AS ESQUERDAS MÉDIAS E A DIREITA MODERADA ACEITAM LULA, DESDE QUE ELE DEIXE DE SER LULA E FAÇA O PAPEL DE DOM PEDRO II.
Mais de dois mil mortos por Covid-19 por dia!
Felipe Neto, lucidamente, chamou Jair Bolsonaro de genocida, tese corroborada até por especialistas em Medicina, porque o presidente insiste em deixar ocorrer as mortes da pandemia, e sofreu processo judicial, sendo hoje convocado a depor.
E o pessoal ainda não derrubou Jair Bolsonaro. E, segundo pesquisa Datafolha, o pessoal nem quer o impeachment do "coiso".
Como o Brasil pode representar um céu de brigadeiro para Lula? De jeito nenhum.
Estamos numa situação muito pior que em 1954, ano em que Getúlio Vargas, com um projeto político e um carisma similares aos de Lula, se matou, pressionado pela oposição política.
Aquele tempo era mais ameno. E, no lugar dos identotários, tínhamos a hi-so esbanjando esnobismo nas festas de luxo mais in. Sim, a moçada granfina já falava o portinglês, num país que mal tentava aportuguesar o verbete inglês football.
Aqui o estranho termo body, usado para substituir o galicisimo aportuguesado "maiô", voltou para o dicionário do Quem Acontece, o Olimpo das subcelebridades brasileiras.
Mas, naquela época em que os nossos empresários e profissionais liberais granfinos e casados com moças mais novas - ex-paquita, ex-apresentadora da TV Manchete, atriz em hiato de carreira etc - , bebês em 1954, fingem que entendem profundamente, a coisa era mais suave.
O máximo que tínhamos de oposicionismo eram os lacerdistas que, com todo o reacionarismo, eram legalistas, democratas e, até certo ponto, razoavelmente progresssitas.
Carlos Lacerda, no que diz ao sistema de ônibus, foi zilhões de vezes melhor que Eduardo Paes, o Joe Biden carioca com sotaque carregado de Luciano Huck.
E hoje, quando os bolsomínions se acham ainda bastante empoderados, sem meio das caras feias das esquerdas identotárias que brincam nas redes sociais?
Acho até que reina um clima de Beatles X Rolling Stones, Emilinha Borba X Marlene, nesse pessoal todo.
Jair Bolsonaro, naquele puxadinho do Planalto no qual ele interage com jornalistas solidários, mas de vez em quando, agride verbalmente um que tente sair do tom, inventa uma metáfora.
Tipo aquele papo de que, se tomar a vacina contra a Covid-19, vai virar jacaré.
Aí as esquerdas médias surfam no bolsonarismo, pegando jacaré na declaração de Bolsonaro e esnobando o papo do jacaré.
E aí os identotários de esquerda recorrem aos brinquedinhos culturais da direita moderada, já com saudades de verem novelas inéditas das 21 horas na Rede Globo, a água com açúcar que as esquerdas médias tomam para esquecer a hidrofobia de William Bonner e companhia.
"Ah, que Brasil verdadeiro!". Pobres felizes rebolando numa festa e velhinhos bonachões falando frases simplórias de falso saber e fazendo pequeninas ajudas.
Daí o bumbum tantã e o arrogante triunfalismo dos funqueiros contra uma declaração de Rick Bonadio, que não é lá um militante sério da cultura de verdade. Imagina se fosse.
Daí falarem que o tal "médium de peruca", da patética "profecia da data-limite", ajudou a divulgar o Espiritismo brasileiro, o que é uma grande burrice.
Pelo contrário: o "médium de peruca" arruinou, de maneira criminosa, o Espiritismo no Brasil, de forma a transformar a religião "espírita" numa seita muito mais hipócrita do que a pior das correntes neopentecostais.
O tal "bondoso médium" divulgou errado, cometeu desvios doutrinários ao pobre do Allan Kardec, que, vale lembrar, pagava com o próprio bolso as pesquisas para desenvolver a Doutrina Espírita original, para tudo se tornar um "baile funk" igrejeiro e chiqueirista, dos piores!
As esquerdas médias dizem ser contra fake news mas aceitam dar ouvidos a um Humberto de Campos fake dizendo que o Brasil vai dominar o mundo com Evangelho.
Teocracia perigosa, Catolicismo medieval de botox misturado com Ocultismo macabro, anunciado como pretensa "doutrina do amor" como fazem as pessoas mais traiçoeiras quando assediam crianças inocentes.
Muita novela das nove, na cabeça dessas esquerdas nem tão esquerdistas assim. Até porque elas são as que mais estão se sentindo felizes.
Falam em "liberdade" o tempo todo: a do corpo, a da tatuagem, a da lacração, a do rebolado, a da maconha, a da embriaguez, fora os quenuncas que cometem besteiras por se acharem "gente como a gente".
O golpe político de 2016 trouxe um legado que quase ninguém percebe: criar um quintal para as esquerdas e os oposicionistas em geral brincarem.
Essas pessoas gritam "Fora Temer" e "Fora Bolsonaro" até caprichando no volume, mas sem efeito concreto algum. Michel Temer encerrou o mandato-tampão rindo dos seus opositores.
É um dado estranho. Essas esquerdas parece que estão aguentando Bolsonaro. E, pior, interagindo, ainda que fosse no tom de uma rinha de galos.
Bolsonaro combina pautas. As esquerdas identotárias - que veem marxismo nos "xibom bombons" e "bumbuns tantãs" da vida - acolhe essas pautas e brinca de oposicionismo recreativo, que só traz o efeito placebo da catarse coletiva.
E aí que moral têm essas esquerdas médias para falar alguma coisa em prol das causas progressistas?
Claro que o contexto pode permitir mudanças, mas tenhamos cuidado.
Há direitistas moderados que caem na real e analisam, objetivamente, que Lula possui virtudes e é o melhor líder político a conduzir esse país extremamente fraturado.
Há esquerdistas identitaristas que veem que exageraram demais no identitarismo e agora repensam os retrocessos trabalhistas que deixaram em segundo plano.
Mas há também aproveitadores.
Os direitistas moderados mais afoitos, que lá de longe encenam os braços abertos e o largo sorriso a darem para os esquerdistas, prometendo da paz mundial ao pagamento do rodízio de chope.
Vão desde figuras concretas de jornalistas culturais vindos da mídia venal, ex-prefeitos corruptos de capitais que viram dublês de radiojornalistas até, de forma simbólica, falecidos "médiuns" que defenderam a ditadura e o AI-5 e são tidos como "bondosos" por carregarem bebês pobres no colo.
E as esquerdas médias também são aproveitadoras das esquerdas. São pessoas da elite, a pequena burguesia do imaginário marxista-leninista, que se autoproclamam "marxistas" apenas por, supostamente, não manifestarem ódio aos pobres.
Dizem odiar Luciano Huck mas compartilham de tudo que o apresentador, empresário e aspirante a presidenciável pensa, defende, age e acredita.
Essas esquerdas dizem defender Lula, mas sob a condição de que ele deixe de ser o torneiro-mecânico sindicalista de outrora para fazer um papel decorativo de um Dom Pedro II.
As esquerdas que agem assim lacram a Internet, monopolizam a opinião pública, dominam as narrativas e ocupam quase todos os espaços midiáticos das esquerdas no Brasil.
Esas esquerdas nem acreditam em luta de classes. Tanto que fazem sua profissão de fé nos "heróis" que a direita moderada lhes deu: funqueiros, popozudas em geral, "médiuns de peruca", craques milionários de futebol, toda a fauna que lembra o "povo" que aparece nas novelas das nove da Rede Globo.
Elas tanto não acreditam em luta de classes que esqueceram das causas trabalhistas e preferem falar de festa e identitarismo enquanto se acumulam sem-teto nas ruas das capitais brasileiras.
Até imagino que o mito do "kit gay" não teria sido plantado por algum identitarista de esquerda que interagiu com algum bolsonarista.
As esquerdas identotárias já falam no refrão "Bolsonaro Genocida", enquanto seu querido "funk" esbanja negacionismo puro em relação às recomendações de prevenção contra a pandemia.
Com tanta gente feliz, falando em "liberdade" nesse período muito perigoso, nota-se que o Brasil ainda viverá momentos piores.
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