. Francis Hime foi um dos pouquíssimos nomes a lançar material inédito para somar à MPB autêntica, mas ele é boicotado pelas rádios e pela intelectualidade.
Tudo está parado. E as sub-celebridades musicais - de Thiaguinho a Valesca Popozuda, de Luan Santana a MC Guimê - continuam tendo cartaz por qualquer coisa, enquanto tentam ganhar tempo acariciando a intelectualidade e pedindo para ela lhes enfiar nas festas de MPB pela porta dos fundos.
Precisamos reagir. A estagnação da MPB autêntica favorece o império dos brega-popularescos e a sua permanência na mídia fará uma diferença negativa, quando a antologia da MPB será forçada a jogar a canastrice no meio dos antigos gênios. Vide o que fizeram com antigos canastrões como Michael Sullivan.
A MPB está congelada. Não pela falta de grandes ideias nem de artistas de verdade, mas por conta de um mercado viciado que privilegia a bregalização e o comercialismo, e aponta falsas soluções para a crise que atravessa a Música Popular Brasileira.
Fora nomes como Francis Hime, o que se observa é a sucessão de tributos, homenagens, discos ao vivo, uma onda de revisitações de repertórios que praticamente bloqueiam a renovação da música brasileira, com tanta exploração que se dá ao passado, recente ou não.
É certo que algumas homenagens são bem intencionadas. Há, também, outras menos badaladas, como o DVD em homenagem aos 70 anos de Edu Lobo. Mas boa parte dessas homenagens ou é uma questão de sobrevivência - recurso para o emepebista atingir o grande público e ficar em evidência na mídia - , ou é uma atitude oportunista, que já atrai a parasitagem dos neo-bregas.
A geração neo-brega de 1990 - Chitãozinho & Xororó, Alexandre Pires, Belo, Leonardo, Daniel, Zezé di Camargo & Luciano, entre outros - , tomada da mais abominável canastrice, é um exemplo desse oportunismo, quando eles, no momento em que se aventuram em tributos à MPB, mais parecem calouros de reality shows musicais tomados de histérico oversinging.
Querer que os neo-bregas e seus seguidores sejam a "salvação para a MPB" é sonhar demais. Mas a solução à-la Ernesto Geisel ("distenção lenta e gradual", porém controlada) para transformar bregas em emepebistas esbarra no fato de que eles não têm vocação natural nem compreensão exata do que realmente é MPB.
A intelectualidade "bacana" pode choramingar, justificando que os neo-bregas e derivados (como os bregas "tradicionais" que antecederam os neo-bregas) eram "grandes artistas mal-aproveitados" e "mal-orientados" pela indústria do disco, por isso "merecendo" um "lugar justo e nobre" no primeiro time da MPB.
Mas não é isso que se vê. Quem escuta Zezé di Camargo, Daniel ou Alexandre Pires cantando alguma coisa da MPB autêntica, sabe o grau de canastrice que se observa nas suas vozes, nas poses de gestos, nas "palavras de ordem" - tipo "vamo lá, Brasil!" - típica dos bregalhões mais afetados. E, como compositores, nunca deixaram qualquer marca positiva que some à antologia da MPB.
Tudo que se faz hoje em dia é adestrar esses cantores, dentro de uma atitude utópica que eles serão "gênios" um dia. Tudo em vão. Seus repertórios autorais continuam ruins, mas só são embelezados por outros arranjadores, aqueles que estão de plantão nas gravadoras ou nos programas de TV.
A MPB hoje, tomada de uma imagem porca de "couvert artístico", como se a boa MPB fosse uma questão de boas roupas e ambiente de gala, não consegue romper com esse quadro vicioso, já que existe até um compadrio em torno de emepebistas e bregas.
Primeiro, porque os bregas não são os injustiçados que a intelectualidade "bacana" tanto dizia. Eles é que estão no poder, abraçados com entusiasmo aos barões da grande mídia. Se o emepebista aceita um dueto com um neo-brega, é porque o emepebista sabe que precisa do neo-brega porque é este que lhe arrumará lugar para se apresentar em algum festival do interior do país ou algum evento de ponta no Nordeste ou mesmo na Baixada Fluminense.
É um acordo de conveniências. Até o mundo mineiral sabe que o neo-brega não sabe criar um único dó-ré-mi que signifique algo relevante para a MPB. Vender discos e lotar plateias não necessariamente gera grandes artistas, eles são apenas fenômenos comerciais, são bem-sucedidos por aspectos quantitativos, mas qualitativos se tornam muito inúteis.
A MPB autêntica se perde porque, cercada pelo grande latifúndio suburbano ou rural de bregas, neo-bregas (bregas pseudo-sofisticados) e pós-bregas (bregas pseudo-modernos), apenas se limita a explorar o terreno já explorado, quer fazer a sua Serra Pelada depois que seus clássicos mais manjados se tornaram "surrados" e até regravados pela bregalhada.
Aí vem a onda de homenagens, tributos, discos ao vivo, tudo revisitando os mesmos sucessos. Pior quando as homenagens enfocam compositores específicos, como Chico Buarque, Djavan ou gente do passado como Legião Urbana, Cazuza e Tim Maia, onde as escalações sempre contam com nomes que nada têm a ver com os artistas originais.
Isso para não falar de Raul Seixas, vítima do pior parasitismo, em que ídolos da axé-music e do breganejo tentam até hoje bajular o cantor baiano, que nunca iria, com a certeza absoluta, com a cara deles. Se Raulzito estivesse vivo, ele teria pensado em processar Chitãozinho & Xororó por danos morais, por causa da bajulação barata em torno da música "Tente Outra Vez".
A canastrice musical está dominando e a MPB desapareceu praticamente das rádios. Francis Hime foi um dos pouquíssimos nomes a lançar material inédito para somar à MPB autêntica, mas ele é boicotado pelas rádios e pela intelectualidade.
Tudo está parado. E as sub-celebridades musicais - de Thiaguinho a Valesca Popozuda, de Luan Santana a MC Guimê - continuam tendo cartaz por qualquer coisa, enquanto tentam ganhar tempo acariciando a intelectualidade e pedindo para ela lhes enfiar nas festas de MPB pela porta dos fundos.
Precisamos reagir. A estagnação da MPB autêntica favorece o império dos brega-popularescos e a sua permanência na mídia fará uma diferença negativa, quando a antologia da MPB será forçada a jogar a canastrice no meio dos antigos gênios. Vide o que fizeram com antigos canastrões como Michael Sullivan.
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