EDUARDO GALEANO E MARTIN LUTHER KING DÃO UM PUXÃO DE ORELHA NOS "ESPIRITUALISTAS" VIRA-LATAS E NOS "INTELECTUAIS DE INSTAGRAM".
O que se entende como "espiritualismo" no Brasil é uma grande vergonha. Um vexame que ao mesmo tempo irrita e entristece.
"Espiritualismo", no Brasil, é um engodo que mistura obscurantismo com misticismo, mas carrega no seu rótulo evocações de pretenso intelectualismo, com pedantes apreciações à Filosofia e à suposta necessidade de aprimoramento do Conhecimento humano.
Embora haja várias correntes, que misturam conceitos católicos medievais com clichês do pensamento oriental, colocando o imperador romano Constantino e Buda no mesmo balaio, a principal religião que conduz esse esgoto astral é o Espiritismo brasileiro.
Essa religião segui, oficialmente, entre 1984 e 2012. Foi um terrível erro meu. Eu ficava o tempo todo pedindo pão, e me ofereceram sementes. Pedia peixe, e me ofereceram pedras. Ou seja, pedradas.
É uma crença que só mesmo a elite do atraso predominante no Brasil, a classe média retardada e bairrista que julga o mundo de acordo com o umbigo, aprecia.
Daí o quadro que temos, no Brasil, de profunda, preocupante mas nunca devidamente assumida decadência cultural que empurra o nosso país para precipícios da distopia, para cânions onde rochas gigantes caem em direção dos próprios brasileiros.
Com uma "caridade" padrão Luciano Huck, o "Espiritismo lata-velha" que temos, comandado por um pioneiro da literatura fake, um suposto "médium" que apoiou radicalmente a ditadura militar (e foi premiado por isso!), é uma vexaminosa farsa astral.
Pois enquanto essa religião, mil vezes pior do que as seitas "neopenteques", mas é blindada pela elite do atraso que não se sente atingida pelos abusos dessa crença, é blindada por conta de sua positividade tóxica e do seu discurso não-raivoso que assedia e engana até muita gente boa.
Eu mesmo já me senti enganado por ela. Mas acordei a tempo, como alguém que tem que saltar de um bonde sem freio que dispara em direção a um abismo.
E aí vejo o quanto essa "espiritualidade" da classe média idiotizada, que considera Big Brother Brasil um "clássico cult" e vê genialidade em eventos como a "Farofa da GKay", é muito ruim.
Também, é uma classe média que só lê literatura anestésica, das ficções medievais aos horrendos 400 e tantos livros do vigarista "mediúnico". Daí que a seita "espírita" sempre tem um lugar cativo nas bienais dos livros, apesar do conteúdo fake de suas obras literárias.
Essa vergonha "espiritualista" não encontra eco no mundo afora, apesar de tanta gente insistir que seus valores matuto-elitistas ressoam soberanos no exterior.
Mentira. O viralatismo cultural só vale no Brasil, ele em nenhum momento conquistou o mundo, apenas circulando por redutos culturais decadentes e, quando muito, chamando a atenção somente de vizinhos e colegas de trabalho dos brasileiros viralatistas que se encorajam a morar lá fora.
No exterior a coisa é séria e no passado tivemos dois pensadores que vieram com frases contundentes que dão uma surra de cinta de couro no "espiritualismo" vira-lata que aqui temos.
Uma frase é do pastor evangélico e ativista humanitário Martin Luther King Jr., um dos grandes ícones da cultura negra dos EUA e uma das personalidades mais admiradas e respeitadas do mundo.
Em um de seus discursos, o grandioso Martin disse uma verdade que dói nas mentes confusas e esquizofrênicas dos "espiritualistas" brasileiros e seus "intelectuais de Instagram", que vivem do cacoete de publicarem frases "motivacionais" ou de mal-disfarçado proselitismo religioso.
O que disse Martin Luther King Jr.? Foi o seguinte:
"O que me preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética. O que me preocupa é o silêncio dos bons".
Isso é um soco na cara do tal "médium" que, botando lombrigas nos cérebros de seus seguidores e adeptos - mesmo uns que dizem não professarem religião alguma - , fala que "o silêncio é a voz dos sábios".
O infeliz que usava peruca no auge de sua deplorável carreira sempre dizia para os sofredores aguentarem suas desgraças em silêncio, calados, sem queixumes, sem reclamar da vida, sem questionar uma vírgula sequer dos "desígnios divinos". Sério. Já li tudo isso.
Em outras palavras, o "bondoso médium", que muita gente descreve como uma síntese de Aécio Neves (esperteza), Jair Bolsonaro (reacionarismo) e Luciano Huck (assistencialismo hipócrita) queria que os bons sofressem dificuldades calados e submissos. Ou seja, defendia o "silêncio dos bons".
E vejam que absurdo é essa falácia de que "o silêncio é a voz dos sábios".
Afinal, se isso for verdade, o sábio não fala. Não falando, não se expressa. Não se expressando, o sábio não ensina. Com isso, a sabedoria não é compartilhada. Se o "silêncio é a voz dos sábios", isso significa censura à sabedoria, fazendo com que o sábio tenha que guardar para si o seu saber.
Mas isso é só um detalhe desse "espiritualismo" vira-lata que predomina no Brasil, mais fétido e nocivo do que o pior de todos os esgotos existentes na face da Terra.
Afinal, nossos "espiritualistas" são tão confusos que, num momento, falam em fortalecimento do amor próprio do indivíduo, noutro falam em "combater o inimigo de si mesmo".
Num dia, falam que a pessoa deve se amar, se valorizar. Noutro, que o pior inimigo que a pessoa tem que enfrentar é ela mesma. Depois não venham reclamar que aumentaram os suicídios no Brasil.
Pois já que falamos em caridade fajuta, em assistencialismo hipócrita, aqui vai outra mensagem que é uma punhalada nas crenças paternalistas daqueles "bondosos de ocasião" que confundem doações paliativas com transformação social.
Ela vem do renomado escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor do seminal As Veias Abertas da América Latina.
O que ele diz sobre caridade é algo que as confusas mentes da elite do atraso brasileira não sabe nem quer saber. O que Eduardo Galeano disse:
"Eu não acredito em caridade, eu acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima pra baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas".
Aqui no Brasil as pessoas, presas na zona de conforto de sua burrice, cuja superioridade ilusória, a Síndrome de Dunning-Kruger, é tornada "sagrada" pela falácia da religião ("o verdadeiro sábio é o ignorante"), confundem "caridade" com "solidariedade".
O vigarista que vira dublê de filantropo finge ser "solidário" pegando bebê negro e pobre no colo ou passando a mão em pobres em geral. Mas aquilo que ele faz não é solidariedade, porque está na cara que o "caridoso" oportunista se coloca acima dos pobres, e não junto a eles.
As elites do atraso, que impõem sua superioridade em suas diversas matizes, que irei explicar em outra oportunidade, confundem "aliviar o sofrimento humano" com "transformar vidas", dentro de um emporcalhado discurso de argumentos com muita carga emotiva e nenhuma coerência intelectual.
E aí vemos o quanto esse "espiritualismo" vira-lata não contribui em coisa alguma para salvar o nosso país.
Tudo isso não passa de um artifício para fazer nossa classe média tão atrasada ficar bem na fita e na foto. E no Instagram e outras plataformas das redes sociais.
Comentários
Postar um comentário