ARGENTINOS PROTESTARAM CONTRA A VIOLÊNCIA E EXPRESSARAM SOLIDARIEDADE À VICE-PRESIDENTA CRISTINA KIRCHNER, QUE ESCAPOU DE UM ATENTADO.
A semana terminou com um fato preocupante na Argentina. Um jovem fascista brasileiro, Fernando André Sabag Montiel, estava com um revólver carregado com cinco balas e o número de registro parcialmente raspado, quando se dirigiu à vice-presidenta Cristina Kirchner, com o objetivo de atirar nela. Por sorte, a arma falhou e não atirou, deixando a vice do presidente Alberto Fernandez ilesa.
Foi na noite de quinta-feira, e Fernando, cujo pai é corrupto e cujo avô, já falecido, foi um feminicida, foi preso. Fernando é de família chilena, por parte de pai, e argentina, por parte de mãe, mas deve ser um simpatizante do bolsonarismo, e tem símbolos nazistas tatuados em seu corpo.
O atentado ocorreu porque dois procuradores do Ministério Público da Argentina, Diego Lucani e Sérgio Mola, entraram com ação pedindo 12 anos de prisão da vice-presidenta e a proibição de exercer direitos políticos até o fim da vida, por causa da acusação de suposta corrupção de Cristina e seu marido, hoje falecido, o então presidente Nestor Kirchner, com o alegado favorecimento a um empresário, Lázaro Baez, em obras públicas na província de Santa Cruz.
O ataque foi um alerta de que a retomada reacionária de 2016 não acabou. É certo que a direita moderada, de maneira tendenciosa, deixou de se aliar aos extremo-direitistas, mas isso não quer dizer que o mundo neoliberal se "esquerdizou" e que o período ultraconservador foi deixado para trás.
O triste incidente que, por sorte, não encerrou a vida de Cristina Kirchner, mostra que as esquerdas têm que tomar muito cuidado. Não vivemos um conto da gata borralheira do esquerdismo latino-americano, com a concretização do sonho socialista na América Latina, aparentemente com os EUA mais tolerantes com a "maré vermelha" que cresce nos países sulamericanos e que almeja por uma vitória de Lula no Brasil para consagrar o processo.
Em primeiro lugar, os governos esquerdistas são muito moderados, moderadíssimos. Na verdade, se trata de um projeto político híbrido, que mistura capitalismo neoliberal, legalismo democrático com concessões a políticas sociais, incluindo preservação de empresas públicas estratégicas para conduzir a economia e garantir direitos sociais.
As esquerdas brasileiras ainda vivem num mundo de sonho e a ânsia pela vitória de Lula chega mesmo aos níveis de deslumbramento cego, para uns, e arrogância, para outros. É insólito ver que as esquerdas brasileiras se infantilizaram, abrindo mão do engajamento e da ação combativa que as esquerdas históricas realizaram no passado. No Brasil de hoje, esquerdismo virou muita poesia infantil e cada vez menos prosa racional.
À tentativa de assassinato, fracassada no nascedouro, se deu a declaração do presidente Alberto Fernandez de que o dia 01º de setembro excepcionalmente tornou-se um feriado. Em Buenos Aires, uma grande multidão ocupou o centro de Buenos Aires para um ato em solidariedade à vice-presidenta e a reivindicação de medidas de segurança mais rígidas, para evitar incidentes preocupantes como o atentado fracassado.
Fica também nossa solidariedade a Cristina Kirchner e o desejo que ela esteja bem e prove inocência das acusações movidas pelos procuradores. Nossas críticas às esquerdas latinoamericanas são no âmbito das ideias e não toleramos atos de violência. E esperamos que a segurança se fortaleça daqui em diante.
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