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FRENTE AMPLA PARA CASTRAR LULA?

POR TRÁS DE SORRISOS, DIVERGÊNCIAS PROFUNDAS ENTRE AÉCIO NEVES E LULA. DAÍ O GOLPE DE 2016, POR EXEMPLO.

Já se fala numa frente ampla para respaldar a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva em 2022.

Isso traz uma sensação de apreensão.

O anti-bolsonarismo que se torna o tom dessas alianças, que misturam as forças progressistas com o DEM e o PSDB, torna-se uma frágil afinidade que não justifica tal acordo.

Afinal, o que estará em jogo é a castração do projeto progressista de Lula.

Pessoas que estavam do lado do golpe de 2016, como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o famigerado Aécio Neves, agora tentam apagar o passado e bancarem os "democratas bonzinhos".

Eduardo Paes é o Joe Biden carioca. Enquanto posa de camarada ao lado das esquerdas identotárias, ele vai guerreando contra as favelas, que sofrem a mesma tragédia do abuso da violência policial.

Aécio Neves esteve ao lado de Jair Bolsonaro no esquema de Furnas, vide uma lista que nunca foi devidamente investigada e teria sido um escândalo político que talvez tivesse barrado a candidatura do "capitão", se o Brasil fosse um país menos imperfeito.

Isso não será bom. Será a volta a 2002, quando Lula teve que negociar aliança com o baixo clero político, a direita fisiológica, para ser eleito presidente da República.

E não devemos voltar a 2002, repetir a História como uma farsa, porque imitar a História faz o destino cobrar um preço muito caro à humanidade.

As esquerdas médias se esquecem que o problema não é só a pandemia ou a agenda genocida do bolsonarismo.

Também se esquecem que a coisa não se resolveu com o desmascaramento da Operação Lava Jato.

Os estragos do golpe político de 2016 ocorreram e não foram poucos.

As conquistas trabalhistas foram desfeitas, o patrimônio econômico brasileiro é vendido aos poucos para os gringos, e tudo o que nos restará é a democracia formal, com algum legalismo institucional.

Para as esquerdas médias, está bom, porque elas passaram a acreditar que o auxílio emergencial não é emergencial, mas permanente.

Elas vivem no conforto e brincam nas redes sociais. Ainda vivem de lacração e monetização para seus artigos dotados mais de emoção do que de alguma lógica ou prudência textual.

Não são elas que vivem em barracos caindo aos pedaços, ou que vivem deitadas nas calçadas frias das ruas, ou que precisam pegar restos de comida no lixo para matar a fome, ou terem que ver amigos, vizinhos e parentes morrendo por balas perdidas em tiroteios.

E aí pouca gente percebe o quanto tem gente querendo impedir que as forças progressistas retomem o poder.

Se não dá para conter o fenômeno Lula, o jeito é tentar freá-lo, domando a fera através de uma suposta aliança democrática.

Porque essa aliança nada tem de democrática e tudo tem de condicionada. Ela visa fazer com que Lula abra mão de partes fundamentais de sua agenda progressista.

Deixem a Petrobras desaparecer, a Eletrobras e os Correios serem privatizados de uma vez, os aumentos salariais serem limitados, e o povo pobre assistido sem que se supere, de verdade, a pobreza estrutural que atinge e aflige nosso povo.

Se é para a centro-direita retomar o poder, então que retome de uma vez. Só não use o Lula para isso, enganando as esquerdas médias.
 

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