Pular para o conteúdo principal

LULA E O PT ANDAM SERIAMENTE ENFRAQUECIDOS E DEBILITADOS


Por ora, não me sinto animado a escrever muito sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia.

Iria falar obviedades. Seja de que lado for, pró-Rússia ou pró-EUA.

Se bem que não estou no lado das autoridades e não compartilho posturas pró-autoridades, com os governantes preocupados em promover guerras que dizimam tantas pessoas inocentes.

Embora reconheça um abuso de poder no presidente russo Vladimir Putin ordenar invasão militar, atirando contra ucranianos inocentes, também não aprovo o apetite bélico dos EUA, hoje representados pela figura do presidente Joe Biden, em promover guerras no resto do mundo.

Também passei a ver com desconfiança a figura do ex-comediante e hoje presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na medida em que se tornou o protegido de Tio Sam.

Diante disso, só tenho a dizer que estou no lado do povo ucraniano e dos estrangeiros que ali viviam, e que agora sentem o drama de terem que fugir às pressas da área em conflito.

Não me considero neutro. Me considero, sim, contra as autoridades belicosas, contra a ganância de Biden e a impulsividade de Putin. Sou a favor da Ucrânia, como nação, como povo, e desejo a paz a eles.

Dito isso, me preocupo com os rumos do Brasil.

Vejo que a ilusão do "Lula fortão" está se derretendo, de maneira terrivelmente dramática.

As esquerdas que não queriam ir às ruas de verdade para pedir "Fora Bolsonaro" pagaram o preço de tamanha preguiça político-ativista. Jair Bolsonaro começa a se recuperar, podendo ser reeleito em outubro próximo.

Lula cometeu erros diversos que desmentiram a sua imagem de líder estratégico e prudente.

Esses erros iam desde uma ida à praia, com direito ao fechamento da mesma ao público, até alianças às cegas com a direita gurmê.

Suavizando o seu programa de governo para obter o apoio da "direita constituinte", Lula se calou quanto à reforma trabalhista até que veio a contrarreforma na Espanha.

E aí Lula caiu no ridículo: às pressas disse que pretende "revogar a reforma trabalhista".

Geraldo Alckmin, cotado para vice-presidente, saltou da cadeira. Ficou contrariado, mas teve que fingir estar simpático à mudança, alegando querer "estudar as mudanças feitas na Espanha".

E Lula, com isso, mudou o tom do discurso, trocando o verbo "revogar" por "rever", o que significa um aproveitamento da lei maligna imposta pelo governo Michel Temer.

Lula fez mudanças negativas em seu discurso. Dá uma estranha ênfase ao "diálogo com os empresários" e à "frente mais ampla para não só derrotar Bolsonaro, mas para garantir a governabilidade".

Lula também disse que quer Alckmin "governando com ele", o que também é muito estranho.

Essa atitude derrubou a tese de que "Lula ganha todas" ou, segundo alguns exagerados, "Lula já está eleito, já é vencedor". 

E derrubou de forma constrangedora: como um político campeão de votos depende de um outro, ruim de votos, para ganhar as eleições? Como Lula depende de alianças? Ele ganha sozinho ou não?

A realidade é que não. Lula está fraquíssimo politicamente. E já se fala que ele teve que comprar a liberdade, deixando a prisão e anulando as condenações desde que o petista se aliasse com a direita que fez o golpe de 2016.

Lula não abre o jogo. Recusa-se a fazer autocrítica, diz que "é necessário se aliar aos que fizeram o golpe contra Dilma Rousseff", senão "não teria com quem conversar (sobre o projeto de reconstrução nacional)".

Os procedimentos que Lula está fazendo soam muitíssimo estranhos. Ele está levando gato por lebre, tratando entendimento com a direita moderada como se fosse cumplicidade.

Não se leva para casa um diálogo com um divergente. Esse é o grave erro, talvez o erro fatal, de Lula, querer fazer alianças com quem diverge de seu projeto político.

E aí Lula entra em contradição. Quer voar alto, mas se alia com quem quer lhe cortar as asas.

O desejo de Lula é fazer um governo "mais à esquerda" do que os dois mandatos anteriores. O que é impossível, em se tratando das forças com quem ele quer tanto se aliar.

Lula promete demais, quando entrevistado por esquerdistas. Promete até fazer um "super Ministério da Cultura". Incentivando o quê? A cultura brega-popularesca patrocinada pelos latifundiários e pelos barões da grande mídia?

Não bastassem esses e outros erros, vieram outros.

Lula dá eventuais sumiços, como no último fim de semana. O pretexto é evitar a superexposição, mas o risco é Lula cair no esquecimento dos brasileiros, não bastasse a maioria silenciosa da população do Brasil ainda estar amargurada com o petista, desconfiada com seu desejo de voltar ao poder.

Além disso, Bolsonaro está mais estratégico, mesmo quando comete trapalhadas que, em princípio, soam vexaminosas. É porque Bolsonaro capitaliza com a visibilidade, pouco importando se ele é linchado por uma parcela de internautas nas redes sociais.

Bolsonaro dificilmente será reeleito, mas mesmo assim pode, sim. Porque ele tem habilidade para, se possível, aproveitar 1% de chances a favor dele e conseguir virar o jogo.

A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, pelo menos acertou ao dizer que há o risco de Bolsonaro se tornar favorito e ultrapassar Lula nas pesquisas de junho próximo.

Nos bastidores, fala-se que o Partido dos Trabalhadores não vive uma renovação nos seus quadros e a ideia de que Lula "é o novo na política" é bastante ilusória, ainda mais com ele se aliando a políticos de velha guarda da direita gurmê.

E Lula ainda cometeu um outro erro recente: na disputa para o Governo da Bahia, prefere um direitista moderado, Otto Alencar, a um petista como Jacques Wagner, que já decidiu que não será candidato.

Otto, do PSD, ainda não decidiu se será candidato e, aparentemente, quer continuar senador.

A ênfase de Lula em querer alianças com aqueles que divergem de seu projeto político é estranha.

Falar é fácil. No mundo ideal, basta Lula conversar com a direita moderada e convencer que é o projeto esquerdista do PT-raiz que vale a pena, porque é o que mais beneficia o povo brasileiro etc.

Mas, no mundo real, já sabemos de outros desastres históricos, como o de João Goulart na fase parlamentarista iniciada por Tancredo Neves, ancestral político de Geraldo Alckmin.

Não votarei em Lula por vários motivos. Entre eles, o de evitar participar da responsabilidade eleitoral pelo desastre que tenderá a ser o seu governo.

Realista, vejo o quanto o PT está seriamente enfraquecido e debilitado, por trás de um turbilhão de ilusões que se atropelam com desculpas soltas que se chocam entre si.

Periga o PT virar sinônimo de Perda Total, em vários sentidos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FUNQUEIROS, POBRES?

As notícias recentes mostram o quanto vale o ditado "Quem nunca comeu doce, quando come se lambuza". Dois funqueiros, MC Daniel e MC Ryan, viraram notícias por conta de seus patrimônios de riqueza, contrariando a imagem de pobreza associada ao gênero brega-popularesco, tão alardeada pela intelectualidade "bacana". Mc Daniel recuperou um carrão Land Rover avaliado em nada menos que R$ 700 mil. É o terceiro assalto que o intérprete, conhecido como o Falcão do Funk, sofreu. O último assalto foi na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de recuperar o carro, a recompensa prometida pelo funqueiro foi oferecida. Já em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, outro funqueiro, MC Ryan, teve seu condomínio de luxo observado por uma quadrilha de ladrões que queriam assaltar o famoso. Com isso, Ryan decidiu contratar seguranças armados para escoltá-lo. Não bastasse o fato de, na prática, o DJ Marlboro e o Rômulo Costa - que armou a festa "quinta coluna" que anestesiou e en

FIQUEMOS ESPERTOS!!!!

PESSOAS RICAS FANTASIADAS DE "GENTE SIMPLES". O momento atual é de muita cautela. Passamos pelo confuso cenário das "jornadas de junho", pela farsa punitivista da Operação Lava Jato, pelo golpe contra Dilma Rousseff, pelos retrocessos de Temer, pelo fascismo circense de Bolsonaro. Não vai ser agora que iremos atingir o paraíso com Lula nem iremos atingir o Primeiro Mundo em breve. Vamos combinar que o tempo atual nem é tão humanitário assim. Quem obteve o protagonismo é uma elite fantasiada de gente simples, mas é descendente das velhas elites da Casa Grande, dos velhos bandeirantes, dos velhos senhores de engenhos e das velhas oligarquias latifundiárias e empresariais. Só porque os tataranetos dos velhos exterminadores de índios e exploradores do trabalho escravo aceitam tomar pinga em birosca da Zona Norte não significa que nossas elites se despiram do seu elitismo e passaram a ser "povo" se misturando à multidão. Tudo isso é uma camuflagem para esconder

DEMOCRACIA OU LULOCRACIA?

  TUDO É FESTA - ANIMAÇÃO DE LULA ESTÁ EM DESACORDO COM A SOBRIEDADE COM QUE SE DEVE TER NA VERDADEIRA RECONSTRUÇÃO DO BRASIL. AQUI, O PRESIDENTE DURANTE EVENTO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL. O que poucos conseguem entender é que, para reconstruir o Brasil, não há clima de festa. Mesmo quando, na Blumenau devastada pela trágica enchente de 1983, se realizou a primeira Oktoberfest, a festa era um meio de atrair recursos para a reconstrução da cidade catarinense. Imagine uma cirurgia cujo paciente é um doente em estado terminal. A equipe de cirurgiões não iria fazer clima de festa, ainda mais antes de realizar a operação. Mas o que se vê no Brasil é uma situação muito bizarra, que não dá para ser entendida na forma fácil e simplória das narrativas dominantes nas redes sociais. Tudo é festa neste lulismo espetaculoso que vemos. Durante evento ocorrido ontem, na sede da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, Lula, já longe do antigo líder sindical de outros tempos, mais parecia um showm

VIRALATISMO MUSICAL BRASILEIRO

  "DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE .." O viralatismo cultural brasileiro não se limita ao bolsonarismo e ao lavajatismo. As guerras culturais não se limitam às propagandas ditatoriais ou de movimentos fascistas. Pensar o viralatismo cultural, ou culturalismo vira-lata, dessa maneira é ver a realidade de maneira limitada, simplista e com antolhos. O que não foi a campanha do suposto "combate ao preconceito", da "santíssima trindade" pró-brega Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna senão a guerra cultural contra a emancipação real do povo pobre? Sanches, o homem da Folha de São Paulo, invadindo a imprensa de esquerda para dizer que a pobreza é "linda" e que a precarização cultural é o máximo". Viralatismo cultural não é só Bolsonaro, Moro, Trump. É"médium de peruca", é Michael Sullivan, é o É O Tchan, é achar que "Evidências" com Chitãozinho e Xororó é um clássico, é subcelebridade se pavoneando

FOMOS TAPEADOS!!!!

Durante cerca de duas décadas, fomos bombardeados pelo discurso do tal "combate ao preconceito", cujo repertório intelectual já foi separado no volume Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , para o pessoal conhecer pagando menos pelo livro. Essa retórica chorosa, que alternava entre o vitimismo e a arrogância de uma elite de intelectuais "bacanas", criou uma narrativa em que os fenômenos popularescos, em boa parte montados pela ditadura militar, eram a "verdadeira cultura popular". Vieram declarações de profunda falsidade, mas com um apelo de convencimento perigosamente eficaz: termos como "MPB com P maiúsculo", "cultura das periferias", "expressão cultural do povo pobre", "expressão da dor e dos desejos da população pobre", "a cultura popular sem corantes ou aromatizantes" vieram para convencer a opinião pública de que o caminho da cultura popular era através da bregalização, partindo d

ALEGRIA TÓXICA DO É O TCHAN É CONSTRANGEDORA

O saudoso Arnaldo Jabor, cineasta, jornalista e um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC - UNE), era um dos críticos da deterioração da cultura popular nos últimos tempos. Ele acompanhava a lucidez de tanta gente, como Ruy Castro e o também saudoso Mauro Dias que falava do "massacre cultural" da música popularesca. Grandes tempos e últimos em que se destacava um pensamento crítico que, infelizmente, foi deixado para trás por uma geração de intelectuais tucanos que, usando a desculpa do "combate ao preconceito" para defender a deterioração da cultura popular.  O pretenso motivo era promover um "reconhecimento de grande valor" dos sucessos popularescos, com todo aquele papo furado de representar o "espírito de uma época" e "expressar desejos, hábitos e crenças de um povo". Para defender a música popularesca, no fundo visando interesses empresariais e políticos em jogo, vale até apelar para a fal

PUBLICADO 'ESSA ELITE SEM PRECONCEITOS (MAS MUITO PRECONCEITUOSA)'

Está disponível na Amazon o livro Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , uma espécie de "versão de bolso" do livro Esses Intelectuais Pertinentes... , na verdade quase isso. Sem substituir o livro de cerca  de 300 páginas e análises aprofundadas sobre a cultura popularesca e outros problemas envolvendo a cultura do povo pobre, este livro reúne os capítulos dedicados à intelectualidade pró-brega e textos escritos após o fechamento deste livro. Portanto, os dois livros têm suas importâncias específicas, um não substitui o outro, podendo um deles ser uma opção de menor custo, por ter 134 páginas, que é o caso da obra aqui divulgada. É uma forma do público conhecer os intelectuais que se engajaram na degradação cultural brasileira, com um etnocentrismo mal disfarçado de intelectuais burgueses que se proclamavam "desprovidos de qualquer tipo de preconceito". Por trás dessa visão "sem preconceitos", sempre houve na verdade preconceitos de cl

FLUMINENSE FM E O RADIALISMO ROCK QUE QUASE NÃO EXISTE MAIS

É vergonhoso ver como a cultura rock e seu mercado radiofônico se reduziram hoje em dia, num verdadeiro lixo que só serve para alimentar fortunas do empresariado do entretenimento, de promotoras de eventos, de anunciantes, da mídia associada, às custas de produtos caros que vendem para jovens desavisados em eventos musicais.  São os novos super-ricos a arrancar cada vez mais o dinheiro, o couro e até os rins de quem consome música em geral, e o rock, hoje reduzido a um teatro de marionetes e um picadeiro da Faria Lima, se tornou uma grande piada, mergulhada na mesmice do hit-parade . Ninguém mais garimpa grandes canções, conformada com os mesmos sucessos de sempre, esperando que Stranger Things e Velozes e Furiosos façam alguma canção obscura se popularizar. Nos anos 1980, houve uma rádio muito brilhante, que até hoje não deixou sucessora à altura, seja pelos critérios de programação, pelo leque amplo de músicas tocadas e pela linguagem própria de seus locutores, seja pelo alcance do s

LULA, O MAIOR PELEGO BRASILEIRO

  POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, LULA DE 2022 ESTÁ MAIS PRÓXIMO DE FERNANDO COLLOR O QUE DO LULA DE 1989. A recente notícia de que o governo Lula decidiu cortar verbas para bolsas de estudo, educação básica e Farmácia Popular faz lembrar o governo Collor em 1991, que estava cortando salários e ameaçando privatizar universidades públicas. Lula, que permitiu privatização de estradas no Paraná, virou um grande pelego político. O Lula de 2022 está mais próximo do Fernando Collor de 1989 do que o próprio Lula naquela época. O Lula de hoje é espetaculoso, demagógico, midiático, marqueteiro e agrada com mais facilidade as elites do poder econômico. Sem falar que o atual presidente brasileiro está mais próximo de um político neoliberal do que um líder realmente popular. Eu estava conversando com um corretor colega de equipe, no meu recém-encerrado estágio de corretagem. Ele é bolsonarista, posição que não compartilho, vale lembrar. Ele havia sido petista na juventude, mas quando decidiu votar em Lul

BRASIL NO APOGEU DO EGOÍSMO HUMANO

A "SOCIEDADE DO AMOR" E SEU APETITE VORAZ DE CONSUMIR O DINHEIRO EM EXCESSO QUE TEM. Nunca o egoísmo esteve tão em moda no Brasil. Pessoas com mão-de-vaca consumindo que nem loucos mas se recusando a ajudar o próximo. Poucos ajudam os miseráveis, poucos dão dinheiro para quem precisa. Muitos, porém, dizem não ter dinheiro para ajudar o próximo, e declaram isso com falsa gentileza, mal escondendo sua irritação. Mas são essas mesmas pessoas que têm muito dinheiro para comprar cigarros e cervejas, esses dois venenos cancerígenos que a "boa" sociedade consome em dimensões bíblicas, achando que vão viver até os 100 anos com essa verdadeira dieta do mal à base de muita nicotina e muito álcool. A dita "sociedade do amor", sem medo e sem amor, que é a elite do bom atraso, a burguesia de chinelos invisível a olho nu, está consumindo feito animais vorazes o que seus instintos veem como algo prazeroso. Pessoas transformadas em bichos, dominadas apenas por seus instin