Infelizmente, certas pessoas ficam boiando sobre determinado assunto e se comportam como se estivessem avoadas e bitoladas. O caso da novela da "avenida de bairro" da RJ-106 é bastante ilustrativo disso, com pessoas que se comportam como se estivessem viajando no ácido.
Sabe-se que Rio do Ouro e Várzea das Moças, bairros de Niterói, não possuem uma via direta de ligação. Elas dependem de um incômodo trajeto por uma rodovia estadual, a RJ-106 (Rodovia Amaral Peixoto - Tronco Norte Fluminense), que além de longo atrapalha o tráfego que deveria enfatizar apenas os veículos que vão e vêm da Região dos Lagos, que incluem municípios distantes como Cabo Frio e Macaé. Mas mesmo para ir para Araruama o trajeto não vai "logo ali".
É extremamente assustador, coisa de fazer mudo tetraplégico ter vontade de sair correndo pelas ruas dando berros de desespero, a indiferença dos niteroienses quanto à necessidade de uma nova rodovia ligando os dois bairros niteroienses, livrando a RJ-106 do fardo pesado de "avenida de bairro".
A indiferença chega a ser surreal. Indiferença, não se fala em discordância. O pessoal nem discorda nem concorda, fica na sua, o niteroiense médio ali preso no seu mundo da Rua Ator Paulo Gustavo - antiga Rua Coronel Moreira César, que socialmente é uma espécie de Faria Lima niteroiense - e restringindo sua visão de mobilidade urbana ao solipsismo viciado de ir e vir de carro para o Rio de Janeiro, pela famosa ponte.
Fora isso, "mobilidade urbana", para o niteroiense médio, se limita somente ao deslocamento do copo de cerveja segurado por uma das mãos, da mesa para a boca do bebedor. Ou então o deslocamento de uma bola de futebol, pelos pés de algum jogador do Flamengo, em direção ao gol.
Entender a mobilidade urbana dentro desses limites é um horror. E a Prefeitura de Niterói se limitando a recapear as vias existentes do Rio do Ouro e Várzea das Moças - medida que recebeu nomes pomposos como "palotragem" e "macrodrenagem" - e tirar onda dizendo que "repaginou os bairros" é totalmente constrangedor.
Repaginar Rio do Ouro e Várzea das Moças é construir uma rodovia no terreno ocioso entre o fim da Estrada Velha de Maricá, onde um terreno serve de "terminal" improvisado de ônibus, e a Estrada Ewerton da Costa Xavier, altura da Rua Jean Valenteau Mouliac, tirando da RJ-106 a triste condição de "avenida de bairro".
Como o niteroiense médio ignora isso, mesmo os jornalistas que mais parecem preocupados com obviedades e coisas previsíveis, tive que fazer essa montagem para "desenhar" como deveria ser a nova rodovia.
A ilustração acima foi feita "em cima do "terminal" do Rio do Ouro, na citada Estrada Velha de Maricá. Utilizei uma outra foto de rodovia e inseri na paisagem original do Google Maps, fazendo "desaparecer" a gambiarra do ponto de ônibus. Portanto, trata-se da Rodovia Rio do Ouro-Várzea das Moças, vista sob a perspectiva de quem está no fim da Estrada Velha de Maricá.
Espero que acabe com tamanha indiferença das pessoas. Hoje a proposta da nova rodovia ligando Rio do Ouro e Várzea das Moças é a Cafubá-Charitas da hora. Muitos niteroienses desprezam essa necessidade, mas o crescimento da Região Oceânica de Niterói irá aumentar o tráfego e causará problemas na RJ-106, mesmo se esta for duplicada, pois isso será inútil se continuar a sina de "avenida de bairro".
Hoje ninguém liga para esses problemas. Mas depois essa indiferença "tranquila" será chocante, pois no futuro os transtornos serão muitos, intensos e irritantes. É com o pessoal da Rua Ator Paulo Gustavo começar a observar o mundo em sua volta, em vez de olhar para o outro lado da Baía da Guanabara à procura de alguma emoção no Maracanã.
Comentários
Postar um comentário