O momento não é de festa para as forças progressistas. O Brasil está em situação mais vulnerável do que nunca.
É certo que, a princípio, o ministro das Relações Exteriores, o olavista Ernesto Araújo, foi demitido no cargo.
Ernesto foi alvo da pressão do Centrão, o bloco da direita moderada que domina o Congresso Nacional, como uma aparente tentativa de minar o governo Bolsonaro através da pressão sobre os ministros.
Ontem o presidente Jair Bolsonaro trocou seis ministérios, incluindo o das Relações Exteriores.
Os demais ministérios foram: Defesa, Casa Civil, Secretaria de Governo, Justiça e Advocacia Geral da União.
No Ministério da Casa Civil, sai o general Walter Braga Netto, que vai para o Ministério da Defesa, com a saída do também general Fernando Azevedo e Silva. A Casa Civil fica com o general Luiz Eduardo Ramos.
No Ministério da Justiça e Segurança Pública, sai André Mendonça, transferido para a pasta da Advocacia Geral da União, e entra o delegado da Polícia Federal Anderson Torres, ultimamente secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
No Ministério das Relações Exteriores, apesar do favoritismo ao olavista Luís Fernando Serra, a pasta ficou com o diplomata de carreira, Carlos Alberto Franco França.
Na Secretaria de Governo da Presidência da República, a titular será a deputada federal Flávia Arruda, do PL do Distrito Federal. O general Ramos, acima citado, vai para a Casa Civil.
Na Advocacia Geral da União, André Mendonça substitui José Levi, procurador da Fazenda Nacional.
A demissão do ministro da Defesa, general Azevedo e Silva, se deu pela falta de alinhamento com as Forças Armadas.
Há a pressão para que Bolsonaro colocasse mais militares na sua equipe já sobrecarregada de gente fardada.
E isso ocorre quando os bolsonaristas já começam a fazer pressão para um golpe ou uma guerra civil.
Em Salvador, no Farol da Barra - que costuma ser palco das "minifestações" pró-Bolsonaro, numa capital que não é reduto de apoio ao presidente - , na noite de domingo, 28 de março, véspera do aniversário da cidade, um policial teve um surto psicótico.
Identificado como Wesley Góes, ele deu tiros para o alto e ameaçou balear os demais policiais que tentaram contê-lo. Ele teve que ser baleado e morreu na segunda-feira, no Hospital Geral do Estado (HGE).
Não se sabe se o policial era um bolsonarista, mas o surto psicótico pode dar margem a manifestações reacionárias diversas.
Os deputados federais Bia Kicis e Eduardo Bolsonaro, este filho de Jair, já escreveram nas redes sociais incitando os apoiadores do presidente a formarem milícias nas ruas.
Enquanto isso ocorre, sabemos que o direitista moderado Luciano Huck está pensando em desistir da candidatura presidencial, para substituir Fausto Silva, que anunciou que vai sair da Rede Globo.
E temos também um raciocínio importante do semiólogo Wilson Roberto Vieira Ferreira, do Cinegnose, que alertou que a suspeição de Sérgio Moro pode fazê-lo virar um outsider político, um "aventureiro" eleitoral nos moldes de Fernando Collor ou do próprio Jair Bolsonaro.
E aí vemos o quanto o Partido dos Trabalhadores não retomará o governo da nação tão cedo. Há pressões de anti-petistas que se acham empoderados e destemidos.
Só pelas medidas de controle da pandemia do prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, do PT, renderam ameaças de morte contra ele, manifesta por bolsonaristas nas redes sociais.
Portanto, a situação está perigosa no Brasil. Ontem e anteontem houve ocorrências que mais favoreciam os bolsonaristas. É melhor pensar com cautela.
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