Existe uma tendência de que, quando não dá para passar pano em tudo, se arruma alguém para ser o bode expiatório.
Podem ser pessoas que, de fato, fizeram das suas, mas elas se tornam as únicas culpadas por coisas que gente pior que elas fez e a sociedade fica passando pano nesta.
Há o caso de João de Deus, culpado por tudo o que o Espiritismo brasileiro, que nasceu rompido com Allan Kardec (reduzido a mero alvo de bajulação barata), fez de ruim.
O "médium de peruca", padrinho de João de Deus, fez coisas muito piores e mesmo jornalistas e semiólogos de percepção mais afiada ficam passando o pano. Claro, botar criança pobre no colo e prometer a paz mundial garante unanimidade a todo reaça e amigo da literatura fake.
Se a música popularesca é ruim, os "sertanejos" bolsomínions pagam a conta até dos elogios que Waldick Soriano fez à ditadura militar.
O "funk" é ruim? Não se preocupe, Latino paga a conta. Rômulo Costa pode festejar abraçado à direita baixo-clero carioca que ainda será oficialmente reconhecido como discípulo de Karl Marx.
No caso da espetacularização da pobreza, a culpa vai para o programa Central da Periferia, da Rede Globo, e quem paga a conta é a pessoa física da apresentadora Regina Casé, por causa de uns episódios em que ela teria manifestado atitudes elitistas.
Só que aí o pessoal não leu Esses Intelectuais Pertinentes... para entender o que está por trás do negócio.
Isso porque quem realmente fez Central da Periferia foi o antropólogo Hermano Vianna, um dos analisados por esse livro.
Vianna é o único membro da "santíssima trindade" (os outros são Paulo César de Araújo e Pedro Alexandre Sanches) de itnelectuais pró-brega que assume vínculo com a mídia venal. Mesmo assim, ele não é mencionado quando se fala que Central da Periferia espetaculariza a pobreza.
Regina Casé apenas segue o roteiro, cumpre seu papel de apresentadora interagindo com os convidados, e fica por aí. Mas Hermano é que produz e organiza os textos, as temáticas e as narrativas.
O pessoal pensa que tudo saiu da mente da atriz (no passado, integrante do Astrubal Trouxe o Trombone, com Evandro Mesquita e Luís Fernando Guimarães e outros), que o processo de glamourização da pobreza foi acertado por ela e os executivos da Rede Globo.
Não sabem metade da história. Eu, em Esses Intelectuais Pertinentes..., analiso quem realmente contribuiu para a espetacularização, glamourização e gourmetização da pobreza, abordando uma imagem domesticada do povo pobre, não raro uma imagem idiotizada do mesmo.
Há outros intelectuais que, pasmem, são muito queridos por setores das esquerdas.
Analiso minuciosamente os textos deles, e até mesmo ataques que um desses pensadores fez contra mim num fórum sobre samba e chorinho.
O livro é fundamental para entender realmente a coisa, daí ser necessário adquirir a obra, clicando neste linque, porque em breve é isso mesmo que será discutido em larga escala: a influência de intelectuais defendendo a degradação da cultura popular brasileira.
Ninguém é obrigado a comprar o livro, mas vai ficar de fora de muitas questões importantes.
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