"Funk", gíria "balada" (©Jovem Pan), portinglês, curtição excessiva, obsessão pela tatuagem, falsa impressão de parecer diferente num mundo de mesmice.
Enfim, o grande público que consome o entretenimento pleno de hoje em dia e gourmetiza a mediocrização cultural em todos os aspectos, vive uma grande ilusão.
É um público que, embora esteja enquadrado no mainstream, se acha "vanguardista", se considera cool.
É um público arrogante, e isso é compreensível. Relativamente jovem - uns têm mais de 45 anos - , vivem a ilusão impulsiva de achar que tudo que curtem e apreciam é sinônimo de liberdade e espontaneidade.
Esquecem que vivem num contexto de profundo controle do mercado e da mídia.
De que adianta eles falarem mal do mercado, da mídia, dos donos e astros da mídia, se seguem fielmente suas determinações?
Esse identitarismo festivo e o padrão mental médio de bolsomínion, reaças de centro-direita e esquerdas identitaristas nada tem de diferenciado, como eles tanto tentam insistir, ameaçando "zoar" contra quem discorda deles.
A mediocrização cultural que temos é preocupante. Só a trilha sonora, com "sertanejo universitário" (que de universitário só tem o nome) e "funk", além de outras coisas medíocres ou rasteiras, diz muito.
Tudo isso é mainstream e establishment. "Sistemão", em português bem claro.
Mas as pessoas pensam que não. Pensam, por exemplo, que o "funk" nunca conquistou o "sistema" e ele sempre esteve dentro dele desde 1990.
Ou que a tal gíria "balada" não foi patenteada pela Jovem Pan. Ou que os valores de Luciano Huck compartilhados pelos "identotários" nada tem a ver com Luciano Huck.
Como pensar a "liberdade" com gurus do porte de Sílvio Santos, Otávio Frias Filho (in memoriam), irmãos Marinho, Tutinha e Huck?
A pessoa decide tatuar o corpo vendo um programa vespertino da Rede TV! e diz que a decisão veio com o ar que se respira?
As pessoas seguem Globo, Folha, SBT, Rede TV!, Jovem Pan etc, bebem da cerveja do Jorge Paulo Lemann e depois fazem cara feia para quem lhes oferece diversão e inventam que só veem Netflix?
Há muita falsidade no mundo. Só fico preocupado que essa falsidade contamina, no Brasil, nossa cultura e nosso lazer.
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