Depois de algumas postagens pelo celular, pude retomar as atividades do computador enquanto a nova residência, aqui em São Paulo, esta endo arrumada. Então, vamos lá.
Quem conhece a Teologia do Sofrimento sabe que ela não é irmã da Teologia da Libertação, mas, pelo contrário, é uma doutrina que defende que o oprimido tenha que aguentar sua desgraça conformado ou lutar que nem louco para superá-la.
É através dessa doutrina que as pessoas supostamente fortes são classificadas justamente entre aquelas que aguentam sempre as piores situações, sem reclamar.
E é por isso que as pessoas aguentam um governo catastrófico como o de Jair Bolsonaro, que permitiu que a Covid-19 chegasse aos 250 mil mortos.
As pessoas vão aceitando Jair Bolsonaro, como aceitaram Michel Temer e seu pacote de maldades.
Ficamos até perguntando se as esquerdas identotárias, presas aos brinquedos culturais da centro-direita, não estariam querendo a reeleição de Bolsonaro, seu malvado favorito, com o qual zoam como crianças na rua zoando do vovó da vila que sai de casa para comprar pão.
Umas esquerdas que bajulam Lula pelo piloto automático, quase que da boca para fora, mas no fundo acham ele um grande chato, o "velho operário" falando em causas trabalhistas.
As esquerdas identotárias querem apenas lacrar nas redes sociais, surfar na agenda noticiosa do momento, virar garotos de recados da mídia venal, faturar com monetizações digitais.
A situação do Brasil está dramática e o pessoal está brincando.
Com as esquerdas tão tolas, ficou fácil a direita comportada virar "esquerdista" e "petista".
O Rodrigo Maia, por exemplo, que tanto lutou para derrubar Dilma Rousseff e implantar o projeto neoliberal distópico de Michel Temer e Eduardo Cunha, agora diz que votaria em Fernando Haddad porque seu governo "seria mais democrático".
Tudo bem que existem pessoas que mudam, mas não creio, por enquanto, que Maia seja o caso.
Neste cenário político confuso, tivemos o caso de uma demissão de um jornalista que só quis cumprir o seu papel e assim o fez.
Foi em Rio Branco, no Acre, quando o repórter João Renato Jácome, funcionário da Prefeitura de Rio Branco, atuava como freelancer de um jornal sudestino, O Estado de São Paulo, e participou de uma coletiva com o presidente Bolsonaro, em visita à capital acreana.
Jácome fez uma pergunta sobre o que Jair achava da decisão do Supremo Tribunal Federal em anular a quebra de sigilo bancário do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente.
Jair encerrou a entrevista, sem dar uma resposta.
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PSL-AC), apoiador de Jair, decidiu demitir Jácome.
São episódios preocupantes que, desde 2016, atingem indivíduos, mas não causam a aflição necessária para mobilizar os brasileiros contra esse pesadelo golpista de cinco anos.
Que a direita moderada possa ser oposicionista pela metade, tudo bem. Mas as esquerdas ficarem acomodadas, não dá para admitir.
Nossos esquerdistas mais jovens, nascidos de 1960 em diante, tiveram educação hipermidiatizada. Os mais velhos viram televisão na época da ditadura militar e se recusam a admitir o culturalismo conservador por trás dos ídolos bregas.
Acham que a sociedade do espetáculo à brasileira, que é a bregalização cultural, não é o mal que renomados pensadores da Europa veem em fenômenos similares, e acham até que mesmo os bregas mais reaças - descontando Amado Batista - fariam a revolução socialista em território brasileiro.
Duro é explicar como essa "revolução" se daria apenas através de rebolados funqueiros e canções de corno. Detalhes dessa trama identotária são explicados no fundamental livro Esses Intelectuais Pertinentes....
Com essa brincadeiragem toda, é claro que as esquerdas se tornam enfraquecidas e mais complacentes com Bolsonaro do que podem imaginar.
Defendem um tipo de cultura supostamente popular, que faz muito sucesso nas rádios e TVs, que já mostra o povo de maneira caricata e preconceituosa, daí não fazer sentido a choradeira intelectual da "luta contra o preconceito" que Esses Intelectuais Pertinentes... descreve de forma reveladora.
Passei pelo centro de São Paulo à tarde e, enquanto via moradores de rua prostrados e desanimados nas calçadas, um carrão passava por perto tocando "funk". Sério.
Esse é o tom da realidade que o tal "combate ao preconceito" de intelectuais festejados não mostra.
E esse é o grande problema em todo o país.
Enquanto jornalistas culturais, antropólogos e cineastas documentaristas, todos muitíssimo queridos até por parcela das esquerdas sérias, exaltam as favelas e fazem odes homéricas à pobreza, os pobres vivem de desespero e melancolia, já nem sabendo mais o que fazer na vida.
É por isso que as esquerdas batem em Bolsonaro com martelo de plástico, e ele nem se preocupa muito com os esquerdistas.
Bolsonaro briga mais com a direita moderada e mesmo com seus antigos apoiadores de 2018.
Isso porque, neste caso, o conflito é mais sério.
Nas esquerdas festivas, que entre 2002 e 2014 achavam que a bregalização cultural iria trazer o socialismo para o Brasil, é que tudo é brincadeira e simulacro.
Elas se preocupam com um zoológico de emas, cobras naja, jacarés e o que vier por aí e os seres humanos que vivem na miséria e no desemprego sofrem, assim como tantos trabalhadores que agora sucumbem ao desemprego, pelas razões que conhecemos.
Do bumbum tantã do MC Fioti à "profecia da data-limite" do falecido e reacionário "médium de peruca", as esquerdas-lacração que fazem "socialismo de sofá" vão aceitando Bolsonaro aos poucos.
Essas esquerdoidonas acham que são fortes e dizem apoiar Lula, desde que o antigo torneiro mecânico, caso se candidate em 2022, faça o papel não do antigo operário do ABC paulista, mas de um arremedo pós-moderno de Dom Pedro II, bonachão e condescendente com o "deus" mercado.
Afinal, essa patota, por mais que se autoproclame "marxista", se entedia com os temas trabalhistas, e só não diz que Lula está caduco porque isso daria em cancelamento.
Mas esse "marxismo de sofá" que em nada lembra o filósofo e economista alemão diz a que veio, e seus gritos de "Fora Temer" e "Fora Bolsonaro" não conseguiram surtir efeito necessário para derrubar governos golpistas.
O barulho desses gritos pode ter sido grande, mas efêmero e inócuo. E assim vão aguentando Jair Bolsonaro, que empurra os problemas com sua enorme barriga e mantém-se tranquilo para terminar o mandato em 2022.
Isso se as esquerdas identotárias não contribuírem para a reeleição de seu malvado favorito.
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