Começa a haver uma reação ao maior erro de Lula, que é chamar Geraldo Alckmin para compor sua chapa presidencial para a campanha de 2022.
O ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão, em entrevista ao jornalista Ranier Bragon, da Folha de São Paulo, manifestou repúdio à aliança com Alckmin, nos seguintes termos:
"Lula não precisa de uma muleta eleitoral. Temos um programa de reconstrução e transformação do país, como a Fundação Perseu Abramo vem trabalhando. Segundo, o Alckmin é a contradição a tudo isso que fizemos e pretendemos fazer. Terceiro, dá uma sinalização muito negativa para uma campanha que tem que ser aguerrida, mobilizada e com a construção de comitês de defesa da eleição do Lula que permaneçam depois como comitês de apoio do programa de transformação. Além do retrospecto das políticas que realizou como governador de São Paulo, do apoio ao impeachment e de suas posições ultraconservadoras".
A posição é corroborada por outro ex-presidente do PT, José Genoíno, que manifestou dias atrás contra a aliança, afirmando, entre outras coisas, que "política não é ecumenismo".
Isso impõe uma responsabilidade muito grande e grave sobre Lula.
Afinal, Lula vai querer dar ouvidos ao PSDB histórico ou ao PT histórico?
Isso vai dar um grande impasse para Lula. Não estamos em 1984, para todo mundo se unir em uma "frente ampla" por demais heterogênea. Também não estamos em 2002, quando Lula podia se aliar com a direita fisiológica para vencer as eleições.
Setores do PT veem ameaças até mesmo à integridade física de Lula, diante do risco de um golpe. Mas só a presença de Alckmin já comprometerá, e muito, o projeto político do petista.
Um abaixo-assinado começa a correr pedindo para que o PT rejeite a aliança com Alckmin, preferindo um vice-presidente que estivesse afinado com as ideias de Lula e do partido.
A petição é uma mostra que as desculpas de "diálogo", "entendimento", "união" e "convívio com as diferenças" não valem para Lula se aliar com a direita golpista que em 2018 comemorou a prisão e a interdição eleitoral do mesmo candidato que hoje dizem apoiar.
Aqui está o manifesto contido no documento:
"Petistas contra Alckmin
Considerando a necessidade de eleger Lula.
Considerando a necessidade do governo Lula dar início a transformações profundas no Brasil.
Considerando que estas transformações vão enfrentar a oposição do bolsonarismo, do lavajatismo e do neoliberalismo.
Considerando que estas três forças reacionárias deram um golpe em 2016.
Considerando que estas três forças reacionárias participaram e aplaudiram e se beneficiaram da condenação, da prisão e da interdição de Lula em 2018.
Considerando que estas três forças reacionárias se aliaram para eleger Bolsonaro e apoiam o núcleo de seu programa de governo.
Considerando o papel estratégico do então vice-presidente Michel Temer em toda esta operação.
Considerando que Geraldo Alckmin participou e apoiou publicamente toda esta operação golpista e neoliberal.
Considerando que Geraldo Alckmin tem uma longa trajetória de combate às posições nacionais, democráticas, populares e desenvolvimentistas.
Considerando os atos cometidos nos governos de Alckmin contra os trabalhadores em geral, contra os servidores públicos, contra a saúde e a educação, contra a segurança pública, contra negros e negras, contra jovens e estudantes, contra os moradores da periferia, contra o meio ambiente.
Considerando que devemos zelar pela vida do companheiro Lula.
Considerando, finalmente, que absolutamente nada indica que entregar a vice a um golpista neoliberal seja necessário para ganhar as eleições.
Considerando tudo isto, nós abaixo assinados, filiados e simpatizantes do PT, cidadãos e cidadãs que vamos eleger Lula em 2022, demandamos ao Diretório Nacional do PT que:
1) Informe ao país que a decisão sobre a vice será tomada pelo Partido, em encontro nacional, nos prazos previstos em lei e seguindo as determinações do estatuto do PT;
2) Informe ao país que a vice de Lula será uma mulher ou um homem comprometido com o programa de reconstrução e transformação, pessoa de total confiança política e sem nenhum vínculo com o golpismo e o neoliberalismo, sob qualquer de suas formas".
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