LULA E A REPÚBLICA, NO MAIOR FLERTE.
Neste Brasil real que mais parece um misto de Parasita com Apocalipse Now, Lula todavia mais parece um personagem de comédia estudantil.
Ele se ascendeu de maneira meteórica sem que o contexto atual permitisse isso. Para quem não sabe, o golpe político de 2016 continua e seus protagonistas não querem largar o osso.
E não estamos falando de bolsonaristas, de Sérgio Moro, Janaína Paschoal, Kim Kataguiri, Eduardo Cunha, Deltan Dallagnol etc.
Estamos falando da "nata democrática" dos "caciques" do MDB e PSDB que fizeram o golpe mas que Lula, de repente, se encanou em tê-los como aliados.
Lembra o enredo de Namorada de Aluguel (Can't Buy Me Love), comédia protagonizada por Patrick Dempsey, que faz o nerd Ronald Miller que, pagando uma garota muito popular para ser sua namorada, desejava fazer sucesso na escola.
Lula quer fazer sucesso entre os golpistas e esnoba os conselheiros do próprio PT, como os ex-presidentes do partido, Rui Falcão e José Genoíno. Lembra Ronald Miller ao lado dos valentões atirando um saco de bosta na casa do antigo amigo do nerd, Kenneth Wurmen.
E isso depois de Lula alugar a democracia comprando a confiança dos antigos rivais. E o preço a ser pago serão as concessões inevitáveis que o programa de governo de Lula terá que fazer, embora oficialmente muitos reneguem essa possibilidade.
Claro que não é um reboot de Namorada de Aluguel. A sinopse é outra.
Um mal-entendido surgiu numa treta entre o Supremo Tribunal Federal e a Operação Lava Jato, porque os ministros do STF não queriam perder o protagonismo para os lavajatistas, que são meros aventureiros jurídicos, que no contexto da ocasião são meros moleques.
Aí foram anuladas as sentenças e acusações contra Lula. E Lula achou que voltou a estar em alta.
E aí tudo se transformou, da noite para o dia, e Lula virou um ídolo pop, meio desligado dos problemas do Brasil, apesar de formalmente admitir que o nosso país está bem pior que em 2003.
De vilão combatido pela mídia venal, chegando a ser preso e proibido de concorrer às eleições presidenciais de 2018, Lula passou a ser reerguido pelos valentões que o combateram pouco tempo atrás.
Vejo isso uma grande ilusão. Afinal, eu desisti de votar em Lula não porque virei direitista, coxinha ou bolsomínion.
Desisti de votar em Lula porque vi que ele não está preparado para enfrentar a situação pré-distopia do Brasil de hoje.
O Brasil está caindo num precipício e o que Lula faz? Vai voar de asa delta!
E aí ele encampa a causa neoliberal. Com tanta aliança com a direita gurmê, principalmente o PSDB histórico, envolvido com privatarias, trensalões, apagões, massacre no Pinheirinho e tragédia na Plataforma P-36, dificilmente Lula irá manter inteiro o seu programa de governo.
Pessoas mudam, mas não com a facilidade que se imagina haver. Existe contexto, que envolve autocrítica, firmeza, desejo real de mudança, arrependimento real e tudo o mais.
Mudança não é um negócio de alguém estar num lado e depois estar em outro. É lamentável as esquerdas se encantarem com qualquer direitista que caia de pára-quedas no terreno esquerdista.
E aí Lulão se comporta como o personagem fanfarrão da comédia estudantil, achando que ganha todas.
Só que, com aliados barra-pesada como os valentões políticos do PSDB, pressentimos que essa comédia estudantil não vai acabar bem. O Brasil não é um "Lulapalooza".
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