Com uma decisão que soa como uma faca de dois gumes, feita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, Lula recuperou os direitos políticos bloqueados pela Operação Lava Jato.
Isso acaba sendo ótimo, porque Lula, o melhor dos presidentes da República desde 1985, poderá ser candidato a mais um mandato em 2022.
Com certeza, o terceiro governo Lula seria um projeto político robusto, de recuperação dos malefícios causados a partir do golpe de 2016.
E, contra a pandemia, Lula já teria feito um projeto rigoroso de controle social em 2020 e o Brasil teria tido uma fartura de vacinas contra a Covid 19, da qual até eu e você, caro leitor, teríamos tomado.
Não haveria um ritmo de mortes com mais de 2 mil pessoas como ocorre nos últimos três dias.
É ótimo esse desfecho, mas é bom avisar que isso é apenas um primeiro e pequeno passo.
Há obstáculos que se observam em acontecimentos diversos.
Jair Bolsonaro ficou furioso ao saber da decisão do ministro Fachin.
Bolsomínions jogaram na Internet hashtags definindo o STF como "vergonha" nacional ou mundial ou como organização criminosa.
O Estadão, cujo prédio na Av. Eng. Caetano Alvarez - o nome da rua, perto de onde moro, sempre me foi familiar, embora tenha me esquecido disso - eu vi hoje de manhã, publicou editorial defendendo desesperadamente a candidatura de Luciano Huck para enfrentar Lula.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou recurso pedindo o cancelamento da decisão de Fachin, e este respondeu negando o recurso, reafirmando a sua decisão.
Isso é faca de dois gumes porque, se a decisão tentou poupar Sérgio Moro de ser criminalizado - embora tivesse ocorrido uma votação, que foi adiada, sobre a suspeição do ex-juiz - , ela abre caminho para Lula concorrer às eleições.
Lula tem chances enormes de ser eleito? Sim, muito provavelmente. Mas o caminho não está todo aberto, ele não tem um céu de brigadeiro para alçar voos altos.
Infelizmente, o golpe político continua, e a Petrobras está esfacelada. Correios e Eletrobras tendem a desaparecer com as privatizações e os banqueiros conquistaram autonomia no Banco Central.
Embora uma parte do empresariado manifeste, hoje, simpatia com Lula, e pesquisas indiquem projeção de vantagem eleitoral de Lula, a situação não está tranquila.
Embora antigos hidrófobos como Reinaldo Azevedo admitam hoje virtudes de Lula, não é qualquer um que tem essa coragem para assumir tal posição.
As esquerdas, entorpecidas pelo recreio identitarista, precisam ser mais realistas.
É ótimo, e eu considero isso, que Lula seja mais uma vez eleito e governe em favor de quem mais interessa, o povo brasileiro, com uma performance formidável e uma série de medidas para recuperar nosso país.
Mas, infelizmente, nem todo mundo pensa assim e existe uma parcela de anti-petistas extremamente furiosos, e não dá para cutucar bolsomínion com vara curta.
Esse é o grande problema que pode complicar a volta de Lula ao Governo Federal.
Lembremos das pressões contra Getúlio Vargas, em 1954. E contra João Goulart, em 1964. E contra a própria Dilma Rousseff, em 2016, neste caso praticamente "há pouco tempo".
Se continuarem as esquerdas na sua brincadeira infantil do identitarismo festivo, achando que forças divinas já garantem a volta de Lula à Presidência da República, elas se ferrarão.
Isso porque a realidade, no Brasil, não está para brincadeira. E ainda mais com as esquerdas presas aos brinquedos culturais da centro-direita, ameaçando o nosso país de eleger a centro-direita ou até continuar com o bolsonarismo.
Devemos cair na real. Quem quer Lula em 2022, tem que lutar e não brincar.
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