Rejeitado por boa parte de nordestinos, pobres e sub-escolarizados, o governo Lula também não se intimida com o reacionarismo da extrema-direita.
Com a revelação de Mauro Cid, um dos auxiliares de Jair Bolsonaro, de que o filho Eduardo e a madrasta deste, Michelle Bolsonaro, são da ala radical do golpismo que deu no ato de oito de janeiro de 2023, e com inúmeros incidentes reacionários que atingem grupos identitários, como as mortes e ameaças de morte da comunidade LGBTQIA+ e os atos de vandalismo contra as religiões afro-brasileiras, mostra o quanto o extremo-direitismo nunca se sentiu intimidado nos últimos anos.
Lula errou feio quando, sob o pretexto da "democracia", estabeleceu alianças com a direita moderada, podando seu projeto político de forma mais intensa do que no primeiro mandato, quando o presidente era acusado de copiar o projeto político do antecessor Fernando Henrique Cardoso.
Não se vê concordância com os fatos da realidade concreta os anúncios de "façanhas recordes" do governo Lula e nem se observa um governo "mais à esquerda" que os dois mandatos anteriores. Nesse quesito, o segundo mandato, em que pese a sabotagem culturalista da intelectualidade pró-brega e seu "combate ao preconceito" (uma espécie de IPES-IBAD pós-tropicalista), foi o mais esquerdista dos três.
Na campanha de Lula, nem parecia que ele queria reconstruir o país. O clima de festa era tanto que teve até um dia de praia privativa de Lula com sua Janja. Teve o desperdício do Festival do Futuro e as viagens desnecessárias numa ênfase inútil com a política externa, no momento em que Lula precisava mais ficar no país para realizar a tal reconstrução.
Desprezando os movimentos sociais, as classes trabalhadoras, a população mais pobre, os nordestinos e os sub-escolarizados, Lula ainda teve que engolir o rumor de que venderia comida podre com preços mais baratos. E as notícias falsas envolvendo cobranças de impostos sobre pagamentos em Pix enfureceram a população.
As atitudes diversas de Lula oferecem até munição para a extrema-direita. O clima de festa da posse, com o Festival do Futuro, e as viagens ao exterior são um prato cheio para bolsonaristas se posarem de "cheios da razão" para acusar o governo de "uso do dinheiro público". E vamos combinar que a origem do antipetismo se deu, em boa parte, pela compra de apoio do Legislativo por Lula, hoje rotulada de "verbas para emendas parlamentares".
Lula foi visitar uma casa de barro em Alcântara, no Maranhão, como meio de reverter a queda de popularidade. "Já morei em uma casa assim", disse o presidente, que completou: "As famílias do nosso Brasil podem ter certeza: vocês têm em mim um companheiro. (...) O governo do Brasil estará onde nosso povo estiver".
Isso se torna inútil, depois que Lula se esbaldou de felicidade "democrática" com a burguesia. E os lulistas, apoiados pela "isenção democrática" dos negacionistas factuais, podem até falar grosso e escrever em caixa alta nas redes sociais, mas se tudo o que o lulismo disser não encontrar reflexo na realidade, tudo se torna uma birra à toa que só vai piorar as coisas. Os extremo-direitistas ainda se sentem empoderados e nunca intimidados com Lula.
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