Ontem faltou uma quinzena para as votações para as eleições para presidente da República, governadores e deputados estaduais, deputados federais e senadores. E é uma campanha surreal, na qual Luís Inácio Lula da Silva se impôs como o "candidato único", querendo recuperar a democracia sacrificando a mesma.
Lula, de vez em quando, diz para seus seguidores descessem do salto alto e evitassem o clima de "já ganhou". Deveria prestar atenção em si mesmo, porque Lula acha que pode ganhar todas, demonstra ser demasiado ambicioso e posa de triunfalista, enquanto sua campanha é marcada por agressões a concorrentes como Ciro Gomes e Simone Tebet.
Eu não imaginava que iria ser um severo crítico de Lula. Já descrevi que Lula é criticável, sim, mas numa época em que eu o apoiava, postura que tive até 2020. Eu me entristeci com a prisão de Lula, vibrei com o Movimento Lula Livre, ouvi com gosto algumas das entrevistas do ex-presidente. Mas, pelas razões que apresentei em outras postagens, em 2021 desisti de Lula e nem o papo de "voto útil" ou "eleição plebiscitária" irão me convencer a votar 13 ou fazer o L no 02 de outubro.
Eu tenho princípios. E nem é porque tenho 51 anos de idade. Até porque não sou de cumprir etarismo nem de bancar o careta. É uma questão de eu, com muita leitura de História do Brasil e tanta habilidade de juntar peças de quebra-cabeças dos fatos, observar o que muita gente não observa.
Sobre Jair Bolsonaro, ele, que é inclinado a crimes eleitorais, compareceu ao funeral da Rainha Elizabeth, em Londres, com seus seguidores vestidos de traje da CBF. Ensandecidos, público e presidente improvisaram um comício de campanha, puramente ilegal, por ser realizado fora do território brasileiro. É um terrível abuso político, mas Bolsonaro, que afirma que "não tem como não vencer no primeiro turno", é estratégico até nos seus erros mais patéticos, feitos para obter visibilidade.
Lula é que apenas tem a seu favor um eleitorado condescendente e que se deixa levar pela catarse emotiva do petista. Ele manipula emoções, daí que pontos nebulosos como a escolha de Geraldo Alckmin para vice em sua chapa, feita sem um pingo de embasamento, foi aceita de maneira submissa pelas esquerdas lulistas.
O favoritismo obsessivo por Lula, estimulado pelas supostas pesquisas eleitorais, faz da campanha presidencial um fenômeno esquisito. É uma campanha meramente decorativa, pois, movida pela "democracia de cabresto", pressupõe haver um único ganhador, Lula, em oposição a Bolsonaro. E isso levará para uma eleição que será sem ter sido, porque na prática os institutos de pesquisa é que dizem em quem se deve votar.
E se a democracia tem seu cabresto, o candidato será um pelego. Um Lula que não tem autocrítica, que não tira satisfação com a sociedade para explicar acusações contra ele, e que diz que fará o milagre de manter um projeto progressista mesmo com aliados da direita neoliberal mais inflexível. Vale lembrar que Geraldo Alckmin não tem sangue de barata e, tendo voz ativa no governo Lula, ele irá frear o titular, evitando voos mais ousados.
Mas tudo indica que, se depender da vontade do status quo da "boa sociedade", Lula vencerá todas, embora não se saiba se é no primeiro ou no segundo turno. E já que a "boa sociedade" não havia ouvido meus apelos em outros momentos de minha vida, também não ouvirei os apelos dela para eu votar em Lula. Acostumado a ficar de fora em tantas festas, agora peço licença para ficar fora da festa lulista.
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