Na última sexta-feira, o portal UOL publicou uma matéria de temática bastante requentada.
É aquele mesmo papo, conhecido do Espiritismo brasileiro (leia-se Catolicismo Medieval com Botox), de entender "a vida após a morte".
Parece maravilhoso, para muitos, mas em se tratando de uma religião divorciada de seu precursor - queixa-se que os "kardecistas" traem infinitamente mais e com maior gravidade Allan Kardec do que Judas Iscariotes traiu Jesus Cristo - , isso apenas é enchimento de linguiça.
Afinal, não temos trabalhos científicos sérios sobre o além-túmulo, e tudo o que se conhece é de caráter especulativo, incluindo um cosplay risível da Barra da Tijuca chamado "Nosso Lar", cujo diferencial é que seus moradores usam sempre pijamas brancos e limpinhos.
Tudo isso é usado como desculpa para mascarar conceitos moralistas e religiosos próprios do século XII.
Tudo trazido por um "médium de peruca" que plagiou meio mundo, do Amigo da Onça (ideias gentilmente sádicas) a Rou Orbison (penteado mais óculos escuros) e terminou a vida como um cosplay do Eustáquio de Coragem O Cão Covarde (Courage the Cowardly Dog).
A religião "espírita" é tão ruim que ela é parada no tempo. Seus "médiuns" mal conseguem sair do século XII, chegar ao século XIV já é audacioso. E, no entanto, nossa classe média burra, a Elite do Atraso, os considera "donos" do futuro de todos os brasileiros.
Aliás, me lembro do Jessé Souza quando ele lembrava da perspectiva religiosa do Cristianismo medieval, anterior à racionalidade protestante que passou a conduzir a natureza humana.
Está em A Radiografia do Golpe, na página 20, aquilo que as esquerdas médias, presas em seus "brinquedos culturais" (que transformam a realidade brasileira no núcleo pobre ou semi-pobre das novelas das 21 horas da Globo), não conseguem admitir, presas em seus antolhos "humanitários":
"O dado fático, a vida injusta, era transformado em desejável e moralmente justo. Por conta disso, dados potencialmente revolucionários do cristianismo, a noção de humildade e a experiência da humilhação, percebidas como virtudes redentoras, e não como fraquezas, foram vistas como ensejo para uma recompensa no 'outro mundo', e não 'neste mundo'. Com isso, a justificação do privilégio fático e injusto se torna perfeita. Todas as outras grandes religiões mundiais construíram mecanismos de justificação do privilégio semelhantes ou até mais elaborados".
Pois os mais "elaborados" incluem o Espiritismo brasileiro, que com sua retórica melíflua engana até ateus e esquerdistas, estes passando a confundir Teologia do Sofrimento com Teologia da Libertação.
E o que faz a Folha de São Paulo empurrando uma matéria dessas como se fosse uma "novidade"?
Simples. Em primeiro lugar, os "kardecistas" brasileiros que traem Kardec até debaixo d'água, sempre procuraram um abrigo midiático para difundir suas ideias medievais, sobretudo a partir de romances ditos "mediúnicos" que, rapidinho, são adaptados para novelas.
Além de várias rádios - como a Rádio Rio de Janeiro, cujo falecido diretor espalhou fake news de que o "médium de peruca" descobriu vida em Marte, décadas depois de Percival Lowell, astrônomo estadunidense - , a religião "do amor" buscou respaldo inicialmente nos Diários Associados.
Apesar da revista O Cruzeiro ter gente desconfiada dessa religião e suas atividades "psicográficas", Assis Chateaubriand respaldava essa seita através da TV Tupi, criando um lobby de atores e diretores que conseguiram iludir o antes cético filho homônimo de Humberto de Campos.
Este, antes um sério jornalista desconfiado, conseguiu se transformar num ingênuo deslumbrado e patético depois que foi ver o "médium de peruca", contra o qual havia movido processo judicial, num espetáculo de perigosíssimo bombardeio de amor e Assistencialismo padrão Luciano Huck.
A TV Tupi foi "premiada" com a falência, depois que lançou a novela A Viagem, em 1975, gerando mau agouro para os funcionários, que foram demitidos e tiveram salários atrasados.
A mesma novela, adaptada pela Rede Globo, também trouxe mau agouro para o competente Guilherme Fontes, que encontrou adversidades surreais quando fazia um filme justamente sobre... Assis Chateaubriand.
Fontes teve que concluir o filme, sob acusações de ter sido corrupto e explorador, depois de muito tempo.
A TV Tupi havia mostrado um programa em que o "médium de peruca" demonstrava tanta paixão pela ditadura militar que foi premiado pela Escola Superior de Guerra por tamanho apoio. A ESG, vamos lembrar aos desavisados, nunca gastaria grana para homenagear quem não colaborasse com a ditadura.
E aí veio a Rede Globo, que, inspirada no que o jornalista Malcolm Muggeridge fez, através da rede BBC, sobre uma megera exploradora do sofrimento humano (hoje tida como "símbolo de bondade", enganando até mesmo gente progressista), e transformou o "médium de peruca" em "filantropo".
Algo bem parecido com o que se faz com Luciano Huck, só que, no lugar da Lata Velha, tinham as "cartinhas marcadas" dos "entes queridos" falecidos que sempre escreveram começando com "Querida mãezinha".
Aí construiu-se um imaginário tão engenhoso que consegue enganar muita gente que costuma desconfiar de muita coisa boa. O tal "médium de peruca" e suas frases horrorosas com meros jogos de trocadilhos em recados moralistas medievais, virou um pretenso "espírito de luz".
Coisa de classe média burra brasileira, elite do atraso, que precisa de ter um ídolo religioso brasileiro. Esquecem que já temos a santa Irmã Dulce, essa sim uma batalhadora, não uma aproveitadora do sofrimento alheio nem uma pretensa ativista de uma "caridade lata-velha".
Mas como a Globo ficou visada - e uma reportagem sobre um João de Deus encharcado de acusações criminosas, revelou-se que o tal "médium de peruca" passou pano e acobertou o criminoso com uma instituição filantrópica de fachada - , agora temos a Folha de São Paulo.
E isso é complicado, porque São Paulo é o túmulo do Espiritismo brasileiro, já que o nome da cidade homenageia o mensageiro Paulo de Tarso, cujo discípulo Erasto teria retornado, nos tempos de Kardec, para dizer mensagens como "é preferível rejeitar dez verdades do que aceitar uma única mentira".
Nossa classe média burra brasileira preferiu aceitar uma única mentira, seja de peruca ou boné, enfeitando seus livros medievais com falsas autorias espirituais que não batem com as personalidades originais, como Humberto de Campos, Olavo Bilac, Auta de Souza, Castro Alves e até Du Bocage (?!).
Tudo por causa de um suposto pão dos pobres. Mas é justamente esse papo que quase fez Luciano Huck virar candidato à Presidência da República.
E a adesão da Folha de São Paulo a essa seita - que deve interessar mais aos leitores mineiros e cariocas do periódico - tem um aspecto a ser levado em conta.
Otávio Frias Filho faleceu há cerca de quatro anos.
Talvez a Folha de São Paulo aposte num "espiritualismo" blazé, de vez em quando, seja requentando ideias velhas embora nunca devidamente esclarecidas, como o tal "além-túmulo" que mostra um hospital que parece shopping center e um parquinho por onde passa até BRT.
E que tem até moedinha, os tais "bônus-hora", contrariando o mito de "gratuidade plena" dessa religião.
O mais grave é que o Espiritismo brasileiro periga ser a Igreja Universal da vez, no contexto de positividade tóxica no país em que Lula foi domesticado pelo tucanato de alta plumagem.
E aí vemos a disputa entre os irmãos de Otávio Frias Filho, dos quais se destaca Luís Frias, pelo espólio deixado pelo falecido empresário e jornalista.
A ideia é cortejar e passar pano numa religião, na esperança de uma suposta mensagem espiritual, ainda que psicografake, atribuída a Otávio, indique qual será o herdeiro por direito do espólio da Folha.
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