Enquanto as elites fingem que o golpe não existe e já admitiram desconstruir a Operação Lava Jato, a festa golpista de 2016 virá com um reforço ainda mais ameaçador.
Trata-se da proposta de autonomia do Banco Central do Brasil, até agora vinculado ao Ministério da Economia.
A proposta, prevista em projeto de lei complementar, foi aprovada anteontem pela Câmara dos Deputados, por 339 votos contra 114, e já havia sido antes aprovada pelo Senado. A proposta vai para sanção do presidente Jair Bolsonaro.
Aparentemente, a proposta vem com um enunciado simples: estabelecer mandatos fixos para presidentes da instituição financeira, sob o pretexto de obedecer critérios técnicos e evitar ingerências políticas.
Na prática, porém, o buraco é mais embaixo: o Governo Federal perderá o controle do BCB, que será comandado pelos tecnocratas do setor financeiro.
Isso fará uma diferença, bastante negativa, nas políticas econômicas dos governos, e é uma medida ainda mais grave do que o já deplorável teto dos gastos públicos.
Isso porque a medida trava qualquer iniciativa dos Ministérios da Economia e do Planejamento, que atuam em decisões governamentais de caráter econômico.
Ou seja, o Banco Central poderá inviabilizar até mesmo as propostas econômicas dos governos progressistas, forjando um "parecer técnico" contrariando as mesmas.
Ou seja, tudo que for decidido em caráter econômico terá que ser feito nos limites do mercado, determinados pelos "técnicos" do Banco Central do Brasil, a serviço dos banqueiros.
É justamente o setor financeiro que vem com a falácia da "dívida pública" que só serve para extorquir dinheiro dos brasileiros.
Qualquer operação financeira se converte em taxas para os banqueiros, que já são exorbitantemente ricos e, desde 2016 e, sobretudo, desde a pandemia, ficaram mais podres de ricos.
Trata-se de um golpe dentro do golpe que fará cinco anos. A Petrobras e empreiteiras como Odebrecht estão em frangalhos, as conquistas trabalhistas foram extintas e, agora, os bancos é que decidirão o que deve valer nas ações econômicas a serem feitas no Brasil.
Os preços poderão aumentar exorbitantemente, os juros ficarão mais caros e os rendimentos das poupanças, já enfraquecidos, ficarão ainda mais debilitados.
A situação ficará grave e seria melhor que as pessoas retomassem as passeatas ou os protestos sociais, em vez de esperar que o tal do "bumbum tantã" e outras bobagens lacradoras salvem nosso fragilizado país.
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