Pular para o conteúdo principal

A SITUAÇÃO COMPLICADA DO GOVERNO LULA

LULA, O PRESIDENTE DE CONTOS DE FADAS.

Por culpa do próprio Lula, apesar de conquistas recentes e bastante festejadas que fazem o presidente sorrir muito, a sua situação está complicada e o presidente, pela sua ênfase exagerada na política externa e no desmonte do bolsonarismo e no lavajatismo, mesmo obtendo êxitos passou a enfrentar sérios problemas, principalmente com o Congresso Nacional e a mídia.

Duas conquistas recentes de Lula foram a aprovação da Medida Provisória dos Ministérios (MP dos Ministérios), que autorizou a mudança de quantidade de ministerios de 23 do governo Jair Bolsonaro para 37 do atual governo Lula, e pela indicação do advogado do petista, Cristiano Zanin, para ser ministro do Supremo Tribunal Federal, que ainda depende de sabatina para formalizar a admissão no órgão. 

E houve um progresso pequeno, um crescimento do Produto Interno Bruto em 1,9%, pouco para merecer a festança que recebeu do Governo Federal, mas alguma coisa diante dos desastres da nossa Economia entre 2016 e 2022, pois, mesmo pequeno, dá uma chance para nossa Economia respirar.

Considero acertada a indicação de Zanin para o STF, pois ele tem uma atuação técnica. Sim, Zanin foi advogado de Lula no processo contra a Operação Lava Jato e os abusos deste movimento comandado por Sergio Moro e Deltan Dallagnol foram bastante notórios. Mas, em que pese Zanin ser amigo de Lula, a escolha será um acerto e o advogado tende a atuar de maneira exemplar.

O problema, portanto, não é esse, como, a princípio, não vejo problema em si no caso de Lula ser amigo do presidente venezuelano Nicolás Maduro e estabelecer parcerias políticas e econômicas com o governante do país vizinho. O que vejo é que Lula foi investir em atitudes polêmicas num contexto em que a oposição bolsonarista ainda é forte, ainda que institucionalmente esteja se enfraquecendo oficialmente.

Lula poderia ter passado os seis meses de governo dentro do Brasil e apenas atuando em medidas econômicas de cunho social. Poderia, até outubro, apenas combater a fome, o desemprego e a miséria, procurar valorizar os salários e lutar pela queda dos preços. Poderia, também, estabelecer políticas públicas em prol da Educação e Saúde e investir em atividades de infraestrutura, como meio de tornar a economia brasileira mais robusta e o progresso brasileiro ser mais ágil e atuante.

O presidente do Brasil tanto expressou sua indignação com os juros altos de 13,75% impostos pelo Banco Central, na gestão de Roberto Campos Neto, mas não fez um único esforço para baixar essas taxas. Mas Lula se apressou em atuar como mediador político de Rússia e China e desagradou tanto o presidente russo Vladimir Putin quanto o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o que faz Lula parecer um bobo na sua intenção de promover a paz entre os dois países. Zelensky, com a ironia extraída do seu passado comediante, chamou a iniciativa de Lula de "original".

Em vez de investir nessa etapa de concentrar-se na reconstrução do Brasil, Lula apostou no "tudo ao mesmo tempo agora" e enfrenta incidentes incômodos desde que interviu no caso do conflito entre Rússia e Ucrânia e na parceria econômica com a China, que criaram um clima de apreensão nos EUA.

No caso de Maduro, o fato agravante foi a agressão sofrida pela repórter da Rede Globo, Délis Ortiz, por um militar brasileiro, mas que erroneamente foi creditada como um representante do governo da Venezuela. Para os bolsonaristas que trabalham com fake news, pouco importa o desmentido, pois para eles somente o que eles acreditam e pensam é que vale como "verdade absoluta".

O soco que Délis recebeu do militar brasileiro creditado inicialmente como membro do governo venezuelano, supostamente um segurança de Maduro, enfureceu a grande mídia e fez com que esta voltasse à oposição contra o governo Lula, encerrando a relativa lua-de-mel condicionada pela aliança moderada da "frente ampla". 

O caso de Zanin também revolta os bolsonaristas, por ver na indicação um ato de compadrio, um meio de supostamente blindar Lula no Poder Judiciário. Os golpistas ainda idolatram Sérgio Moro e Deltan Dallagnol e este último tenta voltar ao cargo de deputado federal, ensaiando vitimismo, entrando na Justiça para tentar recuperar os direitos políticos.

Há ainda o conflito entre Lula e Arthur Lira (PP-AL), por conta da falta de entrosamento do Executivo Federal com o Poder Legislativo. A recente aprovação do Marco Temporal para as reservas indígenas, medida nociva por tratar os povos originários como se fossem meros "hóspedes" do solo brasileiro, o que é um contrassenso, já mostra o quanto Lula precisa de muito jogo de cintura para ter o apoio majoritário do Congresso Nacional, em especial a Câmara dos Deputados presidida por Lira.

E aí Lula adota uma medida de risco: libera R$ 1,7 bilhões de recursos para as emendas parlamentares, com o objetivo de obter apoio para suas medidas no Legislativo. Foram atitudes similares a esta que fizeram com que a oposição acusasse Lula de ser corrupto, adotando essa prática associada à "velha política" fisiológica.

São situações bastante complicadas e mostram o quanto o governo Lula cometeu erros que poderão lhe ser fatais. Algumas medidas positivas ocorreram, mas insuficientes para fazer diferença, mesmo em relação aos dois mandatos anteriores, já bastante moderados. E isso mostra o quanto o governo Lula, no atual mandato, apesar de tanto pretensiosismo e da preocupação de Lula em "não errar" (apesar dos erros, muitos grosseiros, dados desde a corrida presidencial), tende a ser o mais fraco dos três mandatos. E o mais difícil deles.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BRASIL TÓXICO

O Brasil vive um momento tóxico, em que uma elite relativamente flexível, a elite do bom atraso - na verdade, a mesma elite do atraso ressignificada para o contexto "democrático" atual - , se acha dona de tudo, seja do mundo, da verdade, do povo pobre, do bom senso, do futuro, da espécie humana e até do dinheiro público para financiar seus trabalhos e liberar suas granas pessoais para a diversão. Controlando as narrativas que têm que ser aceitas como a "verdade indiscutível", pouco importando os fatos e a realidade, essa elite brasileira que se acha "a espécie humana por excelência", a "classe social mais legal do planeta", se diz "defensora da liberdade e do humanismo" mas age como se fosse radicalmente contra isso. Embora essa elite, hoje, se acha "tão democrática" que pretende reeleger Lula, de preferência, por dez vezes seguidas, pouco importando as restrições previstas pela Constituição Federal, sob o pretexto de que some

A GAFE MUNDIAL DE GUILHERME FIÚZA

Há praticamente dez anos morreu Bussunda, um dos mais talentosos humoristas do país. Mas seu biógrafo, Guilherme Fiúza, passou a atrair as gargalhadas que antes eram dadas ao falecido membro do Casseta & Planeta. Fiúza é membro-fundador do Instituto Millenium, junto com Pedro Bial, Rodrigo Constantino, Gustavo Franco e companhia. Gustavo Franco, com sua pinta de falso nerd (a turma do "cervejão-ão-ão" iria adorar), é uma espécie de "padrinho" de Guilherme Fiúza. O valente Fiúza foi namorado da socialite Narcisa Tamborindeguy, que foi mulher de um empresário do grupo Gerdau, Caco Gerdau Johannpeter. Não por acaso, o grupo Gerdau patrocina o Instituto Millenium. Guilherme Fiúza escreveu um texto na sua coluna da revista Época em que lançou uma tese debiloide. A de que o New York Times é um jornal patrocinado pelo PT. Nossa, que imaginação possuem os reaças da nossa mídia, que põem seus cérebros a serviço de seus umbigos! Imagine, um jornal bas

POR QUE A GERAÇÃO NASCIDA NOS ANOS 1950 NO BRASIL É CONSIDERADA "PERDIDA"?

CRIANÇA NASCIDA NOS ANOS 1950 SE INTROMETENDO NA CONVERSA DOS PAIS. Lendo as notícias acerca do casal Bianca Rinaldi e Eduardo Menga, este com 70 anos, ou seja, nascido em 1954, e observando também os setentões com quem telefono no meu trabalho de telemarketing , meu atual emprego, fico refletindo sobre quem nasceu nos anos 1950 no Brasil. Da parte dos bem de vida, o empresário Eduardo Menga havia sido, há 20 anos, um daqueles "coroas" que apareciam na revista Caras junto a esposas lindas e mais jovens, a exemplo de outros como Almir Ghiaroni, Malcolm Montgomery, Walter Mundell e Roberto Justus. Eles eram os antigos "mauricinhos" dos anos 1970 que simbolizavam a "nata" dos que nasceram nos anos 1950 e que, nos tempos do "milagre brasileiro", eram instruídos a apenas correr atrás do "bom dinheiro", como a própria ditadura militar recomendava aos jovens da época: usar os estudos superiores apenas como meio de buscar um status profissional

ADORAÇÃO AO FUTEBOL É UM FENÔMENO CUJO MENOS BENEFICIADO É O TORCEDOR

Sabe-se que soa divertido, em muitos ambientes de trabalho, conversar sobre futebol, interagir até com o patrão, combinando um encontro em algum restaurante de rua ou algum bar bastante badalado para assistir a um dito "clássico" do futebol brasileiro durante a tarde de domingo. Sabe-se que isso agrega socialmente, distrai a população e o futebol se torna um assunto para se falar para quem vive de falta de assunto. Mas vamos combinar que o futebol, apesar desse clima de alegria, é um dos símbolos de paixões tóxicas que contaminam o Brasil, e cujo fanatismo supera até mesmo o fanatismo que já existe e se torna violento em países como Argentina, Inglaterra, França e Itália. Mesmo o Uruguai, que não costuma ter essa fama, contou com a "contribuição" violenta dos torcedores do Peñarol, que no Rio de Janeiro causaram confusão, vandalismo e saques, assustando os moradores. A toxicidade do futebol é tamanha que o esporte é uma verdadeira usina de super-ricos, com dirigente

"BALADA": UMA GÍRIA CAFONA QUE NÃO ACEITA SUA TRANSITORIEDADE

A gíria "balada" é, de longe, a pior de todas que foram criadas na língua portuguesa e que tem a aberrante condição de ter seu próprio esquema de marketing . É a gíria da Faria Lima, da Jovem Pan, de Luciano Huck, mas se impõe como a gíria do Terceiro Reich. É uma gíria arrogante, que não aceita o caráter transitório e grupal das gírias. Uma gíria voltada à dance music , a jovens riquinhos da Zona Sul paulistana e confinada nos anos 1990. Uma gíria cafona, portanto, que já deveria ter caído em desuso há mais de 20 anos e que é falada quase que cuspindo na cara de outrem. Para piorar, é uma gíria ligada ao consumo de drogas, pois "balada" se refere a um rodízio de ecstasy, a droga alucinógena da virada dos anos 1980 para os 1990. Ecstasy é uma pílula, ou seja, é a tal "bala" na linguagem coloquial da "gente bonita" de Pinheiros e Jardins que frequentava as festas noturnas da Zona Sul de São Paulo.  A gíria "balada", originalmente, era o

BRASIL TERRIVELMENTE DOENTE

EMÍLIO SURITA FAZENDO COMENTÁRIOS HOMOFÓBICOS E JOVENS GRITANDO E SE EMBRIAGANDO DE MADRUGADA, PERTURBANDO A VIZINHANÇA. A turma do boicote, que não suporta ver textos questionadores e, mesmo em relação a textos jornalísticos, espera que se conte, em vez de fatos verídicos, estórias da Cinderela - é sério, tem muita gente assim - , não aceita que nosso Brasil esteja em crise e ainda vem com esse papo de "primeiro a gente vira Primeiro Mundo, depois a gente conversa". Vemos que o nosso Brasil está muito doente. Depois da pandemia da Covid-19, temos agora a pandemia do egoísmo, com pessoas cheias de grana consumindo que em animais afoitos, e que, nos dois planos ideológicos, a direita reacionária e a esquerda festiva, há exemplos de pura sociopatia, péssimos exemplos que ofendem e constrangem quem pensa num país com um mínimo de dignidade humana possível. Dias atrás, o radialista e apresentador do programa Pânico da Jovem Pan, Emílio Surita, fez uma atrocidade, ao investir numa

A LUTA CONTRA A ESCALA 6X1

Devemos admitir que uma parcela das esquerdas identitárias, pelo menos da parte da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), se preocupa com as pautas trabalhistas, num contexto em que grande parte das chamadas "esquerdas médias" (nome que eu defino como esquerdismo mainstream ) passam pano no legado da "Ponte para o Futuro" de Michel Temer, restringindo a oposição ao golpe de 2016 a um derivado, o circo do "fascismo-pastelão" de Jair Bolsonaro. Os protestos contra a escala 6x1, que determina uma jornada de trabalho de seis dias por semana e um de descanso, ocorreram em várias capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre, e tiveram uma repercussão dividida, mesmo dentro das esquerdas e da direita moderada. Os protestos foram realizados pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT). A escala 6x1, junto ao salário 100% comissionado de profissões como corretor de imóveis - que transformam a remuneração em algo tão

DERROTA DAS ESQUERDAS É O GRITO DOS EXCLUÍDOS ABANDONADOS POR LULA

POPULAÇÃO DE RUA MOSTRA O LADO OBSCURO DO BRASIL QUE NÃO APARECE NA FESTA IDENTITÁRIA DO LULISMO. A derrota das esquerdas nas recentes eleições para prefeitos em todo o Brasil está sendo abastada pelas esquerdas médias, que agora tentam investir nos mesmos apelos de sempre, os "relatórios" que mostram supostos "recordes históricos" do governo Lula e, também, supostas pesquisas de opinião alegando 60% de aprovação do atual presidente da República. Por sorte, a burguesia de chinelos que apoia Lula tenta convencer, através de sua canastrice ideológica expressa nas redes sociais, de que, só porque tem dinheiro e conseguem lacrar na Internet, está sempre com a razão, e tudo que não corresponder à sua atrofiada visão de mundo não tem sentido. A realidade não importa, os fatos não têm valor, e a visão realista do cotidiano nas ruas vale muito menos do que as narrativas distorcidas compartilhadas nas redes sociais. Por isso, não faz sentido Lula ter 60% de aprovação conform

SUPERESTIMADO, MICHAEL JACKSON É ALVO DE 'FAKE NEWS' NO BRASIL

  O falecido cantor Michael Jackson é um ídolo superestimado no Brasil, quando sabemos que, no seu país de origem, o chamado "Rei do Pop" passou as últimas duas décadas de vida como subcelebridade, só sendo considerado "gênio" pelo viralatismo cultural vigente no nosso país. A supervalorização de Michael no Brasil - comparado, no plano humorístico, ao que se vê no seriado mexicano  Chaves  - chega aos níveis constrangedores de exaltar um repertório que, na verdade, é cheio de altos e baixos e nem de longe representou algo revolucionário ou transformador na música contemporânea. Na verdade, Michael foi um complexado que, por seus traumas familiares, teve vergonha de ser negro, injetando remédios que fragilizaram sua pele e seu organismo, daí ter abreviado sua vida em 2009. E forçou muito a barra em querer ser roqueiro, com resultados igualmente supervalorizados, mas que, observando com muita atenção, soam bastante medíocres, burocráticos e sem conhecimento de causa.

SOCIEDADE COMEÇA A SE PREOCUPAR COM A "SERVIDÃO DIGITAL" DOS ALUNOS

No último fim de semana, a professora e filósofa Marilena Chauí comparou o telefone celular a um objeto de servidão, fazendo um contundente comentário a respeito do vício das pessoas verem as redes sociais. Ela comparou a hiperconectividade a um mecanismo de controle, dentro de um processo perigoso de formação da subjetividade na era digital, marcada pela necessidade de "ser visto" pelos outros internautas, o que constantemente leva a frustrações que geram narcisismos, depressão e suicídios. A dependência do reconhecimento externo faz com que as redes sociais encontrem no Brasil um ambiente propício dessa servidão digital, que já ocorria desde os tempos do Orkut, em 2005, onde havia até mesmo os "tribunais de Internet", processos de humilhação de quem discorda do que "está na moda". Noto essa obsessão das pessoas em brincarem de serem famosas. Há uma paranoia de publicar coisas no Instagram. Eu tenho um perfil "clandestino" no Instagram, no qual