Muita gente tem medo ou horror de ler Esses Intelectuais Pertinentes....
Quem é de direita acha que o livro é um desperdício, por achar óbvio que "intelectuais petralhas" estejam comprometidos com a degradação cultural do Brasil.
Quem é de esquerda fica receoso em ver intelectuais tão festejados serem alvos de questionamentos bastante graves.
Sem falar também da capa, que faz partir o coração de muitos esquerdistas identotários.
A "alegria" do É O Tchan, a "provocatividade" de Gaby Amarantos, a "sofrência" de Waldick Soriano e a "festividade" de DJ Marlboro.
Nossa, quanta "gente legal" posta em xeque num livro desses.
Entre pessoas que não se interessam se esses intelectuais estão vivos ou mortos - um dos intelectuais analisados, Roberto Albergaria, morreu em 2015 - não sabem o quanto essa elite foi influente para o golpe político de 2016.
Afinal, os intelectuais pró-brega lutaram para que a opinião pública consentisse com a idiotização cultural do povo pobre, crucial para a desmobilização das classes populares.
Apontei, com detalhes, as razões de como essa campanha "contra o preconceito" se deu no enfraquecimento e na derrubada dos governos do Partido dos Trabalhadores.
Independente de questões ideológicas, porém, Esses Intelectuais Pertinentes... discute a que ponto se chegou a cultura brasileira.
Uma suposta campanha "contra o preconceito" para defender formas preconceituosas de abordagem do povo pobre, o entretenimento popularesco que enriquece os barões da mídia às custas de uma pretensa "cultura popular".
E a intelectualidade passou pano em tudo isso durante mais de quinze anos, embora com maior intensidade entre 2002 e 2014.
E tentaram submeter o show business popularesco, com todo o seu comercialismo de fazer Paulo Guedes sorrir de orelha a orelha, ao esquerdismo estatista, devido às verbas cobiçadas da Lei Rouanet, que enriqueceria mais os empresários do entretenimento popularesco.
Foi uma guerra cultural à esquerda e li o quanto, na Caros Amigos, Pedro Alexandre Sanches tanto procurou demonizar o Chico Buarque, que era um importante elo que ligava o público jovem para a MPB mais sofisticada e veterana.
Foi como, na editoria política, um jornalista demonizasse Lula e Dilma Rousseff, José Dirceu e José Genoíno. Dava no mesmo, em que pese o pretenso apoio de Sanches a Lula e Dilma.
Ídolos que depois se revelaram de alguma forma reacionários eram defendidos pela nossa "admirável" intelligentzia.
Artigos, reportagens, documentários, ensaios e monografias sofisticados, mas cheios de falhas e, eventualmente, com surtos porraloucas e até hidrófobos.
Como na demonização daqueles que criticam a mediocridade musical dos ídolos popularescos, vista pejorativamente como "julgamento elitista".
Os intelectuais que, defendendo a música popularesca e os fenômenos comportamentais associados direta ou indiretamente, se julgavam "mais povo que o povo", se valendo de carteiradas acadêmicas ou profissionais, não são menos elite do que as madames anti-brega que eles criticam.
O livro Esses Intelectuais Pertinentes... discute os problemas culturais do Brasil.
Andando pelo centro histórico de São Paulo e vendo um monte de mendigos e sem-teto nas calçadas, vejo o quanto foi inútil toda a choradeira "contra o preconceito".
Aquele mito da "pobreza linda", dos miseráveis felizes indo ver o ídolo popularesco do momento, isso nada adiantou para melhorar a vida do povo pobre.
Como também exaltar a prostituição, o comércio informal e o alcoolismo como "consolação" para homens traídos, tudo isso dentro do combo do "combate ao preconceito".
Era uma falácia que tentava dar uma ideia que eu não citei no meu livro, mas cito aqui: dar a falsa impressão de que a pobreza só é ruim para as elites, mas ela é boa para os pobres.
Não podia colocar todas as questões desse tipo no meu livro, porque o foco dele era analisar a campanha "contra o preconceito" nos pontos mais fundamentais.
O que eu quis foi abrir a discussão. Não é um livro de ataques pessoais. Até porque, se há um ataque pessoal, ele partiu de um desses intelectuais, o mineiro Eugênio Raggi, contra mim, em um fórum sobre samba e choro, hoje extinto.
E eu coloquei as ideias desses intelectuais, dando "voz" a eles, ainda que questionasse suas ideias em seguida.
Hoje a nossa intelligentzia mudou de assunto. Pedro Alexandre Sanches e seus pares fazendo um mausoléu de "malditos da MPB" já mortos, Milton Moura ocupado em fatos históricos da Bahia etc.
Mas as ideias deles estão todas no meu livro, refletindo uma época em que aqueles que deveriam zelar em favor da cultura brasileira agiram para agravar nossa decadência.
Tinha aquele papo de que "mas é o que o povo gosta e sabe fazer". Mesmo? Quantos interesses empresariais e até políticos estão por trás da bregalização que se tornou quase totalitária no nosso Brasil?
Tentar transformar o rico patrimônio cultural do povo pobre em peça de museu ou artigo de elite, enquanto os miseráveis, coitados, consomem o lixo radiofônico supostamente popular, não é combater o preconceito, antes o agravamento do mesmo.
É por isso que os intelectuais que, há 15 ou 20 anos, se orgulharam em defender a bregalização, estão todos, envergonhados, mudando de assunto. Covardia de quem achava que glamourizar a pobreza era romper o preconceito.
Quando viram que o preconceito perdeu o rumo e criou seu Frankestein chamado Jair Bolsonaro, a nossa brava intelligentzia fugiu de medo.
E são esses problemas do tal "combate ao preconceito" que meu livro conta, em detalhes que não estão publicados na Internet.
Para ler o livro, só indo na Amazon para adquirir e ler. Ninguém consegue ler um livro sem lê-lo, não é verdade?
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