O MINISTRO LUIZ EDSON FACHIN, DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, NUNCA FOI DE AGIR JURIDICAMENTE A FAVOR DE LULA, DAÍ A DECISÃO SUSPEITA DE, APARENTEMENTE, INOCENTÁ-LO.
Muita calma nessa hora.
Não estamos em 2022 e Luís Inácio Lula da Silva não ganhou as eleições nem se prepara para uma imediata cerimônia de posse.
A decisão, anunciada esta tarde, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, anulando todas as acusações da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Lula, deve ser vista com cautela.
Foi bom demais para ser verdade. E, além disso, Fachin era famoso por se recusar a realizar qualquer ação jurídica em favor de Lula. E de repente foi ele que devolveu os direitos políticos ao ex-presidente? Muito estranho. Mas faz sentido, se observarmos outros aspectos.
Afinal, foi uma estratégia com dois objetivos.
Primeiro, o de extinguir os efeitos jurídicos das decisões da Lava Jato. Ou seja, salvar juridicamente Sérgio Moro e companhia.
Isso tem uma finalidade: tentar evitar que as sentenças da Lava Jato fossem criminalizadas através do processo de suspeição contra Sérgio Moro e contra os procuradores da força-tarefa, liderados por Deltan Dallagnol.
Sabe-se que os diálogos de Dallagnol e seus "caros", publicados privativamente no Telegram mas hoje conhecidos através de um hacker, revelam um sério escândalo jurídico, assim como as ações abusivas e ao arrepio da lei feitas pelo então juiz Sérgio Moro.
A ideia é essa: extinguindo os efeitos jurídicos das arbitrariedades da Lava Jato contra Lula, o que Fachin quer é evitar que Moro seja julgado por suspeição e parcialidade jurídicas.
Ou seja, extinguindo os efeitos jurídicos dessas sentenças da Lava Jato, o que se extingue é a matéria jurídica dos processos movidos pelos defensores de Lula pedindo a suspeição de Sérgio Moro.
Moro, assim como Dallagnol e seus "caros", não poderiam ser declarados suspeitos nem parciais, porque seus atos e abusos diretos e indiretos contra Lula - incluindo comentários jocosos nas mensagens do Telegram entre os procuradores - perderam a materialidade jurídica.
Eles não serão investigados nem julgados por atos que não possuem mais efeito jurídico.
Essa é a manobra, embora, aparentemente, já sejam feitas ações para manter a suspeição de Moro e da força-tarefa da LJ.
A defesa de Lula, através do advogado Cristiano Zanin, já entrou na Justiça para pedir que se continue investigando a suspeição de Moro e dos envolvidos da Lava Jato.
O segundo ponto da decisão de Fachin é suspeitíssimo, mas pouco se fala: criar uma euforia em torno da libertação jurídica de Lula, que, em tese, poderá concorrer a mais um governo presidencial em 2022, dentro de uma situação nada propícia para isso.
As elites que fizeram o golpe político de 2016 estão jogando com as esquerdas, forjando falsas expectativas e fazendo-as crer que o Partido dos Trabalhadores voltará ao poder depois do Reveillon de 2022-2023.
Várias pegadinhas ocorreram nos últimos tempos. A principal delas foi o vídeo do Custo Bolsonaro, produzido pela direita neoliberal, que recebeu respaldo de setores das esquerdas.
De repente surgiram várias pessoas que defenderam o golpe contra Dilma Rousseff e agora se manifestam aparentemente solidários à candidatura de Lula para 2022.
Devemos tomar muito cuidado. Não é qualquer um que muda para valer, mas um e outro conforme o contexto permitir.
Sabemos que setores das esquerdas estão querendo fazer número e qualquer direitista que forjasse alguma simpatia por Lula é visto como "aliado".
Essa euforia toda é perigosa. Até porque o presidente Jair Bolsonaro saiu furioso quando soube da sentença de Fachin.
Para piorar, o anti-petismo ainda é muito forte no Brasil. Anti-petistas estão acusando o Supremo Tribunal Federal de "vendido". Acham que a "luta contra a corrupção" acabou.
No Twitter, a hashtag #STFVergonhaNacional voltou à lista das dez mais usadas.
E há também as hashtags #STFVergonhaMundial e #STFOrganizacaoCriminosa.
O Brasil se encontra numa situação perigosa. Não estamos em 2002, quando havia apagão e recessão no governo FHC e, meses depois, Lula estava eleito e, após outros meses, empossado.
Os tempos são outros e mais sombrios. Bolsonaro tem seguidores e estes são muito agressivos.
A Covid-19 anda matando e o Brasil está um caos. Não dá para ver as coisas assim na brincadeira, como as esquerdas identotárias fazem. A situação está frágil, mesmo.
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