LULA, AO FAZER COMENTÁRIO POLÊMICO SOBRE POLICIAIS, FAVORECEU A CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO.
Foi um gol contra. Luís Inácio Lula da Silva, em seu comício de Primeiro de Maio no último domingo, em São Paulo, tentou levar vantagem num comentário contra Jair Bolsonaro, seu principal rival na campanha presidencial.
"Bolsonaro não gosta de gente. Gosta é de policial", disse Lula, achando que poderia esculhambar o perfil punitivista do atual presidente da República.
Só que Lula errou feio. Foi alvo de críticas bastante negativas, abalando sua campanha que seria um aparente retorno às origens sindicais do petista.
O evento, realizado no Pacaembu, teve pouca gente e não atendeu as expectativas dos lulistas de que seria um comício histórico.
Ao fazer o comentário infeliz, generalizando a classe dos policiais, Lula deixou muitos entenderem que "policiais não são gente".
Os bolsonaristas, então, se exaltaram, diante de mais uma oportunidade de humilhar o petista.
Pior: Lula acabou mexendo numa categoria de profissionais armados, num contexto em que o presidenciável recebe ameaças de morte de apoiadores de Bolsonaro, alguns já em intenso treinamento de tiro.
E isso quando se divulga, na vizinhança latinoamericana, que existe um plano do grupo paramilitar La Cordillera em matar o candidato presidencial de centro-esquerda da Colômbia, Gustavo Petro, que teve que suspender sua campanha.
Lula demonstrou, com seus comentários e atitudes impulsivos, que não é o candidato estratégico que seus seguidores tanto alardearam nos círculos esquerdistas.
Estratégico está sendo Bolsonaro, infelizmente. Ele não falou muito nos eventos bolsonaristas do Primeiro de Maio, para descansar sua imagem e economizar munição para quando a campanha presidencial começar para valer.
Bolsonaro deixou seus seguidores falarem. Outra estratégia, que dá ao atual presidente, que busca se reeleger, uma imagem "democrática", dando voz àqueles que o apoiam.
Lula anda se perdendo na campanha e, como citamos, está se desgastando depois de meses em clima de "já ganhou".
Tudo bem que Lula pediu desculpas e afirmou que "policiais erram, mas também salvam vidas", mas o efeito da repercussão negativa já foi causado.
Já não basta Lula ter se aliado com a direita moderada que diverge severamente do seu projeto político, pois inclui verdadeiros apóstolos do ideal do Estado Mínimo.
Com que mágica Lula vai barrar as privatizações da Petrobras, Eletrobras e Correios tendo ao seu lado quem é radicalmente contra isso é um grande mistério.
Daí que inferimos, pela nossa intuição, que Lula vai adotar uma solução salomônica: a concessão, mantendo formalmente as estatais mas dando elas a administradores privados.
Infelizmente, Lula promete demais e acha que pode decidir tudo. Mesmo quando se dispõe, em tese, ao diálogo e a ouvir as partes divergentes.
Mas para um político que prefere ouvir seus divergentes do tucanato raiz do que os próprios colegas do PT, isso é mais uma demonstração de falta de estratégia.
Lula ainda está em vantagem, mas pode perder feio as eleições.
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