Um preocupante uso de fake news nos dados do Google Maps está contaminando as informações sobre rodovias que cortam a capital de São Paulo, sem que fosse tomada qualquer tipo de providência a respeito do assunto.
Conforme alertamos há cerca de um ano, a Rodovia Anhanguera é uma das mais afetadas, mas há também a Rodovia Presidente Castelo Branco, também afetada por essa constrangedora desinformação, que ocorre de maneira impune e completamente irresponsável.
Trata-se de atribuir essas rodovias, várias delas, à figura de um charlatão religioso, um "médium espírita" farsante e mais reacionário do que Silas Malafaia cujas iniciais são consoantes da palavra "caixa" e que, oficialmente, está associado a uma "caridade" que nunca aconteceu, a ser desmascarada da seguinte forma:
1) O dinheiro dos 400 livros apenas foi para os cofres das instituições "espíritas", e o "médium" sempre usufruiu de vida amplamente confortável, nos mesmos moldes da Rainha da Inglaterra. Não tocava em dinheiro, mas sempre viveu com mordomias que os outros pagavam em nome do "médium";
2) As "cartas dos entes queridos" não passavam de "cortina de fumaça" para abafar a crise da ditadura militar, e foi uma obra fake cujas mensagens eram montadas pelas fontes materiais (matérias de imprensa, diários pessoais deixados pelos mortos etc) e pela leitura fria (interpretação subliminar de gestos e declarações dos parentes dos entes falecidos). O pior é que essa fraude dividia as famílias, gerando conflitos entre quem é cético e quem é crédulo, e estimulava sentimentos obsessivos pelos entes que já morreram;
3) A doação de "mantimentos" que fazia com que a elite do bom atraso desperdiçasse lágrimas de comoção, como numa masturbação pelos olhos, fazia com que pobres desconfiados formassem longas filas a contragosto para receber apenas uns pacotes de produtos que se esgotavam rapidinho. A "caridade" durava uns dois dias, mas o ato que gerou tais "benefícios" chega a ser comemorado pelas instituições "espíritas" por mais de um ano, em clara demonstração de presunção e propagandismo barato. Essa "caridade" também é inspirada nas "doações" eleitoreiras de "cestas básicas" pelos políticos coronelistas.
E não falamos da grande obra pioneira da literatura fake, que em 1932 vitimou um sem-número de poetas mortos - atingindo até a coitada da Auta de Souza e do famoso Olavo Bilac, cujos estilos "desapareceram" no tal "livro do parnaso" - e que, ao longo dos anos, usurpou nomes como Humberto de Campos, a pobre professora Irma de Castro Rocha (que, no plano espiritual, deve ter ficado horrorizada com seu viúvo ter se rendido ao charlatão que usou o nome dela) e até o tipo de José Herculano Pires (um dos poucos homens sérios da Doutrina Espírita brasileira), o contador caipira Cornélio Pires.
O pior é que o charlatão religioso foi o legado que a ditadura militar preservou para a posteridade. O "médium" era um defensor tão radical da ditadura militar que foi condecorado pela Escola Superior de Guerra. Sua defesa da ditadura militar, em um programa da TV Tupi de grande audiência, deixaria o coronel Brilhante Ustra boquiaberto. Seus mais de 400 livros eram vergonhosos apelos sobre como sofrer desgraças é "maravilhoso", bem no estilo da Teologia do Sofrimento da Idade Média.
Mas o "médium" recebe homenagens aqui e ali. O religioso, que se acovardou diante das denúncias do sobrinho Amauri e fugiu de sua terra natal para se refugiar em Uberaba, virando um protegido dos poderosos "coronéis" do Triângulo Mineiro, foi incluído levianamente no livro de Heróis da Pátria por iniciativa de um deputado federal apoiador de Michel Temer e Jair Bolsonaro, parlamentar associado ao agronegócio.
Há também a fútil homenagem, em Niterói, com o nome do charlatão dado a uma "avenida de ciclovia" que mais parece uma rua de carroça sem asfalto, no bairro de Piratininga. E isso quando o "médium" havia ofendido, num livro de 1966, os humildes frequentadores de um circo destruído por um incêndio criminoso em 1961, acusados de "pagarem pelo que deviam" em suposta encarnação no Século II, acusação feita sem um pingo de fundamentação, baseados na "pena de Talião" que os "espíritas" brasileiros, punitivistas, creditam como "Lei de Causa e Efeito".
E aí vemos o quanto esse farsante religioso não merece homenagem alguma, e que seu mito "iluminado" foi apenas uma mentira bem construída pela aliança entre barões da grande mídia, religiosos opositores da Teologia da Libertação e a ditadura militar.
O Google deveria, portanto, corrigir as informações a respeito das rodovias paulistas. Não há uma rodovia com o nome do "médium da peruca" em São Paulo. Eu pude verificar isso em pesquisas de fontes. Cabe, portanto, ao Google, retirar essa informação imediatamente, antes que as pessoas sejam lesadas pela desinformação irresponsável mascarada de "devoção religiosa". Já basta o azar que o "médium" representa, mesmo para as pessoas que mais gostam dele.
Isso tem que acabar.
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