Depois que a cassação do mandato do procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, lhe enfiou em um inferno astral sob o qual não consegue mais convencer com poses de vitimismo, tendo amargado, no último domingo, uma fracassada manifestação em sua defesa na Avenida Paulista, aqui em São Paulo, é a vez de Sérgio Moro ver seu castelo de areia "desMOROnar".
O empresário paranaense e ex-deputado estadual Tony Garcia depôs na Justiça revelando sérias denúncias envolvendo Sérgio Moro e outros procuradores da mesma força-tarefa da OLJ, em depoimento sigiloso que terá continuidade no próximo dia 09.
Tony era colaborador de Sérgio Moro desde quando resolveu, sob ordens deste, apreender um video de uma festa de procuradores do TRF-4 de Curitiba, em 19 de novembro de 2003, depois do jogo entre as seleções de Brasil e Uruguai nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2006, que contou com a participação de prostitutas, que no vídeo dançavam com os procuradores vestidos apenas de cuecas e gravatas. O organizador teria sido o advogado Roberto Bertholdo e a festa ocorreu no Hotel Bourbon, na capital paranaense.
Tony foi delator da Operação Lava Jato e, sempre designado a investigar alvos solicitados por Moro, foi um agente infiltrado nos bastidores do Partido dos Trabalhadores, da Petrobras e de atividades especificas de políticos como José Dirceu. Fora do PT, Garcia também ajudou na prisão do ex-governador paranaense Beto Richa em 2018. A prisão durou um ano e Richa hoje é deputado federal pelo PSDB.
Garcia, que havia sido amigo do deputado federal Eduardo Cunha, também acusa Moro de agir, já na condição de senador da República, para tirar o juiz Eduardo Appio da condução das investigações sobre as irregularidades da Operação Lava Jato. Tony Garcia fez as primeiras denúncias à juíza Gabriela Hardt, mas elas foram engavetadas, e Appio estava disposto a investigar estas denúncias.
As denúncias de Tony Garcia também mencionam os procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima, Januário Paludo (responsável pela comunidade "filhos do Januário" que trocava conversas com outros membros da força-tarefa, incluindo o próprio Dallagnol, no aplicativo de redes sociais Telegram, mais tarde usado por bolsonaristas) e o próprio Deltan.
Sérgio Moro tentou responder, acusando Tony de "mentiroso" e "dissociado de qualquer amparo na realidade e em qualquer prova". Todavia, as denúncias são bastante contundentes e podem apresentar novas informações, que podem incriminar o ex-juiz que, comandando a Operação Lava Jato, já chegou a ser considerado um "herói nacional".
É, pelo menos, um alívio superar esse quadro surreal em que o golpismo falou alto, arrasando com o Brasil e promovendo uma séria crise econômica, além de outros malefícios que contribuíram até mesmo com as convulsões sociais que geraram muitas tragédias e prejuízos a muitos brasileiros. Vamos ver se, pelo menos, a Operação Lava Jato e o Golpe de 2016 se tornem páginas viradas, independente do Brasil voltar ou não a sorrir. Em todo caso, há uma grande esperança em nos livrarmos do legado da pior fase da história recente do nosso país.
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