A solidão a dois é mais comum do que se pode imaginar e toma conta principalmente de casais aparentemente estáveis e, em tese, indissolúveis.
Em Hollywood, então, nem se fala. Sabem aquelas atrizes consideradas empoderadas, e que parecem ter um casamento estável e indissolúvel?
Pois é. São casamentos de comercial de margarina, que escondem a grande realidade: o marido vai para um canto e a esposa, para outro.
O casal precisa de um apartamento bastante espaçoso, para que ele fique entre os negócios e a audiência à mesmice televisiva de noticiários, dramas hollywoodianos e transmissões esportivas.
Enquanto isso, a mulher fica com seu espaço, falando em vídeos conferências, lendo livros e também vendo suas programações televisivas, coisas que o marido não gostaria de ver.
Tudo parece bonito quando o casal aparece junto num evento de gala, ou quando os dois aparecem interagindo com os amigos em conversas num restaurante da moda.
Cumplicidade? Não.
E a mulher falando das manias do marido? Descontração? Pode ser. Harmonia conjugal do tipo "gente como a gente"? Não.
Na melhor das hipóteses, marido e mulher são apenas amiguinhos morando juntos e dando selinho de vez em quando.
O casal interage com os filhos, marido e mulher aparecem de rostos colados em fotos de viagens, trocam elogios um ao outro. Casamento margarina oferecido de graça nas redes sociais.
Tudo encenação de uma dupla de amiguinhos brincando de ser casal romântico.
Existe até uma expressão em inglês, "husfriend", uma irônica combinação das palavras husband (marido) e friend (amigo). Numa tradução equivalente, é como se HUSFRIEND virasse MARIGO.
Nesses casais, a relação por conveniência ocorre em comum acordo.
A mulher quer um homem protetor e líder, o homem quer uma mulher-troféu, mas dotada de inteligência suficiente para que ele fique "bem na fita" diante de seus pares.
É o machismo patriarcalista negociando com o feminismo, como num acordo de cavalheiros, quer dizer, de dama e cavalheiro.
No Brasil, impera a regra da mulher que tem que escolher entre o macho e o machismo.
Se a mulher se destaca por ideias e hábitos interessantes, ainda que seja fisicamente atraente, ela precisa ser "domada" por um marido que lhe serve de sombra oculta na intimidade do lar.
Já a mulher que só vive de mostrar o corpo não precisa sequer de namorado. Pode fingir dar selinho com o amiguinho gay ou brincar de par romântico com o afilhado de doze anos.
Mas falando da mulher "emancipada mas nem tanto", ela e seu marido mantém todo um teatro de cumplicidade conjugal, um "margarinaço" que garante as matérias sossegadas das colunas sociais.
A mulher intelectualizada, aparecendo quase o tempo todo sozinha, mas afirmando que vive uma "relação estável" com o marido, geralmente um empresário ou alguém com alguma liderança profissional.
Na vida íntima, porém, é cada um no seu canto. Amiguinhos distantes e ocupados em suas tarefas pessoais, sob o pretexto da "vida independente" de cada cônjuge.
Pura enganação. Isso é apenas para camuflar a falta de cumplicidade que a maioria desses casais "margarinaços" possui.
Dessa forma, é cada um na sua, como que numa solteirice a dois que faz o Casamento, como instituição, se tornar um grande e constrangedor desperdício.
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