A "HISTÓRICA" POLARIZAÇÃO ENTRE LULA E JAIR BOLSONARO NUNCA PASSOU DE UM MERO FLA-FLU POLÍTICO.
O Brasil vive sua degradação cultural com a Copa do Mundo de 2022. Nunca se viu tanta imbecilização cultural, com a supremacia da música brega-popularesca e a proliferação de subcelebridades, das quais a inútil festa "Farofa da GKay" é definida como "grande acontecimento", para um país que já teve a Semana de Arte Moderna, há cem anos.
Havíamos tentado ser um país grandioso, e isso ocorreu por algumas décadas, entre 1922 e 1963, quando o nosso país procurava ter algum avanço não só político, mas social e cultural. Com centenas e centenas de problemas, pelo menos havia uma vontade das elites intelectuais da época em melhorar nosso país, um processo que se tornou interrompido em 1964 e cujos únicos focos de debates críticos desapareceram pouco a pouco, até se tornarem práticas antissociais nos anos 2000.
No lugar, temos essa intelectualidade hipócrita, tida como "bacana" por conta de seu jeito ora coitadista, ora arrogante, ora populista. O choroso Paulo César Araújo, o arrogante Eugênio Arantes Raggi, o porralouca Milton Moura, o pseudoesquerdista Pedro Alexandre Sanches, o vitimista com pretensões preciosistas Rodrigo Faour, o que temos são esses filhotes do tucanato acadêmico querendo transformar a aberrante imbecilização da bregalização cultural em "causa libertária", uma farsa desmascarada com paciência cirúrgica no meu livro Esses Intelectuais Pertinentes....
Esse país culturalmente defasado, digamos até sucateado, acha que atingiu a maturidade política quando elegeu Lula para a Presidência da República. Grande engano. Lula fez uma campanha desastrosa, encarou um Brasil catastrófico fazendo clima de festa e faltou a alguns debates de televisão, além de atrair opositores para sua base aliada, achando ser "democrático" que galinheiros e rebanhos sejam comandados por raposas e lobos.
Lula só venceu porque mexeu na emotividade dos brasileiros infantilizados, que não pereceberam que o "Lulão dos sindicatos" nunca passou de logomarca de camiseta ou de um simbólico holograma a habitar o imaginário das pessoas como se fosse algo vivo, mas está morto.
O Lula sindicalista morreu definitivamente. O que existe, de 2021 para cá, não passa de um pelego que faz o jogo das elites políticas e econômicas do neoliberalismo. Não me arrependo de não ter votado 13 na última eleição, de tão decepcionado com o líder petista que cheguei a admirar bastante.
Não, não tivemos 60 milhões de cientistas políticos do lado de Lula. Mas também não tivemos ativistas políticos do lado de Jair Bolsonaro. Os dois pólos, se não extremos no conteúdo programático, são extremos nas paixões ideológicas, não passam de meros Fla-Flu políticos, perigoso no lado bolsonarista e ingênuo e idiotizado no lado lulista.
As esquerdas médias foram contaminadas por um culturalismo brega-popularesco que é culturalmente vira-lata na sua essência, embora o juízo de valor seletivo da classe média "positivista" de hoje só definisse como viralatismo cultural manifestações de hidrofobês hoje representadas por nomes como Bolsonaro, Sérgio Moro, Carla Zambelli, Roberto Jefferson e similares. Até o direitista mais obscurantista seria visto como "progressista" se evitar o hidrofobês e a estética da raiva.
Se o reacionário capricha nas gargalhadas animadas, e mesmo sua agressividade manifesta nos "tribunais de Internet" se conduz mais pela ironia do que pela raiva, muita gente morde a isca e pensa que o reaça animadão é um "progressista", "democrata" ou "libertário". Se ele defende o "estabelecido" e suas ideias são compartilhadas pelo seu grupo de umas dezenas ou centenas de internautas, o sociopata ou psicopata de plantão pode se passar por um "progressista" e ser salvo do naufrágio do barco bolsonarista.
As próprias esquerdas médias agiram como valentões de escola quando esculhambaram a Terceira Via, não bastasse o tratamento de zoeira infantil que davam a Bolsonaro, como se ele fosse não um perigoso líder extremo-direitista, mas um palhaço a receber chacotas de seus opositores.
Tudo virou chacota, carnaval, festas, procissões, micaretas, ainda que, no caso do "tribunal da Internet", haja o "assassinato de reputações" travestido de "zoeira saudável" contra quem discorda de fenômenos estabelecidos seja pela política, pelo mercado ou pela indústria cultural. E isso com muito bolsomínion se escondendo no armário, agora operando como supostos esquerdistas, mais à vontade porque Lula, hoje, se rendeu aos seus opositores e usurpadores, sepultando definitivamente o esquerdismo.
Vivemos em órbita de uma classe média que, embora tivesse mudanças peculiares e pessoais em termos de comportamento de geração, mantém uma essência retrógrada que, em termos gerais, remete à Era Geisel, o período 1974-1979 que formou o inconsciente coletivo de grande parte dos brasileiros dos dias de hoje.
E vemos que, mesmo com redemocratização, governos progressistas e alguma prosperidade econômica, nosso país não progrediu de verdade. A impressão que se tem, depois das eleições de 2018 e 2022, o que vemos não é uma conscientização política, não é o "cidadão indignado" que elegeu Bolsonaro em 2018 nem o "novo humanista" que decidiu votar em Lula. Vemos, isso sim, são expectadores do Domingo Maior da Rede Globo decidindo as eleições de 2018 e, agora, são os expectadores das novelas das 21 horas da mesma Globo que agora elegem Lula.
A sociedade brasileira de hoje é hipermidiatizada e hipermercantilista. O "deus" dinheiro, a grande mídia, os grandes escritórios decidindo o que os nossos jovens devem pensar, decidindo até as gírias (como "balada"), os costumes, os desejos e até os vícios daqueles que, pela pouca idade, imaginam que sua vida é fluente e segue o fluxo natural do vento. Só que esse vento vem do ar condicionado dos poderosos escritórios. Só que não posso dizer isso nas redes sociais. O Supremo Tribunal do Umbigo e sua instância derivada, o "tribunal da Internet", não deixam.
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