Desde Michael Jackson, tornou-se banal e corrente haver escândalos no pop comercial, antes um reduto de pessoas supostamente mais comportadas e comedidas.
E vemos o caso recente de Britney Spears, a estrela pop que virou tema do documentário do New York Times, intitulado Framing Britney Spears.
De fato, ela sofre um drama bastante surreal, que é tentar ser interditada judicialmente pelo seu pai, Jamie Spears, desde 2007. Britney tem outra irmã famosa, a cantora Jamie Lynn Spears.
Britney é também acusada de ter problemas mentais, de ser péssima mãe - ela tem dois filhos rapazes, Sean e Jayden, do casamento com Kevin Federline - e de ter tido vício com drogas.
A situação é mais dramática ainda pelo fato dela ser mulher, porque existem homens com vida pessoal mais conturbada e nunca tiveram esse processo de interdição nem de campanha difamatória e depreciativa, pois, desde que Britney mostrou suas fraquezas, ela virou alvo de gozações na mídia.
Isso dá indícios de campanha puramente machista, embora cometida até por outras mulheres.
Problemas mentais? Temos, no Brasil, exemplos de um antigo (e farsante) "médium espírita" de Minas Gerais e um ex-militar do Exército com fortes indícios de graves problemas psicológicos, dignos de provas.
O "médium" virou "símbolo de paz, caridade e amor ao próximo" e o "capitão" hoje é presidente do Brasil. Num país em que o pessoal leva muito a sério o "bumbum tantã" de MC Fioti, faz muito sentido.
Não é que Britney Spears seja uma figura genial. Ela é musicalmente medíocre, e não digo isso por raiva dela. Confesso que acho ela muito bonita e interessante.
Paciência. A mediocridade pop dos anos 1990 para cá tornou-se estrutural por conta da ação gananciosa do produtor e ex-músico de rock Max Martin, que impõe um padrão pop de vozes robotizadas, excesso de dançarinos, créditos numerosos de compositores e estilos pop confusos e sem personalidade.
Talvez Britney Spears seja mais uma entre os empregados desse processo, dessa verdadeira indústria perversa que, como franquia, já gerou o j-pop no Japão e o k-pop na Coreia do Sul. Mas não vamos nos ater a essa discussão, aqui.
O mais nsólito é que Britney Spears já viveu, em 2003, numa mansão em Hollywood Hills que ganhou fama de azarenta.
Britney vendeu a mansão para ninguém menos que a saudosíssima Brittany Murphy, que teve o azar de se casar com o homem errado, Simon Monjack, e perder a vida envenenada por ele, após um surto de cocaína e desespero do rapaz, endividado até o couro.
A própria Brittany já sentia péssimas energias na casa, conforme revelou a imprensa estadunidense após o falecimento dela, em 2009.
Quanto a Britney Spears, a situação dela é terrível e ela mesma luta para, ao menos, neutralizar a dominação do pai sobre ela, colocando um co-tutor para administrar sua carreira. É o mínimo que ela pode fazer, enquanto não reconquista por definitivo a própria liberdade.
Numa época em que se lava roupa suja do show business, quando produtores e diretores poderosos caem por denúncias de assédio sexual e moral, as revelações em torno do drama de Britney Spears são bastante oportunas.
Afinal, isso mostra o quanto tem de podridão nos bastidores do show biz, com as intrigas da fama e todos os abusos que existem por trás dos holofotes.
Desejamos que Britney Spears reconquiste a liberdade e possa levar a sua carreira em paz.
E se o pop comercial não melhora musicalmente, esperamos que ele não tenha tantas coreografias e vozes robotizadas e que, pelo menos, se torne, mentalmente, muito menos doentio.
Comentários
Postar um comentário