O Governo Federal manifesta sua preocupação ao saber que os pobres estão usando o benefício da Bolsa Família em apostas digitais, nos portais conhecidos como bets, que estão levando inúmeros internautas à falência, da mesma forma que o Jogo do Tigrinho (Fortune Tiger).
O episódio parece ser meramente aleatório, como naqueles boatos de que os pobres pegavam o dinheiro da Bolsa Família para comprar cachaça. Mas a verdade dos fatos é que a situação atual serve como um alerta para os lulistas, pois os pobres estão dando seu "grito de socorro" com o uso do benefício financeiro para apostas esportivas, um meio que os pobres acreditam poder reforçar as apertadas finanças que recebem.
Isso parece um absurdo para uma classe que hoje monopoliza as narrativas, uma burguesia heterodoxa e metida a esclarecida, a elite do bom atraso, que não admite pontos de vista diferentes do seu. Apesar de se declarar "democrática" e 'amante da liberdade em toda sua plenitude", essa elite ainda tem o AI-5 fervendo em seus sangues, banindo o senso crítico - tido como "frescura de existencialistas distópicos europeus" - e cancelando e boicotando blogues, livros e páginas que apresentem visões contrárias ao seu modo hedonista-consumista de vida.
Mas é verdade. Por fora da bolha lulista, vemos o quanto os trabalhadores não estão felizes com o salário de R$ 1.412, com a atual atitude de Lula de acrescentar míseros R$ 90 no salário-mínimo a cada ano, e dar pequenos auxílios financeiros como consolação.
Essas ajudas não conseguem cobrir as finanças de famílias pobres, que, não raro, são numerosas, e ainda continua a sina de crianças pequenas terem que vender balinhas para reforçar a renda familiar, e são crianças de três anos de idade, privadas de brincar e exercer sua imaginação em formação para, tristonhas, terem que pedir para que pessoas comprem seus doces nas calçadas e sinaleiras.
Jovens pobres não conseguem receber mesadas dos pais, afinal que mesada seus genitores têm condições de dar, se o dinheiro que recebem precisa ser guardado sob um estrangulado orçamento, para ver se algum valor sobra intato para comprar comida no mês seguinte?
E aí muita gente se deixa levar pelas propagandas estonteantes das páginas de apostas, em mais uma demonstração de como a mídia esportiva é sórdida, pois ela promove e estimula o fanatismo que já leva torcedores a ficarem violentos e estressados, e, agora, empurra muita gente a fazer apostas na esperança de ganhar dinheiro e acabam ficando ainda mais miseráveis e endividados.
Só a burguesia de chinelos, esta que está "com Lula na cabeça" e não aceita que outros pensem diferente dela, é que acha que o uso da Bolsa Família para apostas é um episódio "aleatório". Também, essa elite é tão confusa que, ao mesmo tempo, é capaz de achar "barato" um aluguel de R$ 2 mil enquanto jura que R$ 1.412 é um "salário volumoso".
O mais irônico dessa situação é que o governo Lula chegou a aprovar um projeto de lei em favor dessas apostas, que também sinalizam pagar pequenas partes do "imposto do pecado". A mídia esportiva criou mais um monstro, as bets, depois da violência das torcidas, e é lamentável que essa mídia condene esses abusos que ela mesma estimulou sem um pingo de escrúpulos. Depois a gente fala que futebol, no Brasil, é uma paixão tóxica e o pessoal não gosta.
O nível de compreensão das necessidades do próximo dessa aristocracia bronzeada é tão confuso que eles idolatram um "médium" charlatão cuja "maior caridade" era humilhar pobres que esperavam em longas filas para receber mantimentos que se esgotavam em dois dias. Certa vez, o "bondoso homem" viu um miserável voltar mais de uma vez para a fila para levar mais mantimentos e o charlatão, falando com uma amiga idosa, fez a maledicência que seus seguidores juram ser "impossível" de ser dada: "Ele (o miserável) está treinando para (sofrer na) próxima encarnação".
Mas se a "consciência social" dessa classe social que se proclama "a mais legal do planeta" se dá ao luxo desses absurdos, devem achar que o uso de um benefício financeiro do governo Lula para ser gasto em apostas esportivas é apenas uma "atitude aleatória de uns irresponsáveis iludidos". Nada disso. Tudo isso é um "grito de socorro", pois o povo pobre mostra que não está ganhando muito, num país cujo presidente fica falando mal dos super-ricos mas nada faz para combatê-los de verdade.
Enquanto isso, se multiplicam os super-ricos "do bem", na indústria do entretenimento, no comércio de cerveja e cigarros, na filantropia religiosa e nos esportes, enquanto o alpinismo social vê o crescimento gradual das fortunas de subcelebridades, influenciadores e ídolos musicais popularescos. Mas, na bolha lulista, super-rico que é "democrático" não pode ser visto como super-rico. A elite do bom atraso também adora uma meritocracia...
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