O governo Lula propôs que o projeto de taxação de super-ricos se torne agenda internacional. O tema ganhou a adesão do economista francês Gabriel Zucman, que propõe um sistema tributário internacional que cobrasse uma taxa de, pelo menos, 2% sobre a riqueza dos bilionários no mundo. O potencial de arrecadação estimado pelo projeto varia entre US$ 200 e US$ 250 bilhões por ano.
"Apenas indivíduos com patrimônio líquido ultraelevado e pagamentos de impostos particularmente baixos seriam afetados", diz o texto da proposta, que inicialmente pretende taxar três mil pessoas. O dinheiro arrecadado seria destinado, prioritariamente a combater a desigualdade social e a proteger e recuperar o meio ambiente.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admite "dificuldade" em fazer se realizar a proposta, de forma isolada e separada por cada país, mencionando o próprio caso brasileiro. "Quando você tenta cercar por um lado, o contribuinte foge por outro. Você tem vários magnatas brasileiros que fizeram planejamento tributário para não pagar (tributos)", disse o ministro.
A nosso ver, as propostas de taxar os super-ricos são bastante inócuas. No caso do nosso país, taxar 2% duas vezes ao ano nem provoca coceira nos cofres nababescos dos donos das grandes fortunas. As chances de um super-rico não só recuperar, como também aumentar, a sua fortuna abusiva, é muito grande, o que torna inútil a cobrança.
E também devemos ver o outro lado, quando a indústria do entretenimento também mostra seus novos-ricos e seus super-ricos, criando um alpinismo financeiro desenvolvido sob o respaldo do próprio governo Lula e da chamada "democracia", aumentando por outro lado as desigualdades sociais, em vez de resolvê-las.
A burguesia "democrática" torna-se, então, um problema ainda mais grave, considerando que o governo Lula abriu mão dos princípios progressistas antigos, reduzindo seu projeto político ao mínimo denominador comum entre uma economia neoliberal e o que se permite fazer em prol das classes populares.
E aí vemos os salários precários que apenas se reajustam com a soma de uns noventa reais, algo inferior até aos dois mandatos anteriores de Lula, moderadíssimos mas muito mais esforçados do que o atual. Naqueles tempos, os salários aumentavam com as somas anuais de R$ 120 em média, e esperava-se que até o Bolsa Família tivesse um valor mais robusto, pelo menos sendo mais convincente para a tese de que esse benefício seria uma forma de "rentismo popular".
Só que não. O governo Lula, que no mandato atual se movimenta por simulacros e outros artifícios, mostra sua mediocridade e, pelo jeito, a dificuldade em taxar os super-ricos não só esbarra em problemas como as ações isoladas de cada país, como também na resistência dos próprios super-ricos, e, por outro lado, pelo caráter tímido da proposta do governo e a questão dos magnatas "democráticos" que se ascendem ou são blindados pelo próprio lulismo.
Enquanto isso, há muita gente vivendo na extrema pobreza e a classe média abastada segue seu alpinismo econômico agindo como ferozes animais consumistas.
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