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RECONSTRUÇÃO DO BRASIL? COM FESTA E BRINCADEIRA?


Estranha reconstrução do Brasil em que o clima é de festa e tudo ficou bem da noite para o dia. O governo de Jair Bolsonaro não destruiu o país? Michel Temer não implantou retrocessos políticos? De repente tudo ficou bem da noite para o dia? Tudo num passe de mágica, como nos contos de fadas?

Na minha caminhada aqui em São Paulo, andei para o bairro de Santana e passei pela Avenida Cruzeiro do Sul. Famílias de sem-teto e miseráveis em situação de rua com sua tristeza de sempre. Nada a ver com o país que as redes sociais acreditam virar potência de Primeiro Mundo já no fim deste ano.

 Ando pelos mercados e não vi cair o preço da carne, do leite, de outros itens. O leite líquido em caixinha teve uma baixa relativa de até R$ 3,99, que não teve fôlego, em poucas semanas aumentou para R$ 4,29 e hoje está a R$ 4,79. E isso quando se pesquisa através de uma peregrinação por vários supermercados. Não sendo assim, que se contente em comprar uma caixa de leite integral líquido a R$ 5,99 ou, então, um pacote de 400g de leite em pó a R$ 15,99. Nas Lojas Americanas, 400g de leite em pó está a R$ 20,99, três vezes o que deveria custar.

E a carne? A tão mencionada picanha está a R$ 60! Difícil comprar carne, e foi uma vergonha o anúncio de uma redução de 2%. A Globo News falou numa redução de 3,8%. Muito pouco para uma população pobre que Lula finge priorizar em seu governo, uma vez que ele está mais identificado com a "classe média de Zurique", os 30% de abastados que, como focas, aplaudem Lula até quando este erra feio.

Que reconstrução do Brasil é esta feita com festa e brincadeira? Ontem os lulistas vieram com gracinhas, "cobrando" do presidente o tal "Ministério do Namoro", num Brasil cruelmente solteirófobo, sob o pretexto de que a vida amorosa é sempre fácil, embora haja o irritante monopólio das boates e casas noturnas, que obrigam o rapaz solteiro a tomar cerveja e pagar caro por uma noitada e, ainda por cima, ir embora para casa num horário perigoso, quase sem ônibus e com assaltantes soltos por aí.

Lula ainda respondeu a essa piada ridícula, pegando carona na brincadeira, dizendo que "fica para a próxima vez". Está certo que ninguém precisa ficar sério o tempo todo, mas o tal "Ministério do Namoro" ou "Ministério do Amor" é uma bobagem desnecessária para um país que clama por sua recuperação.

Isso mostra o quanto tem gente insensível e bem de vida, que no fundo nunca foi prejudicada por Temer ou Bolsonaro. É uma "boa" sociedade que sempre viveu bem no seu conforto significativo, apenas se sentindo incomodada quando os governantes não são do seu agrado.

Por isso é que a tal "reconstrução do Brasil" não passou de um blefe, pois tudo o que Lula faz, na melhor das hipóteses, é "arrumar a casa", sem garantir que o nosso país veja mudanças significativas. O que se vê é apenas um misto do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso somado a algumas medidas sociais do primeiro governo Lula, de uma forma ainda mais fraca.

Não se vê mudanças, e a tal "queda dos preços" é alardeada, aos berros, por internautas supostamente miseráveis que não trazem uma única informação precisa sobre qual supermercado baixou os preços, em que cidade e quais os produtos afetados pela baixa do preço. Se limitam apenas a falar que "Graças a Deus, Lula baixou tudo", sem trazer um pingo de objetividade.

O que se quer saber é qual o supermercado de cada vídeo, quais os produtos. Será que o óleo de soja supostamente a R$ 2,30 é de boa qualidade? E o arroz mais barato é aquele que rende? O mesmo com o feijão, o leite em pó, os legumes, frutas e verduras? Temos maçãs a R$ 4 o quilo? Tomate a R$ 3?

Infelizmente, os lulistas se tornaram histéricos, infantilizados, e cheios de descaso. Decepcionaram como uma força social que prometia oferecer alguma diferença em relação aos fãs do tucanato, do lavajatismo e do bolsonarismo.

Daí que, com tanta gente passando fome enquanto a "boa" sociedade joga comida fora mas não hesita em fumar um maço inteiro de cigarro, essa sociedade fica mais preocupada em "Ministério do Namoro". Para ela, a ideia do Brasil "virar Primeiro Mundo" não passa de um projeto para transformar nosso país num parquinho de diversões para a classe média abastada e bem de vida, que vê o progresso de um país sob o ponto de vista de um turista. Os lulistas são turistas do próprio país.

O Brasil precisa conhecer melhor o Brasil.

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