O Brasil vive um gravíssimo pesadelo sanitário. Só em dois dias, a Covid-19 matou quase R$ 4 mil pessoas. 1726 ontem e 1910 hoje, segundo dados oficiais até o momento.
A situação está mais do que preocupante. Pânico e dor nos hospitais. Apreensão, tristeza e mais dor em muitos lares.
O esquema de vacinação é escasso e bastante confuso. E lento, no que se diz à distribuição etária.
Afinal, embora os mais velhos devam ficar imunizados, a escala de distribuição por idade é muito lenta.
Jovens também são altamente vulneráveis ao Coronavírus.
O desgoverno Jair Bolsonaro é responsável por essa tragédia que matou mais de 250 mil pessoas e, seriamente, não há pragmatismo que possa justificar sua permanência no cargo.
A situação é preocupante e o Brasil vive um gigantesco caos social.
Isso porque há gente que, de um lado, sonha demais, e outra gente que sofre demais um pesadelo sem limites.
A direita comportada consentiu em apoiar Bolsonaro pelo horror ao petismo. Hoje, uma parcela dela admite que Fernando Haddad seria melhor que aquele que o derrotou e conquistou a Presidência da República, há dois anos e meio.
Se bem que existe outra direita comportada, mais sonhadora no sentido neoliberal do termo, sonhando em ver o Brasil transformado num gigantesco "caldeirão", de preferência cheio da cerveja da Ambev do magnata Jorge Paulo Lemann.
As esquerdas identotárias, com seus brinquedos culturais da centro-direita, na qual adoram sentar no colo ("sentar", no sentido do "funk" que elas gostam), orando para o "médium de peruca" trazer a paz e a transformação planetária e rebolando ao som do "bumbum tantã".
É graças ao sonho das esquerdas identotárias, por sinal também financiadoras do bem viver de Lemann, e ao sonho ricaço da direita direitinha, que chegamos ao pesadelo de quem não vive o conforto dessa patota toda têm que encarar sem controle.
Aguentou-se Jair Bolsonaro o quanto pôde, quando em verde ele nem deveria ser eleito presidente da República.
Aliás, ele nem deveria ter sido eleito deputado federal em 2014, que é um dos fatores que, depois, condicionaram o golpe político de 2016, perto de celebrar cinco anos.
E isso veio por conta do pragmatismo doentio dos cariocas, que fez o Grande Rio decair tanto que, agora, eu moro em São Paulo, na contramão da patota que quer viver perto das praias de Rio de Janeiro e Niterói.
Aqueles internautas que faziam linchamento virtual contra quem discordasse de ônibus padronizados, rádios pseudo-roqueiras, mulheres-frutas, gírias hipermidiáticas (tipo "balada" - ©Jovem Pan) e outras bobagens, deveriam se envergonhar do que fizeram.
Em São Paulo tem ônibus padronizados, imposição dos banqueiros do Itaú nos tempos da ditadura militar e preservados por uma mentalidade tecnocrática defendida pelo PSDB.
Mas, pelo menos, há mais vantagens. Por incrível que pareça, os paulistanos parecem mais gentis que os cariocas. Acho que o Rio de Janeiro ainda não se recuperou do ressentimento de ter perdido o status de capital do Brasil e Niterói, o de capital do Estado do Rio de Janeiro.
Os sintomas são diferentes, mas igualmente graves: o Rio de Janeiro reagiu com arrogância e Niterói, com acomodação. Mas ambos perderam o glamour urbano de outrora.
Em que pese o centro de São Paulo ser miserável e perigoso, a capital paulista apresenta um frescor urbano que o Grande Rio deixou perder na sua aventura louca pelo pragmatismo desesperado.
Aquela mania, não muito consciente e muito menos assumida, de querer o pior hoje para que algo melhor venha amanhã.
E aí vemos no que deu. Cariocas e fluminenses isolados como numa ilha despótica e distópica.
Tive que ir embora. Até no clima ficou insuportável. Calor com sensação térmica de 50 graus. E tudo isso visto como poesia.
Vi niteroienses felizes e alegres enquanto uma pequena fogueira estava acesa num poste elétrico, perto de onde morei.
Os mesmos que, quando aparece uma foto de Lula ou Dilma Rousseff num jornal exposto numa banca, explodem de ódio e revolta profundos.
Então é esse pragmatismo de niteroienses que se revoltam com o PT mas acham que uma aberração como os parklets, as tais "praças de rua", são "frutos da generosidade humana", e de cariocas que pensam que o "funk" é a vanguarda das vanguardas, que o Brasil está caindo no precipício.
Eles elegeram Jair Bolsonaro e Eduardo Cunha que foram peças importantes para o golpismo político que resultou nesse Brasil caótico.
E as esquerdas, com seus brinquedos culturais que elas brincam sentadas no colo da direita neoliberal que dizem odiar (da boca para fora, mas para lacrar e monetizar nas redes sociais), também são culpadas por omissão ou consentimento.
E aí vemos o que deu esse pragmatismo carioca e seu papo furado de que "não é grande coisa, mas é melhor do que nada", defendendo coisas medíocres mas se irritando contra quem discordasse disso.
O Rio de Janeiro perdeu a sua grandeza. Sei que muitos torcem por sua recuperação, mas eu sou realista. Também gostaria de ver Rio de Janeiro e Niterói recuperadas, mas fica impossível. A maioria do seu povo, que hoje mais parece versão piorada dos caipiras de Barretos, é que não deixa.
E aí vemos o preço que cariocas e fluminenses pagam, pela contribuição decisiva pelo estrago que o Brasil está sofrendo.
Ver que sociopatas que, nas redes sociais, linchavam discordantes de seu pragmatismo tosco agora são co-responsáveis por 250 mil mortos de Covid-19 pode soar pesado demais. Mas é só ver a linha do tempo nos últimos 20 anos que se verá que isso é verdade.
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