NICOLÁS MADURO E LULA, UM ANO ANTES DA TRETA POLITICA.
Isso é que dá os lulistas e todos os outros "democratas" boicotarem textos com questionamentos e críticas, fora também o boicote a livros que transmitam um Conhecimento autêntico e arrojado. Desconhecem a realidade em volta e, no primeiro momento, se acham possuidores da "verdade" que só eles acreditam, mas que aos poucos é dissolvida feito areia grudenta apertada pela mão. Acabam sendo os últimos a saber, e têm que correr atrás para ler aquilo que se recusaram a saber.
Mas também o próprio presidente Lula paga o preço pela sua teimosia. A vergonhosa decisão de priorizar a política externa, quando o país precisava ser reconstruído, acreditando na mágica fácil dos "relatórios" que, na prática, queriam anunciar a colheita antes da plantação, fez o presidente brasileiro se envolver em polêmicas bastante perigosas, como nos casos dos conflitos entre Ucrânia e Rússia e entre Israel e o povo palestino.
O inverno reacionário de 2016 desnorteou as esquerdas em geral, sejam elas das velhas correntes como as de Daniel Ortega, na Nicarágua, sejam as correntes flexíveis e "democráticas" como as de Luís Arce, na Bolívia, e o próprio Lula, que tentam retomar um protagonismo artificialmente reconquistado, já que o contexto atual não permite que o antigo esquerdismo possa respirar livremente.
Desse modo, vemos que, antes, Nicolas Maduro tinha uma conduta mais democrática como presidente venezuelano, assim que Lula já mostrou serviço nos dois mandatos anteriores. Antigos aliados, os dois surtaram de formas diferentes, e nosso blogue já informa, com exclusividade ímpar, que o presidente brasileiro, no seu atual mandato, está mais para uma mascote da burguesia do que para o "presidente amigo dos pobres".
Maduro, no entanto, decidiu agir de maneira autoritária quando quis se reeleger para mais um mandato, com votos atribuídos à sua suposta vitória eleitoral que foi declarada sem a divulgação das atas das votações. Prendendo quem se opôs à sua vitória, Maduro criou um clima de tensão que, logo após o anúncio do resultado eleitoral, causou a morte de dezenas de pessoas.
Recentemente, o opositor Edmundo González, que reivindica a vitória eleitoral, se exilou na Espanha, enquanto outros seis opositores, entre jornalistas, ativistas e membros do partido de perfil liberal Vente Venezuela, foram buscar asilo na embaixada da Argentina, país atualmente governado pelo extremo-direitista Javier Milei.
Com Lula se abstendo da necessidade de legitimar a vitória do ex-amigo, e preferindo adotar a postura "democrática" de esperar a divulgação das atas para adotar uma postura, o presidente brasileiro teve que "não reconhecer" a vitória eleitoral, criando um clima de treta com Maduro, que, se sentindo traído pelo petista, afirmou que o mundo "não se mexeu" quando Jair Bolsonaro contestou a vitória eleitoral de Lula em 2022.
As eleições da Venezuela ocorreram no último dia 28 de julho, mas até agora o resultado não teve um desfecho, pois uma crise internacional se deu quando Maduro anunciou sua vitória eleitoral. E Lula, agora interagindo com o chamado "mundo democrático", tem que se desvincular da antiga aliança com o venezuelano, que faz os antipetistas mais prosaicos atribuírem o presidente brasileiro à reputação de "amigo do ditador".
Mas a vitória eleitoral de Maduro ainda tem um terrível sabor. Ele dá um recado muito amargo para o próprio Lula, que com sua popularidade em declínio, não deveria pensar em ser reeleito. A forma com que Lula buscou um novo mandato, usando e abusando das concessões à direita "democrática", o fez decepcionar muitos brasileiros à espera de um progresso que fosse notado pelos fatos e não pela coreografia vibrante de palavras, números, sinais de porcentagem e gráficos.
E aí vemos Lula dando ao seu mandato um gosto de "terceira via" que talvez a própria terceira via, ironicamente, nem tivesse coragem de dar. Ver que os tais "recordes históricos" de Lula não passam de um monte de papelada que não encontra respaldo na realidade vivida pelos brasileiros, irrita muitos lulistas, mas a realidade brasileira não pode ser escrava de narrativas dignas do positivismo tóxico do Instagram, Tik Tok e, agora, Bluesky.
A situação de Lula está sob um perigoso xadrez político. Ele não pode adotar uma postura farovável a Nicolás Maduro, sob o pretexto de proteger o suposto "esquerdismo de raiz" do petista, traindo a sua nova reputação "democrática", mas também não pode ser "tão esquerdista" quanto antes, o que, em contrapartida, pode decepcionar os movimentos sociais mais orgânicos, como o proletariado e o campesinato.
Resta Lula ter que apostar no mínimo denominador comum de sua imagem "democrática", perdendo aliados nas esquerdas em nome de uma "frente ampla" que não é tão ampla assim, pois, se o presidente conquista a confiança das elites liberais que envolvem magnatas, empresários e personalidades ricas, o povo pobre acaba se sentindo abandonado e traído, ainda mais quando os "recordes históricos" que envolvem até o crescimento do Produto Interno Bruto não refletem no cotidiano do povo brasileiro.
Além disso, Lula também terá que repensar se há condições para ele arriscar um novo mandato. Juntando o desgaste de sua popularidade fora da bolha lulista, a aparência terrivelmente envelhecida do presidente e o fato dos antipetistas não se sentirem intimidados, Lula ainda tem que lidar com as comparações com Maduro quanto à ambição de se perpetuar no poder.
A situação, portanto, está complicada. Mas não fala isso com os lulistas, não, porque eles não gostam.
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