A velha ordem social que obteve o protagonismo pleno no Brasil atual, a burguesia que derrubou João Goulart e que agora, repaginada, defende até a reeleição de Lula - hoje convertido num serviçal das elites "esclarecidas" - está destruindo o país, juntamente com os bolsonaristas que não se sentem intimidados com o cenário atual.
Enquanto bolsonaristas ensaiam tretas contra o colega extremo-direitista Pablo Marçal, xingado de "traidor" na manifestação do Sete de Setembro na Avenida Paulista - , e realizam incêndios no interior de São Paulo, no Centro-Oeste e no Triângulo Mineiro, os "animais consumistas" consomem dinheiro feito bestas-feras ensandecidas, realizando happy hours até em vésperas de dias úteis e promovendo "festas de aniversário" todo fim de semana.
E como a "boa" sociedade tem um apetite para fumar cigarros bastante descomunal, se solidarizando, sem querer, com as "lições" do "fisólofo" Olavo de Carvalho - um dos "malvados favoritos" dessa "sociedade do amor" - de que "fumar faz bem à saúde" (sic), a fumaceira fez a minha querida São Paulo, cidade onde moro atualmente, se tornar, anteontem, a cidade mais poluída do mundo.
Há gente que atribui exagero a essa atribuição, mas em todo caso São Paulo esteve entre as cidades com pior qualidade de ar na última segunda-feira. Além de Sampa, as cidades de Rio Branco, Porto Velho e Campinas estavam entre os índices preocupantes de poluição, em virtude das queimadas na Amazônia e no Pantanal.
Nos tempos de Michel Temer, a poluição preocupante que eu via foi quando eu morava em Niterói e via uma estranha "neblina" na vista da cidade do Rio de Janeiro. E eu já sai para caminhar para Icaraí e para o Centro niteroiense sentindo um calor insuportável com um sol escaldante, numa região que, curiosamente, faz com que fluminenses e cariocas, que costumam se enfurecer com a menor discordância às suas crenças e convicções, têm sangue de barata em certas situações de risco.
Eu pude ver, perto de onde morava, na Rua Santa Rosa, próximo da Rua Américo Oberlaender, uma pequena fogueira ser acesa junto a um poste de energia elétrica e as pessoas em volta estavam felizes da vida, se cumprimentando, falando coisas alegres, rindo, contando piadas ou andando tranquilamente. Caramba, com um risco de explosão potencial que, felizmente, não aconteceu, mas poderia causar estragos e mortes!
É o estado de espírito dessa ordem social caquética que desde 2016 se divide entre o protagonismo e o oposicionismo. Os "luzias" e "saquaremas" do Segundo Império hoje retornam nas imagens dos lulistas e bolsonaristas, numa dicotomia que lembra o MDB e ARENA na ditadura militar e, nos EUA, os partidos Democrata e Repubicano. Liberais e conservadores lutando para que o futuro do nosso sofrido Brasil seja sempre perfumado com o cheiro forte de mofo tóxico.
E pelo jeito esse mofo tóxico vem acompanhado de poluição. A situação está tão terrível que a NASA, a agência espacial dos EUA alvo de piadas por conta de sua sigla usada como suposta marca de travesseiros, decretou que o Brasil só tem cinquenta anos de existência, pois depois disso se tornará um país inabitável.
Sim, amigos, e o Brasil acaba se nivelando a Tuvalu, a pequena ilha que pode desaparecer para sempre, e por isso seus habitantes e autoridades estão fotografando e registrando tudo para criar uma memória histórica de um país que deixará de existir em breve.
Tudo isso porque temos uma "democracia" disputada pela terrível polarização que é herança das velhas ordens sociais do pós-1964 e que agora tentam ser donas do futuro dos brasileiros, com um culturalismo tão risível que inclui até gíria de drogados - a tal "balada", eufemismo para rodízio de pílulas alucinógenas da juventude rica da Faria Lima - e a supervalorização de coisas medianas como o humorístico Chaves e ídolos como Michael Jackson e Guns N'Roses.
Essa polarização, que inclui as esquerdas identitaristas que apoiam Lula e os alucinados reaças que apoiam Jair Bolsonaro, está destruindo o Brasil. E seu ensaio é querer destruir São Paulo. Os bolsonaristas destruíram o Rio de Janeiro, desde que bolsomínions saíram feito cães raivosos das cavernas digitais da comunidade "Eu Odeio Acordar Cedo" do Orkut. Sampa é uma cidade que passei a amar assim que decidi morar aqui e conhecer a fundo essa grande capital do Sudeste.
É triste ver o Brasil assim, entregue a uma ordem social que cheira a cadáver em decomposição, mas que se autoproclama "o novo", dividida entre a "sociedade do amor" e o "gabinete do ódio", lutando para que não apenas defendam o atraso reinante no nosso país como, talvez, imponham esse atraso para o resto do planeta. Felizmente, o Primeiro Mundo não leva a sério esse complexo de superioridade que, pelo jeito, só tem validade dentro do território brasileiro.
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